Rihanna fotografada por Terry Richardson ©Reprodução
A cantora Rihanna apresentou no sábado (16.02) sua coleção em parceria com a marca inglesa River Island na semana de moda de Londres. Na primeira fila, as modelos Cara Delevingne e Jourdan Dunn aplaudiram a estreia da cantora como “designer”. Mas talvez tenham sido as únicas. O show, realizado em um posto de correios fora de uso na New Oxford Street, mostrou 120 looks ao estilo da estrela, ao som de músicas com letras que mal podem ser publicadas. Barrigas de fora, fendas, vestidos mullet, grunge dos anos 90 com camisas amarradas na cintura… No final do show, Rihanna apareceu rapidamente e agradeceu ao público acompanhada pelo seu figurinista e co-criador da coleção, Adam Selman.
Rihanna não é a primeira celebridade a brincar de estilista. Victoria Beckham, por exemplo, é uma das “celebridades que viraram designers” que deu certo. O rapper Kanye West também já desfilou a sua marca homônima em Paris e foi até parabenizado pela ex-editora da “Vogue” francesa, Carine Roitfeld. Já Rihanna recebeu críticas negativas de vários membros da imprensa.
A campanha da parceria entre a cantora e a River Island ©Reprodução
Tom Sykes, do “The Daily Beast”, definiu o desfile de Rihanna como um “horror show” (show de horrores), roçando o pornográfico. Criticou o exagero de umbigos de fora e escreveu que as roupas eram “horrorosas, sem nenhum senso de estilo”; Rebecca Adams, do “The Huffington Post”, escreveu que roupas que mostram os mamilos, fendas que mostram a virilha e tops iguais a sutiãs não são exatamente as roupas que uma menina estilosa quer usar em uma noite na cidade. O “The New York Times” foi mais brando em sua análise, questionando apenas as expectativas em relação à coleção. “As roupas eram justas, mostravam muita pele e tinham elementos transparentes (estavam esperando alguma sutileza?)”, diz o artigo. E não foram só críticas às roupas apresentadas. Aliás, esse pode ser o menor dos problemas. Aquilo que realmente doeu aos críticos foi o fato do conselho de moda britânico ter autorizado uma estrela pop a roubar a atenção (e o espaço) de designers reais que trabalham durante anos esperando uma oportunidade de brilhar na London Fashion Week.
O designer Giles Deacon disse ao “The New York Times” que seria um perigo a agenda e os talentos da LFW serem comprometidos só porque uma marca de varejo deseja ter alguma visibilidade. “O conselho de moda britânico afirmou que Rihanna não fazia parte do line-up oficial do evento ao mesmo tempo que o incluiu em sua agenda oficial e o divulgou em seus mails”, escreve Sykes. “O desfile foi visto como uma manobra do BFC [British Fashion Council], prova de que Londres chegou finalmente ao mapa comercial”, acrescenta.
No final, Sykes deixa o questionamento: “A Rihanna é uma cantora fantástica com um talento para a publicidade, mas ela alguma vez desenhou com giz em um pedaço de tecido? Trabalhou uma estampa? Ficou um ou quatro anos na escola Saint Martins?”.
Para Rihanna, talvez pouco importe. A cantora concluiu o seu “trabalho” e voltou para casa com US$ 1,2 milhão a mais (aproximadamente R$ 2,3 milhões), de acordo com a imprensa britânica. A campanha da parceria, fotografada por Mario Sorrenti e quase tão criticada quanto a coleção em si, já foi divulgada e as peças chegam às lojas e ao e-commerce da marca (que entrega no mundo inteiro) no dia 5 de março. A cantora anunciou nesta quarta (20.02) uma parceria com a marca de cosméticos M.A.C, que vai incluir o batom RiRi Woo, a sua versão do famoso Ruby Woo.
Abaixo você pode ver o vídeo do desfile e, enfim, tirar as próprias conclusões: