No segundo post da série Desfiles Icônicos, escolhemos um dos (muitos) shows inesquecíveis de Alexander McQueen, Deliverance, mostrado na temporada de Verão 2004.
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O desfile aconteceu no Salle Wagram, um salão de dança construído no século 19 em Paris (e habitual locação de desfiles) e mostrava as modelos ora dançando, ora desajeitadas, meio caindo nos braços dos dançarinos. O que, primeiramente, parecia ser uma celebração do glamour dos salões de baile, na verdade era inspirado no filme They Shoot Horses, Don’t They?, de Sydney Pollack. O longa se passa nos Estados Unidos durante a Grande Depressão nos anos 30, quando a população sofria com o desemprego até que novas e inusitadas oportunidades apareceram, como os concursos de dança que testavam ao extremo a resistência dos competidores em troca de comida, roupas e uns trocados.
Basta assistir ao trailer abaixo para imediatamente ver as referências bem claras no desfile, da cenografia ao comportamento das modelos, como elas foram coreografadas e até nas roupas.
Quem coreografou Deliverance foi o super coreógrafo escocês Michael Clarke, na época amigo de Alexander McQueen e já um dançarino bem conhecido – os dois se conheceram em um evento do artista Damien Hirst nos anos 90.
Os ensaios duraram duas semanas e envolveram bailarinos e modelos como Isabeli Fontana, Jessica Stam, Lilly Cole, Erin Wasson e Karen Elson, que se destacou no desfile, chegando a exaustão total ao final do show, assim como os personagens do filme. “Michael Clarke chegou pra mim e disse: ‘vai lá e apenas sinta. Sinta que está numa maratona de dança, que você está dançando há dias e está exausta”, conta em uma entrevista ao Show Studio.
Seu primeiro look, para o início da maratona, era um longo de paetês super glamouroso. Já o próximo, um look floral mais apagado e fluído, simbolizava o momento que ela deveria estar exausta, quase delirando. “É a minha mais incrível experiência em um desfiles, em toda a minha vida”.
Frenesi x melancolia, alegria x exaustão, o desfile brincou com opostos o tempo todo, levando o público a picos de ânimo e agonia, assim como acontece no filme de Pollack. “Ele era esse cara que não só mostrava roupas, mas colocava emoção na passarela”, diz seu primeiro assistente, Sebastian Pons. E foi dessa forma que McQueen fez história.