GLOSSÁRIO FFW: JAPONISMO
Explicamos o movimento que questionou o ideal de belo e propoz outras formas de lidar e enxergar a moda.
GLOSSÁRIO FFW: JAPONISMO
Explicamos o movimento que questionou o ideal de belo e propoz outras formas de lidar e enxergar a moda.
O movimento oficialmente formado nos anos 1980 por nomes como Rei Kawakubo, Yohji Yamamoto, Issey Miyake, questiona o ideal de belo, o significado das roupas e propõem outras formas de lidar e enxergar a moda.
Vale lembrar que o deslumbre e o fascínio do ocidente pelo oriente é milenar e segue o movimento não só no high fashion como no streetwear, hoje temos uma nova leva de designers asiáticos influentes, como Junya Watanabe, veterano se compararmos, a Jun Takahashi da Undercover, Nigo e Takahiro Miyashita.
A não cor (onipresença do preto), a poesia, a delicadeza (mesmo que por vezes radical), o ornamento… códigos que continuam a ecoar e influenciar: Dries Van Noten, Jean Paul Gaultier, John Galliano, Marc Jacobs e até mesmo Simone Rocha, entre as mais recentes, beberam dessa fonte tão rica.
O fascínio do ocidente pelo oriente se deu de diferentes formas ao longo da nossa história. Na virada do século 19 para 20, os motivos e as técnicas japonesas passaram a ser cada vez mais incorporadas ao savoir faire europeu: os botões adornados, a seda texturizadas (seda crepe de Chine), os bordados, as aplicações riquíssimas. Charles Frederick-Worth, tido como o pai da alta-costura, foi um dos primeiros a inserir elementos asiáticos ao seu trabalho.
Nos anos 1920, o encantamento do exotismo virou mote do trabalho de Paul Poiret, que misturava elementos art noveau com motivos asiáticos –
na época lança uma família de criações nomeada “Mandarim”. Assim como Jeanne Paquin, que se debruçou em transformar kimonos em capas ornamentais para Ópera. Vionnet, Lanvin, Alix Grès… especialmente mulheres criadoras foram os principais nomes a aderir ao movimento que, a essa altura, misturava técnicas e saberes orientais e ocidentais.
Nos anos 1960, momento de transformação e questionamento, designers asiáticos ao trocarem seus países de nascimento pelo ociente começaram um movimento completamente novo. Hanae Mori [capa do carrossel] foi um dos primeiros, se não o primeiro, nome japonês a desfilar em Nova York, em 1965. Enquanto isso, Kenzo Takada chegava em Paris, em 1970 lançou sua marca homônima e passou a usar tecidos de quimonos para vestidos leves. Se tornou onipresente.
Com caminho aberto por Kenzo, outros nomes começaram a surgir, como Issey Miyake, que estudou a alta-costura em Paris e ao invés de aceitá-la passou a questioná-la e modernizá-la: estampas que imitavam tatuagens, a cultura jovem japonesa e muitos elementos pop do seu país originário.
Na década seguinte desembarcava na capital francesa o nome que fez os termos “japonista” e “japonismo” se popularizarem e se tornarem um grupo e movimento mais marcante, ela mesma: Rei Kawakubo. Rei, uma verdadeira punk, passa a questionar tudo: volumes, silhuetas, o que é belo, proporções, nada passa ileso pelo olhar da criadora.
Não menos radical e tão poético quanto, Yohji Yamamoto propõe paralelamente a Rei um novo ideal de beleza: “Se uma pessoa tem uma única roupa, ela será remendada, ficará exposta ao sol, à chuva, ao tempo… Quero criar roupas com esse tipo de beleza”.
Em 1993, Miyake lança “Pleats Please”, peças plissadas que se tornaram sua assinatura ao mixar ancestralidade e contemporaneidade.
Em 1997, Rei desfila uma de suas mais célebres e influentes coleções “Body Meets Dress, Dress Meets Body”, com uma silhueta extremamente deformada, outras vezes amorfa.