Pode parecer paradoxal, mas é verdade: a grife Dior Homme, braço masculino da Christian Dior, vai lançar em 2010 sua primeira linha totalmente voltada para as meninas. Com o nome de “Petit Tallie” (tamanho pequeno, em francês), a linha começa com apenas um item: um jeans ultra skinny, especialmente confeccionado para o corpo feminino, com spandex para mais flexibilidade e conforto.
O ponto de partida para a microcoleção foram as próprias roupas masculinas, sempre focadas na alfaiataria clássica, mas com modelagem contemporânea e silhueta mais próxima ao corpo. As calças da linha feminina vêm sempre na mesma modelagem, variando apenas no tipo de lavagem – de versões quase totalmente lavadas até o índigo natural ou então preto.
Fato curioso: não é de hoje que as mulheres mostram interesse pelas roupas da Dior Homme. Desde que Hedi Slimane assumiu a direção criativa da marca, ajustando a silhueta dos looks e vestindo seus modelos andróginos em calças ultra skinny, meninas adeptas dos elementos masculinos em seus guarda-roupas viram ali uma ótima oportunidade de incrementar os looks.
Agora, sob comando do belga Kris Van Assche, a Dior Homme continua fazendo sucesso com o público feminino numa época onde elementos masculinos não raramente invadem o guarda-roupa das mulheres, e vice-versa.
Pra quem gosta de moda, isso é algo muito comum: emprestar elementos do sexo oposto pra montar um look. Essa transgressão de gêneros, que também pode ser interpretada como um rompimento dos limites entre os sexos, aponta para uma retomada de valores sócio-culturais que haviam sido deixados de lado. Olhando pra trás, busque inspiração em Chanel, Yves Saint Laurent, nos hippies e em toda a geração oitentista que mixava homem e mulher num único corpo. Aparentemente, estamos passando por um revivalismo da hibridização de gêneros. E a moda, como sempre, reflete o comportamento da sociedade.