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    O fotógrafo sul-africano Thabiso Sekgala e uma merecida exposição na Hayward Gallery

    Para quem ainda não conhece o trabalho de Thabiso Sekgala, esta matéria tem duas notícias, uma boa e uma ruim.

    A boa é que a Hayward Gallery, em Londres, acaba de abrir uma exposição individual deste jovem fotógrafo sul-africano. Here Is Elsewhere reúne 50 belas fotografias de seis séries diferentes tiradas ao longo de cinco anos na África do Sul, Jordânia e Alemanha. No centro de seu trabalho, está o interesse na politização do espaço como um poderoso instrumento de opressão. Suas fotos refletem sobre poder, lugar e pertencimento, bem como a política da África do Sul no contexto do legado racista do Apartheid.

    A exposição mostra com clareza a forma mais sutil que Thabiso escolheu para mostrar essas questões, nunca através da violência ou do espetáculo, mas como se fosse um observador silencioso e, de certa forma, esperançoso. 

    Thabiso Sekgala / Reprodução

    Thabiso Sekgala / Reprodução

    A má notícia é que sua promissora carreira durou apenas quatro anos. Fotógrafo em ascensão,  vencedor de prêmios importantes e recém aclamado internacionalmente, Thabiso Sekgala tirou sua vida aos 33 anos, em 2014. Mas seu legado, curto porém impactante, se mantém vivo. Ele foi um dos primeiros fotógrafos jovens a documentar a vida da geração nascida livre na então “rainbow nation” (descrição de Desmond Tutu para a África do Sul após a primeira eleição democrática em 1994), olhando para seu país e seu povo com empatia e sem sensacionalismo. Essa geração, também conhecida por “os filhos de Mandela”, pode ser livre, mas sua luta pela igualdade continuou após o apartheid, com muitos sul-africanos desiludidos, continuando a viver na pobreza e vivendo situações de racismo e violência. 

    Sekgala nasceu em Joanesburgo em 1981, mas foi criado por sua avó na zona rural, em KwaNdebele e Bophuthatswana. Essas regiões eram bantustões, áreas de terra reservadas para a população negra da África do Sul pelo regime do apartheid como forma de implementar suas ideologias supremacistas brancas. Ao enviar a população negra para esses territórios alocados, o governo retirou sua cidadania sul-africana e os privou de seus direitos políticos e civis. Quatro dos bantustões da África do Sul foram declarados independentes, mas não eram reconhecidos fora do país. Em 1994, com o fim do apartheid, os bantustões foram abolidos e reanexados ao país. “Crescer na África do Sul rural e urbana influencia meu trabalho. As dualidades desses ambientes informam as histórias que estou contando nas minhas fotografias, envolvendo questões sobre terra, movimentos de pessoas, identidade e noção de lar”, disse o fotógrafo.

    Second Transition / Reprodução

    Second Transition / Reprodução

    Assim, um de seus principais trabalhos é Homeland (2009 – 2011), série que documenta a vida em KwaNdebele e Bophuthatswana. Sua última série, Second Transition (2014) aborda a desigualdade econômica da África do Sul através de retratos da cidade mineira produtora de platina, Rustenburg. O massacre de Marikana, onde 34 mineiros foram baleados e mortos, ocorreu em 2012, perto de onde Sekgala fotografou, mas em suas fotos não vemos violência ou as más condições dos mineiros que trabalham lá.Sua habilidade está em contar uma história em que não vemos o óbvio, mas conseguimos imaginar. Ele observa de longe, silenciosa e respeitosamente. 

    Here is Elsewhere está exposta na Hayward Gallery, em Londres, até 6 de outubro

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