Londres ferve. Um dos principais expoentes da indústria mundial, a moda made in UK vem trazendo ao público todos os anos novos designers com olhar de vanguarda e fôlego jovem, que rapidamente conquistam clientes e editores. A cidade é berço de ações e premiações que aquecem o mercado todos os anos: o British Fashion Council, uma das entidades de moda mais importantes do mundo, tem sua premiação para estilistas britânicos em parceria com a revista “Vogue UK“; a rede de fast fashion Topshop escolhe vencedores em parceria com a organização Fashion East, que desenham e vendem coleções com o apoio da marca. A própria realeza britânica possui uma homenagem especial para os estilistas que são destaque no Reino Unido: Stella McCartney e Sarah Burton, da Alexander McQueen, já foram condecoradas com medalhas da ordem do império britânico por serviços prestados à indústria da moda.
Entre as marcas e os estilistas, nunca se falou tanto no digital. Não à toa, Londres é terra natal das mais importantes plataformas de compra de moda high end online, caso do Net-a-porter e da Farfetch. Em outubro passado, em passagem pelo Brasil para o lançamento de coleção com a C&A, o estilista Matthew Williamson, uma das estrelas do calendário londrino, contou ao FFW o porquê da decisão de parar de fazer desfiles. “Não desfilamos em setembro e foi a primeira vez que o fizemos. Podemos continuar sem os desfiles porque nosso cliente está migrando para o online.”
+ Leia a entrevista de Matthew Williamson para o FFW
Williamson não está sozinho. A cidade tem passado por inúmeras e importantes transformações recentemente, refletidas no calendário da London Fashion Week. Nos últimos dias, Tomas Tait, também importante nome do cenário britânico, anunciou que deixará de fazer desfiles já a partir da próxima temporada; ele migra as atividades para Paris, onde passa a apresentar novas coleções para clientes e imprensa apenas com horário marcado, em clima intimista. Completando a onda de desfalques no calendário britânico, Jonathan Saunders anunciou que vai fechar sua marca. A notícia pegou o mundo da moda de surpresa, já que a marca que carrega o nome do estilista existe há mais de 10 anos e também foi um case de sucesso. Em 2012, Jonathan foi o grande vencedor do prêmio do British Fashion Council.
+ Jonathan Saunders anuncia fim de sua marca homônima
Em contrapartida à evasão de nomes importantes da semana de moda londrina, outros estreiam ou retornam à cidade para a próxima temporada. Sarah Burton traz a Alexander McQueen de volta a Londres após mais de 13 anos sem desfilar na cidade. O próprio McQueen transferiu as apresentações de sua marca para Paris em 2002. Ainda que em caráter temporário, (a grife anunciou que a mudança durará apenas uma temporada, voltando logo após para Paris), a volta da McQueen para sua terra natal promete causar frisson na próxima London Fashion Week, que acontece em fevereiro de 2016. Em paralelo, a Mulberry, que não desfila desde 2013, volta a se apresentar em Londres depois do vácuo causado pela demissão de Emma Hill, então diretora criativa da marca.
A designer de sapatos e acessórios Charlotte Olympia aproveita a próxima temporada para fazer o primeiro desfile da história de sua marca. Até então, as novas coleções eram apresentadas em showrooms e jantares promovidos por Charlotte. A apresentação acontece no dia (19.02), e é parte do calendário oficial.
Também vale ficar de olho nos novos estilistas que vão integrar o calendário britânico em fevereiro. A Fashion East, organização sem fins lucrativos que atua em conjunto com a Topshop para apresentar três novos designers de moda feminina e três de moda masculina, anunciou os escolhidos para a próxima edição. Caitlin Price e Richard Malone, que já haviam desfilado antes por meio do projeto, se unem a Mimi Wade e A.V. Robertson, fato inédito na história da Fashion East. “O processo de seleção estava ficando impossível até que Mandi Lennard, membro do júri, sugeriu que que premiássemos quatro designers ao invés de três.”, disse ao WWD a fundadora do projeto, Lulu Kennedy.