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    O retorno da Pierre Cardin: Rodrigo Basilicati conversa com o FFW

    Presidente e designer da marca, sobrinho-neto de Pierre Cardin conta sobre planos de sustentabilidade, planos para o Brasil e o concurso de jovens designers

    painel de looks da pierre cardin. fotos: agência fotosite / cortesia

    O retorno da Pierre Cardin: Rodrigo Basilicati conversa com o FFW

    Presidente e designer da marca, sobrinho-neto de Pierre Cardin conta sobre planos de sustentabilidade, planos para o Brasil e o concurso de jovens designers

    POR Gabriel Fusari

    Na noite da última terça-feira (09.05) o FFW esteve no Memorial da América Latina para conferir o desfile de Pierre Cardin apresentando um mix da coleção recém desfilada em Paris no mês de março e a nova Cosmocorps.

    Presente no imaginário coletivo do brasileiro durante décadas por causa dos licenciamentos, a marca francesa esteve fora dos holofotes da moda nos últimos 20 anos.

    Ao deixar de desfilar e pela idade avançada do criador homônimo da casa (que morreu em 2020), as coisas tomaram um rumo indesejado. Desde o ano passado, entretanto, elas começaram a mudar.

    Em 2021, Rodrigo Basilicati-Cardin, sobrinho neto de Pierre, assumiu a marca com o objetivo de reviver o design emblemático da casa e atualiza-lo para a nova geração. Antecedendo ao desfile, o FFW encontrou com Rodrigo Cardin no hotel Unique, em São Paulo, para uma conversa sobre os novos rumos da grife, planos no Brasil e sobre o concurso cultural Pierre Cardin Young Designers Contest, que premiou Leticia Porto Viol, da FAAP.  

    Usando um blazer de linho azul sem lapela, de corte futurista, Rodrigo estava desde às 9 da manhã recebendo individualmente os jornalistas junto a uma intérprete de italiano. Enquanto isso, em um mezanino, acontecia a prova de roupas do desfile.

    Durante o papo, ele reforçou um forte desejo de tornar a marca mais sustentável e principalmente sobre nacionalizar produções por meio de licenciamentos, em especial no Brasil.

    Rodrigo Basilicati-Cardin Foto: Gabriel Fusari

    Leia abaixo os principais trechos da entrevista:

    Como é reviver a marca nos dias de hoje?  Percebe alguma dificuldade e desafio?

    Quero focar na moda e no poder midiático que a moda tem para transmitir mensagens fortes. Claro, a moda é pra fazer roupas, mas ela também tem poder de comunicação.  A gente tem um problema agora que não está recebendo tanta atenção quanto deveria, que é a questão do aquecimento do nosso planeta. A gente precisa encontrar todos os meios possíveis de conscientizar as pessoas disso. Eu gosto de transformações, mas algumas são tão lentas que a gente nem vai ver o sucesso. É possível ter uma transformação. Mas é importante que todas as casas de moda e não somente a nossa,  começando com as casas de alta-moda usando matéria-prima ecológica e sustentável. Embora alguns tecidos sejam considerados sustentáveis, se eles forem 50% de tecido de baixo consumo energético e outros 50% não, isso não é o suficiente. Precisam ser 100% sustentáveis. Isso é uma questão de estudos e tecnologias que custam, e custam caro. Seria legal se as grandes marcas pudessem focar no design e a fabricação ser feita por um licenciado que produz e distribui na mesma região.

    Quais os impactos no campo ambiental e social que Pierre Cardin tem planejado em sua nova fase? 

    A Pierre Cardin em Paris é pequenininha como empresa. Essa mudança dentro foi fácil. Agora preciso convencer os licenciados a entrarem no mesmo barco.  O negócio é que o licenciado que não ver isso como uma oportunidade, eu simplesmente posso mudar o licenciado. Não estou querendo ameaçar ninguém, mas de fato… Eu quero acompanhar meus parceiros a fazerem isso. Mas se eles não quiserem me acompanhar, eu falo “Olha, nosso contrato acaba daqui há dois anos, então é melhor a gente seguir por caminhos diferentes”. Não é fácil mudar o fornecimento de tecidos imediatamente. Até pela questão econômica. Mas de acordo com meus cálculos, em 5 anos eu consigo concluir essa parte do projeto. A nível social, eu voltei a viajar. Então eu viajei para ver os licenciados e também conhecer as fábricas. Eu vou visitar algumas fábricas nos próximos dias. Não vou dar pitaco, vou só observar. Será esse fatos que usarei para os próximos licenciados. Por exemplo, para todos os nossos licenciados, é importante ver como eles trabalham. Não apenas com tecidos, mas na situação real deles. 

    Looks da coleção da Pierre Cardin, desfilada em São Paulo

    Em sua nova fase, a Pierre Cardin pretende ter uma presença no Brasil, em especial por venda?

    A linha feminina de licenciamentos nossos quase não existe no mundo. Até hoje a gente faz a linha feminina na maison, na França. Não sei se foi uma questão de Pierre Cardin ter um “ciuminho” da linha e não querer deixar a produção nas mãos de outros.   Então, a gente não deu muitas licenças da linha feminina no mundo. Existem apenas na Itália, no México, recentemente tem na China e a produção acabou de começar, então é nova. São três. Todos fabricam e vendem localmente. Agora que tenho a possibilidade de seguir as linhas de pertinho, eu espero encontrar o licenciado ideal da linha feminina no Brasil. Eu gostaria de fabricar aqui com um licenciado, contanto que siga o nosso desenho. Dificilmente eu traria peças de Paris para vender aqui. Não é ecológico fabricar na França para vender no Brasil.

    Pode falar um pouco sobre o design que Pierre Cardin tem proposto? 

    Pierre Cardin tinha um amor especial pela geometria, em especial pelo círculo. Ele dizia que o círculo era infinito… E isso se remete ao tema do espaço e dos planetas, etc. Para ele era muito importante e pra mim também é muito importante o estudo da curva, além da geometria pura. Então você vai ver no desfile de terça feira que tem muita atenção a linha curva. Eu tenho um amor especial pela arquitetura de Oscar Niemeyer que adotava a linha curva e era uma parada obrigatória pra ele. A gente pode continuar sempre nessa linha, a arquitetura é muito presente, a estrutura não é pequena, mas de grandes formas. Porque essas linhas são visíveis de longe e elas foram pensadas para isso. De longe, é reconhecível. Quando fechado, ele forma uma silhueta que de longe a gente percebe que é, pois ele foi idealizado para isso. 

    Rodrigo Basilicati e Leticia Porto Viol, vencedora do concurso de novos designers da etapa brasileira

    O que você acredita que o consumidor brasileiro mais se identifica com a marca? 

    Geralmente, quem é nosso cliente aqui, é nosso cliente de longa data. Isso eu garanto com a linha de óculos, por exemplo. Sei que tem uma certa tradição, e eu estou fazendo novamente um novo design, o Evolution. Eu to falando isso porque a linha de óculos Evolution eu segui pessoalmente e venho seguindo há 15 anos.  Eu pude desenhar os óculos e venho desenhando eles há muitos anos, inclusive aqueles que irão desfilar na terça-feira. Sabe, os clientes fiéis à marca, eles não estavam muito felizes nos últimos anos. Até mesmo para honrar a fidelidade de nossos clientes, a gente tem que recomeçar a fazer essa linha. Obviamente, os clientes fiéis e históricos, hoje em dia eles estão com 70 anos. E eu não quero apenas agradar esse público. Quero agradar também o público mais jovem. E a forma de fazer isso é encontrando mais visibilidade. Encontrando também os futuros clientes, porque os jovens estudantes um dia talvez serão os novos clientes.

    Qual o objetivo com o concurso Pierre Cardin Young Designers Contest no Brasil e na América Latina? 

    O impacto será midiático no Brasil. Vai fazer com que os jovens comecem a falar dessa velha guarda da moda que retorna, pra eles também. E eu também preciso desses jovens e alunos porque quero respirar no conhecimento deles. Eu espero que no Brasil aconteça como aconteceu com o concurso do México. Que a pessoa que ganhar o primeiro lugar não vá apenas para Paris, mas que também seja contratada pela marca.  No fim, se eu gostar do trabalho dela, mais do que isso, se ela gostar de estar com a gente, eu vou propor de contratá-la. E assim também com os outros ganhadores também. Com certeza iremos somar. Sabe, eu quero encontrar jovens que naturalmente tenham esse espírito Pierre Cardin, e sempre tem alguém que tem esse talento.

    Quais músicos você gostaria de ver vestindo a marca nessa nova fase? 

    Antes dos Beatles, meu tio vestiu Edith Piaf e pouca gente sabe. O famosíssimo decote formando trapézio que ela usou era de nossa maison. Quem mais…? (pensando) Bom, já vestimos os Rolling Stones, mas eles ainda estão vivos. Frequentemente eu vejo grupos de jovens com bandas que pedem para ser vestidos pela marca. Se eles vão ficar famosos, eu não sei. Mas tem um grupo francês que surgiu recentemente chamado L’ Imperatrice em que a vocalista tem uma voz linda e eles são vestidos pela marca. Quem eu poderia querer mais?

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