Felipe Oliveira Baptista em conversa com o FFW ©Ricardo Toscani/FFW
O diretor criativo da Lacoste, o português Felipe Oliveira Baptista, 37, está em São Paulo para uma série de eventos. A princípio, sua vinda estava conectada com a abertura da loja da Lacoste no shopping JK, mas como o espaço está sem previsão de abertura, a marca otimizou sua primeira visita oficial ao país para divulgar sua nova coleção, desfilada na semana de moda de Nova York.
A galeria Ziper, nos Jardins, é o lugar escolhido para essa apresentação para imprensa e convidados e foi também onde ele conversou o FFW.
O designer português está habituado a uma vida agitada. Além de cuidar dos seus dois filhos e da Lacoste, Felipe ainda dá total atenção à sua marca homônima, que desfila no calendário de Paris. Nomeado diretor criativo da Lacoste em 2010, ele substituiu o francês Christophe Lemaire, que migrou para a Hermès. Com um curriculum aprimorado – Felipe venceu o festival d’Hyères em 2002 e trabalhou na Maxmara, na Cerruti e com o próprio Lemaire – ainda assim a nomeação de Felipe chegou de surpresa. Segundo a marca, de uma seleção de designers, Felipe foi quem apresentou a proposta que mais se relacionava com o que a Lacoste queria para o seu futuro: rejuvenescimento e uma interpretação contemporânea.
Em sua mais recente coleção para a marca de sportswear, apresentada em fevereiro deste ano em Nova York, Felipe surpreendeu a mídia especializada: vasculhando os arquivos da marca, o designer encontrou fotografias da equipe francesa de esqui usando uniformes Lacoste na década de 60 e encontrou aí sua inspiração. Os pilares da marca, fundada em 1933 pelo jogador de tênis francês René Lacoste, juntamente com os traços modernos e urbanos de Felipe, resultaram em uma união equilibrada entre a tradição e a modernidade.
Um exemplo da “interpretação contemporânea” dada por Felipe à Lacoste ©Ricardo Toscani/FFW
Muito simpático e atencioso, Felipe estava visivelmente cansado. Chegou na terça-feira (24.04) ao Brasil, e já volta na quinta-feira (26.04) para Paris. Leia abaixo nossa conversa com o estilista:
Como consegue conciliar todos os seus trabalhos com família e viagens?
Muita organização (risos). Parece um bocado clichê mas é isso mesmo, conseguir ter as duas equipas nas duas marcas, organizadas de maneira que eu possa trabalhar, dar inputs e as coisas irem avançando. Por outro lado, o fato de eu fazer tantas coisas ao mesmo tempo, também estimula bastante criativamente. Há sempre prós e contras.
Com tantos endereços – Paris, Nova York e Portugal – onde procura inspirações?
Por todo o lado. Sempre que estou em viagem, olho para tudo e tento fazer pesquisa. Ontem quando cheguei, já fui a galerias de arte brasileira, Sempre que posso conciliar um bocadinho dou uma escapada a um museu, a um mercado… é sempre bom.
O que levou da sua individualidade para a Lacoste?
Quando cheguei à Lacoste, o objetivo era sair da ideia de ser só esportivo e só roupa estilo country club. A ideia era dar uma camada mais urbana, algo que possa ser usado todos os dias da semana. Talvez com um bocadinho mais de body contours, mais sensual, mas sem perder o lado esportivo. Depois tem a minha sensibilidade. A maneira como trato as roupas também migra um pouco de uma marca para a outra.
Novos cortes e proporções na Lacoste ©Ricardo Toscani/FFW
Como você atualiza os ícones da Lacoste?
Há alguns elementos que precisamos sempre usar, mas com a ideia de dar uma nova linguagem. Novos cortes, novas proporções, temos peças em piquê, que é uma referência bastante tradicional, mas utilizamos uma versão mais sensual, piquês em seda, em viscose. Tentamos criar coisas que as pessoas olhem, percebam que é novo, mas sabem que é Lacoste.
O que o Brasil significa para a Lacoste no momento?
O Brasil é um dos mercados mais importantes para a Lacoste. É uma marca que é facilmente identificável com o Brasil porque tem um lado easy-going, muito sportswear, mas que valoriza o corpo. É um casamento lógico, Brasil e Lacoste, espero que dê bons resultados.