NOSSOS HOBBIES VIRARAM PERFORMANCE?
Como as redes sociais têm influenciado em transformar o que era para nos proporcionar prazer em competitividade e performatividade.
NOSSOS HOBBIES VIRARAM PERFORMANCE?
Como as redes sociais têm influenciado em transformar o que era para nos proporcionar prazer em competitividade e performatividade.
Se antes a competitividade silenciosa ficava limitada ao compartilhamento do pace no Strava e as selfies no espelho da academia – supostamente para inspirarem outros seguidores ou lembrarem conhecidos de irem malhar –, agora isso parece tomar conta de outras atividades que deveriam ser somente lazer ou uma forma de relaxar.
Você deve com certeza seguir algum amigo que atualiza com alta frequência o Letterboxd, dando seu aval entre 1 e 5 estrelas medidoras de qualidade das produções – para quem não conhece, a rede social destinada a reviews, lançada em 2011, ficou ainda mais hypada nos últimos dois anos. Antes vista como um álbum com os filmes assistidos ao longo da vida foi transmutada em um ambiente exibicionista, em que anônimos se comportam como críticos e profundos conhecedores do tema.
Ou, vez e outra, deve ser impactado com “aqui estão as minhas leituras de março” e uma extensa lista de livros – que muitas vezes mais choca do que inspira. Na rede vizinha, o “Book Tok” não pára de aumentar, nos fazendo pensar não apenas sobre o hábito da leitura, mas sobre produtividade e performatividade.
https://www.tiktok.com/@louise.colors/video/7479855986296261890?q=Bobbie%20Goods&t=1743508494798
Até o inofensivo Bobbie Goods, um livro de colorir que se tornou nova obsessão, tinha inicialmente o intuito de ser quase terapêutico, calmante e relaxante; mas logo também entrou no limbo das comparações, onde a técnica se sobrepõe ao seu intuito inicial que era apenas o de desligar um pouco da realidade e fugir do “brain root”.
Com as redes sociais até o mais simples hobby ganha uma conotação competitiva ou que desperta sentimentos como insuficiência. Você também sente isso? Mas, vale ressaltar, hobbies servem como um escape, não uma extensão repleta de cobranças e anseios como na nossa vida profissional e amorosa.