Looks 1960s de Pierre Cardin ©Reprodução
O foco no corte, na forma e nas superfícies texturizadas deste verão 2011 recolocou os anos 1960 no centro das atenções. Para entender melhor o movimento, é preciso embarcar numa breve viagem no túnel do tempo: pegando carona na Guerra Fria _que teve como efeito colateral a Corrida Espacial_ estilistas como André Courrèges, Paco Rabanne e Pierre Cardin romperam paradigmas, viajaram para o espaço sideral, imaginaram como seria o homem do século 21 e, com isso tudo, revolucionaram a moda.
O mestre Yves Saint Laurent afirmou na época: “A moda nunca mais será a mesma depois de André Courrèges”. E de fato não foi. Aliás, depois de Courrèges e principalmente de Pierre Cardin que, em 1959, escandalizou a indústria ao introduzir a primeira coleção de prêt-à-porter. A ousadia resultou na sua expulsão da Chambre syndicale de la haute couture, mas abriu os caminhos para a moda como a conhecemos hoje.
Os vestidos 1960s de corte quadradão, caimento afastado do corpo, com todo tipo de recortes circulares e mangas orbitais sobre os braços eram ícones não só da Space Age, como também da explosão da cultura jovem. Capacetes aviadores, minissaias, meias-calças coloridas e a inovação dos tecidos sintéticos expressavam o fascínio pela vida no espaço e por todas as possibilidades que as novas tecnologias prometiam para vida na Terra.
Looks de Pierre Cardin ©Reprodução
Roupas em forma de protesto. Emancipação feminina que vinha traduzida no corte prático e nos tecidos funcionais, possibilitando as mulheres irem trabalhar, almoçar, jantar, dirigir, cuidar da casa e tudo mais que fosse necessário. Liberdade _de movimento, de ideais, de sexualidade (foi nos anos 60 que a moda unissex também começou a ganhar força).
Quarenta anos depois, o século 21 chegou e continuamos em busca do futuro. A ironia é olhar para trás, para os anos 60, em busca do amanhã: afinal os mesmos conceitos de liberdade de movimento, conforto e praticidade continuam em voga. Menos futurismo e mais funcionalidade. É assim que os anos 60 reaparecem _reinterpretados_ nesta temporada.
Da esquerda para a direita, de cima para baixo: Reinaldo Lourenço, Priscilla Darolt, Alexandre Herchcovitch, Forum e Gloria Coelho verão 2011 ©Agência Fotosite
Traduzido nas formas aerodinâmicas de Reinaldo Lourenço, na aparente simplicidade expressionista das cores de Alexandre Herchcovitch ou na exploração têxtil de Priscilla Darolt. Cortes simples, formas retas e pureza de design que remetem às criações de Courrèges, Cardin e Rabanne.