Por Juliana Lopes, de Milão para o FFW
Para quem quer a notícia em uma frase: os estilistas Dolce e Gabbana vão vender, na própria boutique, coleções de novos estilistas. FFW foi ao lançamento do projeto, que faz parte da programação paralela da Semana de Moda de Milão, e conta a história…
Projeto SPIGA2, da Dolce & Gabbana, recruta novos designers em loja no centro do luxo em Milão ©Juliana Lopes
Vasculhando o passado, Stefano Gabbana e Domenico Dolce relembraram de como era difícil começar a vender as próprias roupas quando ainda eram muito jovens e desejavam estrear no mercado. Há mais ou menos um ano, tiveram a seguinte ideia: criar uma empreitada para promover novos estilistas, italianos e de fora. Essa é a versão oficial da marca, que convidou o FFW para conhecer a inauguração do Spiga2.
O nome vem do endereço de uma das mais importantes lojas da Dolce & Gabbana no mundo: Via della Spiga, número 2. Essa simpática e estreita rua não é apenas uma rua, é uma das artérias do roteiro do luxo de Milão. Fica localizadíssima na zona Montenapoleone. É para onde os maiores consumidores de moda do mundo vão, quando pisam o pé na cidade em busca de labels. Saem de lá carregados de sacolas Prada, Hermès, Chanel, Louis Vitton, Dolce&Gabbana e outras grifes de ouro.
Designers que até pouco vendiam suas roupas em feiras, lojas desconhecidas, armazenadas em algum estúdio apertado ou mesmo em casa, agora vão vender ali, na via della Spiga. “É como se fosse um multimarcas, mas o contato com os designers é mais profundo”, comenta Andrea Caravita, assessor de imprensa do projeto.
Corners e araras abrigam as criações de novos estilistas no projeto SPIGA2 ©Juliana Lopes
“Profundo” porque Dolce e Gabbana sentem que se envolveram na escolha das marcas como se fossem curadores de arte. Equipes de trendsetters olheiros saíram em semanas de moda, design e eventos em vários cantos do planeta. Voltaram para Milão com uma lista do que acharam mais impactante e, obviamente, produtivo.
A dupla de italianos escolheu as coleções preferidas, conheceu os designers e aprovou os primeiros nomes. Cada leva de estilistas vai ficar seis meses no Spiga2. No espaço da loja, cada um tem a sua arara, tudo devidamente etiquetado_ e na porta de vidro, os nomes de todos escritos.
DJ no lançamento do projeto SPIGA2, da Dolce & Gabbana ©Juliana Lopes
“Você percebeu como está tudo diferente agora?”, me pergunta Andrea. Percebo. Mas que adjetivo usar pra falar de como era a loja de Dolce & Gabbana na Via della Spiga sem repetir a palavra “chic”? Suntuosa? “Exato, agora estamos numa outra atmosfera!”, diz Andrea, que não deve ter 30 anos. Ou não parece. O DJ toca eletrônicas suaves e o prosecco gira perto do bar, mas o clima, pelo menos ao meio-dia, era mais de business que de festa. Cada designer ficava perto da própria arara pronto a explicar a coleção. Entre os países representados: Austrália, França, Israel, Inglaterra, Suécia, Itália, Turquia e Irã.
FFW foi convidado a conhecer a descendente de italianos Elisa Palomino. “Acho que não sou parente da jornalista brasileira, mas tanta gente já me perguntou isso que fiquei curiosa”, diz, poucos segundos depois de ser apresentada. Elisa acabou de estrear na Semana de Moda de Nova York. Tem um trabalho romântico, adora mulheres do século retrasado, Belle Époque, flores, estilo Liberty, cor-de-rosa.
A estilista Elisa Palomino é uma das convidadas da Dolce & Gabbana no projeto SPIGA2 ©Juliana Lopes
Foi um dos nomes escolhidos para o evento Who’s on the Next, promovido pela Vogue Itália para lançar novos nomes. Participou do On Stage, uma apresentação de desfiles coletivos durante a feira de matéria-prima Milano Única. Está satisfeita com o (até agora) maior passaporte para o comércio de moda. Suas roupas, como as de outros, são circundadas de bolsas e sapatos cintilantes da Dolce & Gabbana, que, ali, no segundo andar, continuam a vender_ só _acessórios. A presença dos produtos dos “padrinhos” , em torno, parecia não incomodar.