Após circular festivais pelo mundo (com muito sucesso), estreou ontem no Brasil o filme Bixa Travesty, de Kiko Goifman e Claudia Priscilla, documentário apresentado no festival de Berlim 2018 e vencedor do prêmio Teddy, dedicado a obras com temática LGBTQIA+. Ele também ganhou prêmios nos festivais de Toronto, Barcelona, Brasília e no Mix Brasil.
O filme captura o corpo político da cantora negra e transexual Linn da Quebrada, que foi aplaudida de pé na sessão do Festival de Brasília.
Linn é a força motriz do filme não apenas como personagem, mas também como roteirista. “Esse filme não é sobre a Linn, é com a Linn. Ela foi determinante na escolha de locações e personagens e também questionava os assuntos”, diz Goifman em entrevista no festival de Berlim.
O doc captura tanto sua esfera pública quanto privada, de forma que vemos tanto sua figura de palco impactante e inusitada, mas também sua batalha pela desconstrução de esteriótipos, sejam eles de gênero, raça ou classe.
O documentário “Bixa travesty” começa com a rapper trans Linn da Quebrada olhando para a câmera e mandando um recado, quase em tom de ameaça, para o patriarcado: “Vamos aprender suas técnicas e aprimorá-las”.
Em entrevista ao Globo, Linn diz: “Antes eu era traveco, agora sou mulher”, definindo-se como bicha, travesti e mulher cisgênero. Ela também revela que, antes de ser Linn, foi Luno e, aos 17 anos, Laura. “Linn da Quebrada vem dos cacos de um espelho que antes refletia um homem”, conta.
Questionado sobre as cenas de nudez explícita na mesma entrevista, Koifman rebate: “Por que não mostrar? O filme vai ficar comercialmente mais viável? Dane-se. A gente não é comercialmente viável”.
Já Claudia destaca a desestrutura de feminino e masculino que as pessoas trans e travestis trazem para a sociedade. “A gente vai ter que repensar o que é mulher e o que é homem a partir das pessoas trans”. Kiko complementa: “Essa tem que ser uma questão geral de direitos humanos.Ela não tem que ser uma coisa de nicho mais. Isso acabou”.
Bixa Travesty já está em cartaz em cinemas espalhados pelo Brasil.