Qual é o futuro da relojoaria? A “fashion week” do setor responde
Confira cinco destaques imperdíveis da feira suíça Watches & Wonders 2025 e três tendências da relojoaria mundial no evento que dita o ritmo da indústria.
Qual é o futuro da relojoaria? A “fashion week” do setor responde
Confira cinco destaques imperdíveis da feira suíça Watches & Wonders 2025 e três tendências da relojoaria mundial no evento que dita o ritmo da indústria.
Todo mês de abril, Genebra vira o ponto de encontro da alta relojoaria com o Watches & Wonders — tipo uma semana de moda, só que dos relógios. No centro de convenções Palexpo, 60 marcas apresentaram suas novidades entre os dias 1 e 7. A grande novidade foi a estreia oficial da Bvlgari, que até então fazia eventos paralelos no centro da cidade. Agora, entra para o lineup oficial ao lado de nomes como Rolex, Cartier e Patek Philippe, sempre aguardados.
Entre as tendências do mercado, a primeira diz respeito ao preço. “A questão não é: será que existe um relógio caro demais? É mais uma questão de saber se ele é muito caro para o que é”, diz Cyrille Vigneron, presidente de cultura e filantropia da Cartier e presidente da Watches and Wonders Geneva Foundation no Business of Fashion. Colecionadores seguem um grande filão e estão menos preocupados com o preço, e mais com o que o modelo tem a oferecer.
Outra vertente na relojoaria é a dos relógios em formatos não convencionais, os chamados “shaped watches”. Um exemplo é o Sixtie, relógio da Piaget em forma de trapézio inspirado nos anos 60 e modelo feminino baseado no relógio usado por Andy Warhol. Ano passado, a grife lançou a releitura masculina do modelo que o artista tinha.
Para terminar, o esporte deve seguir inspirando muitos dos modelos desejados, com destaque para os inspirados na Fórmula 1.
O evento recebeu mais de 50 mil visitantes, entre eles 6700 revendedores e 1500 jornalistas. Nos quatro primeiros dias, só entra quem é convidado. Já nos três últimos, dá para visitar com ingresso de 70 euros — ou optar por uma experiência completa com tour guiado e almoço no lounge, por 550 euros. A feira também acontece em Xangai, voltada ao público chinês. Um dos destaques desta edição foi da Vacheron Constantin, a manufatura mais antiga da Suíça, que celebrou seus 270 anos com um relógio de ouro branco, 45 mm e nada menos que 41 funções.
Selecionamos 10 destaques que valem ficar de olho.
CARTIER PRIVÉ TANK À GUICHETS
Lembra do Cartier Tank? Neste ano, a marca francesa de relojoaria apresenta sua releitura do Tank à Guichets, modelo criado em 1928, conhecido pelos mostradores oblíquos. A nova edição chega em três versões — platina, ouro rosa e ouro amarelo — todas com produção limitada a 200 unidades. Desde 2016, a linha Privé propõe releituras anuais de formatos históricos da maison, com passagens por modelos como Crash, Tank Cintrée, Tonneau e Cloche.
BVLGARI OCTO FINISSIMO ULTRA TOURBILLON
Estreante no evento, a Bvlgari retoma sua jornada pela relojoaria ultrafina com o Octo Finissimo Ultra Tourbillon, agora coroado como o relógio tourbillon mais fino da história: apenas 1,85 mm de espessura. O modelo celebra dez anos da coleção com um novo feito técnico e visual, ao incorporar um turbilhão esqueleto ao movimento mecânico de corda manual — housed em uma caixa de titânio fosco com estrutura integrada. A arquitetura octogonal, inspirada na Basílica de Maxêncio, continua a traduzir a herança romana da maison sob um olhar contemporâneo.
TUDOR PELAGOS
Com caixa de titânio de 43 mm e resistência à água de até 1000 metros, o novo Pelagos Ultra amplia os horizontes da Tudor na relojoaria de mergulho. O modelo atualizado para este ano, estreia como o mais técnico já produzido pela marca, combinando um novo sistema de ajuste de pulseira, design redesenhado e certificação Master Chronometer pelo METAS. A proposta é levar o Pelagos a um novo patamar, mantendo sua identidade robusta, mas com recursos que o alinham a uma categoria mais elevada. Para os fãs da marca mais atentos, os detalhes atualizados na pulseira revelam o quanto o projeto vai além da superfície.
ROLEX OYSTER PERPETUAL
Uma das marcas mais conhecidas e desejadas de relógios, a Rolex atualizou sua linha de entrada Oyster Perpetual, com novos mostradores em tons pasteis foscos. Quem passou no stand da marca, encontrou modelos em lavanda, na peça de 28mm, bege no de 36 mm e pistache no de 41 mm. Os acabamentos são laqueados e sem brilho, conferindo uma estética mais contemporânea à coleção de entrada da marca. Por dentro, seguem os calibres já conhecidos: o 2232 para o modelo de 28 mm, com 55 horas de reserva de marcha, e o 3230 para os modelos maiores, com até 70 horas de autonomia. A resistência à água continua em 100 metros, e todos os modelos mantêm a certificação de Cronômetro Superlativo.
IWC SCHAFFHAUSEN INGENIEUR AUTOMATIC 40
A IWC Schaffhausen encontrou nas pistas da Fórmula 1 o cenário ideal para apresentar suas novidades. Em parceria com o novo longa estrelado por Brad Pitt, a marca lança uma edição limitada do Ingenieur Automatic 40, inspirada no relógio usado pelo personagem Sonny Hayes no filme. Com mostrador verde texturizado, a peça traz ponteiros e marcadores dourados com Super-LumiNova®, caixa de aço e movimento automático com 120 horas de reserva de marcha. A luneta fixada com cinco parafusos e a pulseira integrada completam o visual técnico, limitado a mil unidades.
PIAGET SIXTY
Modelos não redondos estão entre as tendências, como o Sixtie, da Piaget. O relógio em forma de trapézio é inspirado nos anos 60 e modelo feminino baseado no relógio usado por Andy Warhol. Ano passado, a grife lançou a releitura masculina do modelo que o artista tinha.
CHANEL J12
Enquanto a gente espera a chegada de Matthieu Blazy na Chanel para ver se ele vai trazer uma linha masculina, a gente consegue ter um gostinho de uma Chanel para eles com o J12 Bleu, uma versão toda em cerâmica azul do clássico relógio que, desde 2000, mudou o jogo da relojoaria. Com marcadores de safiras no mesmo tom e resistência de até 200m, o modelo promete ser o melhor amigo do boy Chanel.
Hermès Arceau Rocabar de Rire
Quem fala demais agora não apenas dá bom dia para cavalo, como também pergunta as horas. No novo Arceau Rocabar de Rire, da Hermès, o tempo dá lugar ao olhar cômico — e à arte. Inspirado num lenço da maison criado por Dimitri Ryaltchenko, o relógio traz um cavalo que, ao toque de um botão, coloca a língua para fora contra um fundo de marchetaria em crina de cavalo. Tudo em uma edição limitada a apenas 12 peças. Mais que alta relojoaria, o modelo é um lembrete divertido de que, na Hermès, tempo e tradição podem — e devem — brincar juntos. Afinal, se é pra marcar a hora, que seja com humor, história e um toque de irreverência artesanal.
Van Cleef & Arpels Cadenas
Criado em 1935, o Cadenas da Van Cleef & Arpels nasceu discreto, mas virou símbolo. Agora, ele reaparece em versão ainda mais preciosa, com pulseira de ouro amarelo, caixa coberta por diamantes em cravação de neve e uma fileira de safiras lapidadas com precisão. Parece jóia — e é. Mas também marca as horas, com um mostrador angulado pensado para quem prefere manter o tempo só pra si. Um acessório que continua dizendo muito, mesmo quando a gente decide falar pouco.
TAG Heuer Monaco Split-Seconds F1
A TAG Heuer voltou como cronometrista oficial da Fórmula 1.O novo Mônaco Split-Seconds F1 parece mais um carro de corrida disfarçado de relógio: cerâmica branca, estrutura translúcida, detalhes em vermelho e o famoso “lights out and away we go” cravado no mostrador. O movimento é o TH81-00, de altíssima frequência, capaz de cronometrar até aquela piscadinha que você deu no grid de largada. Só existem 10 unidades, custa CHF 155.000 e chega no fim do ano. Rápido, bonito e barulhento — como tudo que faz sentido nesse esporte.