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    Mostra de Claudia Guimarães revê fotos que marcaram a geração 90
    Mostra de Claudia Guimarães revê fotos que marcaram a geração 90
    POR Augusto Mariotti

    Por Camila Novaes, em colaboração para o FFW

    ©Claudia Guimarães

    “14 fotografias” é o nome da primeira exposição individual de Claudia Guimarães, que acontece na Galeria Mezanino até o dia 23/12.

    As fotos expostas são todas de cunho pessoal, parte de uma coleção intitulada “Diary”. Expressam a realidade de Claudia e quem e o que em seu mundo ela viu e teve vontade de guardar.

    Claudia começou sua carreira no início dos anos 90 espelhando a alma da cena jovem noturna de SP e Rio em fotos publicadas na coluna Noite Ilustrada, que a jornalista Erika Palomino assinava na “Folha de S.Paulo”. Com cliques espontâneos e verdadeiros que ela acumulou de noitada a noitada, de boate em boate, protagonizados por pessoas muito interessantes e do cenário da época, Claudia ganhou dois prêmios de fotojornalismo concedidos pela FUNARTE (Fundação Nacional de Arte).

    Seu próximo passo foi em direção à moda. Com a bagagem que adquiriu documentando a cultura jovem de uma geração criativa e de um cenário novo, cada vez mais cheio de informação de moda, Claudia entrou para o universo dos editoriais, das campanhas e da publicidade.

    Em entrevista ao FFW, Claudia conta sobre o processo todo da exposição, desde como surgiu a ideia até a escolha das fotos com a curadoria de Renato de Cara (dono da Mezanino), além de falar sobre sua trajetória, vida noturna , fotografia de moda no Brasil e seus planos para o  futuro.

    ©Claudia Guimarães

    Como começou o processo da sua exposição?

    Começou de repente com uma conversa com o Renato de Cara. Ele ia ficar com a galeria vaga depois de uma feira de arte e a gente decidiu de última hora fazer a exposição.

    Como você selecionou os trabalhos para a mostra? Há um critério que unifica as fotografias que vão desde um cão de pelúcia usando uma peruca até drag queens, passando por um autorretrato com uma máscara do Mickey?

    Foi uma loucura, eu fiquei um pouco distante dessa escolha, tenho milhares de fotos, então foi o Renato que selecionou. Nós já vínhamos conversando durante o ano, eu mostrei para ele meu trabalho de moda, e começamos então a separar o trabalho de moda do trabalho de noite, o trabalho jornalístico do trabalho mais pessoal. Foi difícil, e por fim selecionamos por um critério de cor e por um critério lúdico: uma foto tem a ver com a outra no sentido de que elas contam uma mini-historinha, um mini diário. São muitas fotos e não tem como criar uma unidade, contar uma história tão grande em um espaço pequeno. São imagens pessoais do final dos anos 90 até a metade dos anos 2000.

    Você se formou em Artes Plásticas e depois estudou fotografia em Paris, como foi parar na Noite Ilustrada?

    Comecei a entrar na fotografia quando voltei da França e fui trabalhar como assistente do Eduardo Brandão, hoje dono da galeria Vermelho que na época era editor da revista da Folha. O Eduardo foi mais ou menos o meu orientador, eu trabalhava e estudava, não tinha muito tempo para fotografar e como eu saía muito à noite ele me sugeriu que eu fosse fotografando o meu redor e eu comecei a fotografar muito a noite, as boates que eu ia, etc. Um amigo meu trabalhava com a Erika Palomino na Folha  e ela precisava de alguém para fazer as fotos da coluna dela e meu amigo me indicou. No começo fazia tudo de graça, não trabalhava para a Folha. Após um ano na coluna, fui contratada como fotojornalista do jornal.

    ©Claudia Guimarães

    Você acha que a Noite Ilustrada influenciou o comportamento e a mentalidade de uma geração?

    Sem dúvida acho que influenciou sim, porque ainda não existiam as redes sociais e toda essa exposição, então a noite tinha um quê de anônimo, não desvendada. A Noite Ilustrada não era uma coluna social, era uma coluna de comportamento, e até então não havia existido uma coluna de comportamento no Brasil que mostrasse bem o lado noturno, da madrugada, era muito bacana.

    O que você acha da noite nos dias de hoje em São Paulo? Quais são as principais mudanças comportamentais que você observa dos anos 90 pra cá?

    Hoje a noite é menos misteriosa porque agora todo mundo tem seu celular, posta no Facebook, não há mais aquele mistério, todo mundo sabe de tudo o que acontece. Mas na minha opinião continua muito bacana a noite, São Paulo é um lugar legal com opções muito surpreendentes até hoje. As baladas gays continuam engraçadíssimas. Não tenho ido tanto, mas tem shows de drags muito divertidos e criativos, acredito que  vai sempre ser assim.

    Como você avalia os seus anos de carreira?

    Tive muitas experiências bacanas no começo de minha carreira. Conheci muita gente legal e isso me deu uma agilidade grande pra eu vir trabalhar com moda e publicidade. Hoje não trabalho mais na noite, mas fotografo amigos e percebo que esse meu primeiro trabalho foi muito pessoal e nada comercial, mas foi através dele que eu me desenvolvi na fotografia.

    ©Claudia Guimarães

    Quais são as características que você manteve em suas fotos desde o começo da sua carreira até hoje?

    A naturalidade e espontaneidade.

    E o seu trabalho com moda? Como foi a evolução dele até os dias de hoje?

    A minha primeira matéria para a “Vogue” foi muito ligada à noite. Fotografei um editorial nas boates da rua 13 de Maio, em uma edição meio que histórica, que contou até com a Marcellona (personagem super conhecido da noite). Depois disso comecei a fazer bastante coisa. Hoje meu trabalho de moda é muito naturalista, não tem nada a ver com meu trabalho de noite, é totalmente diferente, não é muito comercial também. Eu consigo imprimir minhas características, mas sempre respeitando o que o diretor de arte e a marca querem.

    Como você vê a fotografia de moda no Brasil hoje?

    Acho que tem muita gente bacana, muita gente boa. O que falta é espaço, fora do Brasil tem muitos lugares pra você publicar, aqui são poucas as revistas, é preciso que o mercado cresça mais.

    O que você gostaria de fazer em uma próxima exposição?

    Queria muito fazer retratos que os retratados pudessem levar para casa. Assim, a pessoa levaria para si uma cópia do retrato exposto em uma reprodução menor.

     A fotógrafa Claudia Guimarães

    Galeria Mezanino

    Rua da Glória 279 / 62

    Liberdade, São Paulo

    55 11 3436 6306

    Terça a sexta das 12h às 20h

    Sábado das 14h às 18h

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