Principal evento de moda do Brasil, a próxima edição do SPFW terá sua maior edição desde que a semana retomou seu formato presencial. 

Ainda sob o tema In.Pactos, o evento tera como novidade a venda de ingressos para assistir aos desfiles – no fechamento dessa matéria alguns pacotes já estavam esgotados – e a apresentação de quatro novos designers e marcas.  

Conheça cada um deles: 

Lucas Danuello (Greg Joey)

Marca que imprime a cultura LGBT em peças sem gênero de fibras naturais, Greg Joey, do designer Lucas Danuello, fará na SPFW uma volta triunfal pós pandemia. É que a marca aberta em 2019 teve de interromper sua expansão por conta da pandemia, mas agora com ajuda de amigos, como a maquiadora Vanessa Rozan e a produtora Marina Molina, vai retomar seus planos de crescimento.  “Estrear no SPFW é um novo momento para a marca, simbolizando a volta para o mercado”, explica. Ele, que é de Bauru, interior de São Paulo, veio para a capital para estudar moda na Faculdade Santa Marcelina no ano de 2013. Em 2016, se formou e começou a trabalhar em várias marcas até criar a Greg Joey, que tem esse nome inspirado por uma sextape gay que viralizou nos anos 90. 

“Desde a faculdade eu falava sobre a cultura gay, sobre dilemas sociais e familiares, então, a moda que eu faço é pensada num local de experimentação”, comenta Lucas que reitera que tem como compromisso trazer corpos fora do padrão e LGBTs para desfilar suas roupas. “Eu gosto de trabalhar com mulheres e homens trans, homens e mulheres negras e corpos gordos. É muito importante colocar as pessoas que vivem essas narrativas em roupas sofisticadas também”. E bota sofisticadas nisso. As roupas sem gênero de shape oversized e fluidas são feitas em seda, algodão e linho, com uma atenção especial para os acabamentos, em especial nos plissados manuais e pregas. Para sua estreia, ele pretende uma coleção com referências a filmes de terror para ressignificar o ideal de beleza e o conceito de horror. “Vai ser um momento para apresentar uma forte imagem de moda que eu acredito ser uma coisa nova”, conclui. 

Quando foi criada: 2019, em São Paulo

Como comprar: Em breve na Casa Cipó. Alameda Lorena, 1601 – Jardim Paulista, São Paulo

Instagram: @greg.joey

Heloisa Faria

Brechozeira desde que se entende por gente, Heloisa Faria é uma das marcas no line-up da SPFW que tem como foco a moda circular. Apostando em tecidos e aviamentos encontrados durante garimpos, ela busca dar uma história para novas peças, transformando novos itens. “Quem compra a peça sempre gosta de saber da história por trás da criação e esse é o legal de você falar sobre a origem de cada parte da roupa”, comentou. Ela, que já se apresentou no Casa de Criadores, reflete seu pensamento político em seus designs, por meio das cores, da mensagem por trás das peças e pelas fotografias. “Eu deixo bem claro no posicionamento da marca meu ideal pessoal. As coisas acabam se confundindo, então eu conto muito sobre minhas histórias e sobre aquilo que sou fiel e acredito”.  

Quem entra na loja da marca que fica na rua Mateus Grou, encontra peças feitas de algodão, jeans e seda, que ela pretende levar para a SPFW (no formato digital). No andar superior, fica seu atelier, onde recebe clientes de sob medida, que considera ser o principal carro chefe de inclusão da sua marca. “Eu faço muito sob demanda, e é a partir daí que entra  a inclusão de corpos. Eu procuro oferecer nas coleções uma modelagem que veste vários tamanhos, até 3G mas quando é feito sob demanda, consigo ir além, em um prazo ok e com pouca diferenciação de valor da peça da arara”, explica. Nessa coleção que ela desfilará, ela traz um uma perspectiva lúdica sobre a natureza, fazendo referência ao sol em mix de estampas. “A gente vai ver bastante estampa floral, bastante matéria prima natural,  tem algumas emulações de pétalas, volumes que lembram o volume de flor nas roupas. Além disso, a gente apresentará uma estampa exclusiva maravilhosa”, adianta ela.

Quando foi criada: 2010, em São Paulo

Como comprar: R. Mateus Grou, 530 – Pinheiros, São Paulo

Instagram: @heloisafariaatelie 

Maurício Duarte 

Originário de Manaus (AM), o designer Maurício Duarte apresenta sua marca homônima pela primeira vez com um fashion film gravado em seu Estado natal. “Não tinha como eu falar de minhas raízes sem estar nela, não tinha como falar do meu rio sem estar me banhando nas águas dele”, comenta o artista.  Representando um dos novos nomes da moda jovem autoral,  Maurício veio para São Paulo em 2016 para cursar design de moda na tradicional Santa Marcelina e desde então busca representar suas raízes originárias kaixanas em suas peças fluidas e sem gênero. O designer define suas roupas como telas que vestem corpos com afeto, expressando sua cultura por meio de grafismos indígenas e pinturas abstratas em peças feitas de algodão, que são sua marca registrada.  

Nessa nova coleção, Mauricio apresenta em seus trabalhos (em especial agora no SPFW) a xilogravura, resgatando memórias de casa. “Nesse processo eu lembro de meu avô e minha mãe que trabalhavam com bandeiras, é uma retomada de processos de artesanato familiar”, explica o designer.  A coleção é uma ode às águas e igarapés do município onde mora a avó do designer, chamado Manacapuru (AM), que é rodeado de rios gigantescos e é povoado por comunidades indígenas ribeirinhas. “Minha expectativa é que as pessoas entendam a importância do olhar que a gente tem da Amazônia enquanto pertencentes a ela”, conclui.  

Quando foi criada: 2012, em Manaus

Como comprar: R. Eugênio de Medeiros, 142 – Pinheiros, São Paulo

Instagram:  @mauricioduartebrand

Vera Fernandes (Buzina)

Nascida em 2016 com o intuito de “fazer barulho”, a  marca portuguesa Buzina de Vera Fernandes é uma das marcas que expressam romantismo com muita dramaticidade.  Formada em psicologia, Vera mantém seu olhar atento ao exercício mais psicológico de todos: o vestir. A sua ligação com a moda veio de berço, com sua avó materna, que era modelista. No meio dos tecidos, texturas e formas, Vera criava histórias e personagens por meio dos panos. “A minha avó dava-me tecidos para me entreter e brincar. Eu passava as tardes a enrolar novelos, a fazer saias para mim”, recorda ela. Em 2013, após o nascimento de sua filha, ela estreou no mundo da moda com a Meninamanel, uma loja de moda infantil. Com a Buzina, ela pretende vestir mulheres pelos ideais de liberdade, segurança e irreverência, mas sem parar de pensar no meio social e ambiental. “A Buzina é uma marca sustentável, mas é importante que fique claro que isto aconteceu por consequência. Produzo tudo num raio de 11 km, desde a confecção ao fornecedor de tecido. A equipe da Buzina – desde costura a escritório – é constituída por mulheres de todas as idades, dos 20 aos 70 anos.”,  explica Vera. 

Em sua estreia no SPFW, Vera pretende olhar para trás e trazer a atualidade, o brilho, exagero e feminilidade em seus vestidos com pregas, babados e mangas bufantes. “Inspirei-me em nomes da década de 50 que romperam com normas sociais enquanto se enquadraram na pintura de ‘mulher perfeita’ e, um pouco como no novo filme da Barbie que vai estrear, também nesta coleção as nossas bonecas começam a perceber que não têm de se encaixar todas iguais umas às outras. Tudo isto em volumes, formas e tecidos ‘fora da caixa’ como é habitual da Buzina.”, explica.  A partir de novembro, a coleção desfilada na SPFW estará à venda pela primeira vez no Brasil, com exclusividade na multimarcas Pinga.

Quando foi criada: 2016, em Portugal

Como comprar: Pinga – R. da Consolação, 3378 – São Paulo

Instagram: @buzinabrand