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    De marca conceitual à moda praia exportação: Marcella Franklin fala sobre a trajetória da Haight
    Campanha da coleção de Verão 19 / Cortesia
    De marca conceitual à moda praia exportação: Marcella Franklin fala sobre a trajetória da Haight
    POR Camila Yahn

    Desde sempre Marcella Franklin soube que iria trabalhar com moda. Ela só não imaginava que teria uma marca própria e ainda de beachwear. Marcella é dona da Haight, marca carioca que tem conquistado cada vez mais adeptos a uma moda praia mais minimalista e conceitual, com peças que podem ser usadas muito além da praia.

    Há exatos dois anos, a gente falou da marca, mas muito aconteceu de lá pra cá. De iniciante e com cara de experimental, a Haight hoje vende em quase 30 pontos no Brasil e em alguns pontos premium fora do país.

    Formada em design gráfico, Marcella alimentava sua paixão por moda colecionando revistas, garimpando em brechós e até usando a costureira da avó para fazer peças que ela queria, mas não encontrava no mercado. E foi assim que tudo começou: ela fazia roupas em casa, usava na faculdade, as amigas perguntavam de onde era e encomendavam. “Sempre fui muito interessada pela história do design, da indumentária, me encantam as vestimentas de décadas passadas e sou fissurada por peças vintage. Sempre fuxiquei os melhores brechós por onde quer que eu passasse”, conta ao FFW.

    As três paixões de Marcella – a moda, a praia e o vintage – resultaram na Haight, que ela lançou por força do destino – lutou contra a ideia de ter uma marca própria até onde deu! Abaixo, ela relembra histórias, o início improvável da marca e conta as reviravoltas que deu até chegar onde está hoje:

    Marcella Franklin / Cortesia

    Marcella Franklin / Cortesia

    Qual foi a sua primeira coleção da vida?

    Na primeira coleção comecei a fazer hotpants. Comecei a fazer pecas pra mim, minhas amigas começaram a querer também. Sempre gostei. Eu visitava os brechós e trazia de viagem para usar na praia aqui.

    E quando você descobriu que entre tantos caminhos, queria seguir com a moda praia?

    Fui estilista de uma marca (Auslander) que trabalhava em várias linhas diferentes, mas não fazia praia. Eu acabei fazendo algumas peças para um dos desfile e foi aí que descobri que era isso o que eu queria.

    Quando saiu da Auslander já abriu a Haight?

    Não! Fiquei sem saber pra onde ir ou o que queria fazer. Eu estava animada com uma coleção que tinha desenhado pro desfile seguinte, quase toda de praia, e falei: quer saber? Vou produzir essa coleçãozinha enquanto penso no que fazer da vida.

    E deu certo?

    Na mesma época, a multimarcas Void tava abrindo sua primeira loja no Rio e me chamou pra fazer curadoria das marcas femininas. E numa reunião eu estava com umas peças piloto e eles amaram. Quiseram colocar na loja porque achavam diferente. E eu falei: “não sei se tem gente que vai querer comprar, é roupa mais de passarela”. Também não queria botar pra vender na loja sem marca, sem nome nenhum, mas eles insistiram tanto que eu topei e falei que a gente tinha que explicar pro cliente que aquela linha não teria continuação, etc.

     Por que você não considerava ter uma marca sua?

    Porque sabia o tamanho do desafio que é empreender no mercado brasileiro, e principalmente no carioca.

    E deu certo a venda na Void?

    Vendeu tudo! Eu tinha um amigo de infância que sempre dizia que se um dia eu tivesse uma marca, ele seria meu sócio. Ele queria investir e me encorajou a seguir em frente. Daí fiz mais uma coleção que também não tinha nome, e foi super bem de novo. E começamos dessa forma.

     

    Maiô bicolor da Haight / Pedro Perdigão

    Maiô bicolor da Haight / Pedro Perdigão

    Quando nasceu a Haight?

    Fui lançar uma primeira coleção como marca em 2014. Escolhi o nome Laut (mar no idioma da Indonésia), mandei rodar a etiqueta e tudo. Três dias antes do lançamento, descobri que tinha uma marca brasileira com esse nome. Foi uma confusão, mandei parar tudo. E nesses dias, uma amiga minha que tinha voltado de São Francisco contou que foi numa rua chamada Haight, que nos anos 70 foi berço do movimento hippie. Ela era frequentada por artistas independentes e conhecida por objetos e peças improváveis. A Janes Joplin teve casa na Haight, a loja da Vivienne Westwood também era lá. E foi assim. Lançamos na sala de estar de uma multimarcas que tinha no Botafogo.

    E depois disso a marca deslanchou?

    Os pontos de venda foram procurando a gente e fomos crescendo. Daí fui fazer tudo direito, desenvolver o conceito da marca, pensar nos diferenciais…

    E quais são os diferenciais da Haight?

    A Haight é atemporal, global, tem uma cartela de cor que não te prende a uma tendência. A gente é o oposto do estereótipo beachwear. Penso numa diversidade de uso, para situações e ambientes diferentes, com o comportamento da carioca de transitar por um lugar para o outro. São peças que percorrem movimentos diferentes e não fica só no mar.

    Você criou uma marca de praia minimalista e trabalha com uma combinação enxuta e bem bonita de cor.

    Sim, usamos cores mais sóbrias. O mais legal no processo criativo é misturar opostos numa peça. Trago referências de corte vIntage, mas num material super tecnológico, como uma lycra com proteção UV e fio biodegradável. Ou faço uma releitura contemporânea de uma peça vintage. A cada coleção a gente propõe um material novo, como tricô, nylon e uma malha crepe, que deixa as peças de praia mais estruturadas e modelam mais o corpo. Visualmente parece um tecido plano, mas é uma lycra.

    Bom dia com Naomi usando @haight_clothing na @voguebrasil 🙌💁

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    Hoje vocês têm quantos pontos?

    No Brasil entre 25 e 30.

    Vocês estão exportando também, certo?

    Sim, faz um ano. Logo na primeira coleção conseguimos vários pontos super legais, como Net a Porter, Matches, Bergdorf Goodman.

    Como foi esse passo pra exportação?

    Quando a Haight estava na segunda coleção, uma representante de um showroom em NY achou a marca pelo Instagram e mandou uma mensagem dizendo que queria representar a gente lá fora. Mas eu não tinha a menor condição de me comprometer com o mercado internacional. Eu fazia tudo sozinha com uma estagiária, nunca era a prioridade do fornecedor, era tudo muito incerto. E ela pediu para eu procura-la quando eu me estruturasse. Em 2016 contratei uma pessoa pro financeiro, 2017 outra pro comercial. Foi meio no susto. Começamos a exportar em abril do ano passado.

    E como você sentiu o mercado internacional?

    Se você não tiver pedido na primeira coleção é normal. Os compradores veem que você está se estabelecendo e esperam um pouco para ver como você se desenvolve. E na terceira coleção pensam em comprar. Eu faço três coleções para exportação: Resort, Spring e High Summer.

    E no Brasil?

    Duas por ano. Verão, que lança no final de julho e vai até dezembro, e Inverno, que entra final de fevereiro e vai até junto.

    Foto: Pedro Perdigão

    Foto: Pedro Perdigão

    Quantas peças você faz por coleção?

    160 sku (stock keeping unit, código numérico usado para identificar um produto). Juntando os modelos com as opções de cor, temos 160 peças.

    Quantas pessoas você tem trabalhando hoje?

    Nove pessoas – o dobro do ano passado. Eu no estilo com mais duas, uma comercial, uma no financeiro, uma assistente de financeiro, uma pessoa de marketing, uma de compras e nosso vendedor do showroom.

    Vocês ainda não tem loja. Pensa em abrir uma?

    Queremos abrir este ano no Rio, em novembro, mas ainda não está confirmado. Eu me preocupo bastante com o posicionamento e a sintonia entre ponto de venda e o produto. No site, 40% das nossas vendas são de São Paulo, então visamos abrir uma loja em SP mais pra frente. Queremos ter loja nas principais capitais.

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