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    Herchcovitch e Fábio Souza falam do conceito sustentável da moda da À La Garçonne
    Imagem de pesquisa de referência da coleção de estreia da marca de roupas da À La Garconne, assinada por Alexandre Herchcovitch ©CORTESIA
    Herchcovitch e Fábio Souza falam do conceito sustentável da moda da À La Garçonne
    POR Redação

    Em nova fase, depois de se desligar, no fim de fevereiro, da marca que leva seu nome, comprada pela Inbrands em 2008, Alexandre Herchcovitch assina a coleção de estreia da À La Garçonne no São Paulo Fashion Week. A marca, loja de móveis e objetos vintage com curadoria de Fábio Souza, marido de Alexandre e dono da À La Garçonne, trará para a passarela o conceito de sustentabilidade, ideia comum à toda a empresa. “As coleções terão relações com a identidade da marca, que já foi um brechó. Falará de reúso, sustentabilidade, aspectos usados, vintage, conforto.”, diz Alexandre. “Não existe mais volta, é necessário falar sobre o reúso dos materiais, mas pretendo falar disso sem radicalismos, de maneira mais livre”, acredita Fábio.

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    Na coleção de lançamento deste novo braço da loja, agora com uma marca de roupas, Alexandre está confeccionando, desde do ateliê que montou dentro da própria casa, modelos utilizando materiais de origens variadas: de tecidos vintage a novos e 100% reciclados mas também não reciclados, além de peças antigas reformadas ou descosturadas e totalmente refeitas. Depois do desfile, a linha feminina será vendida na NK Store de São Paulo e do Rio, além da loja própria da À La Garçonne, que também terá as coleções masculina e infantil.

    A seguir, leia a entrevista de Fábio e Alexandre dada ao FFW, por email.

    Como está funcionando a parceria de vocês? No que um está influenciando e contribuindo para o trabalho do outro na À La Garçonne?

    AH – Recebi direcionamento sobre as características e diretrizes da marca À La Garçonne, eu crio, mostro ao Fábio, ele opina e eu sigo com os desenvolvimentos de produto. Alguns produtos são desenvolvidos diretamente pelo Fábio como: bolsas, jóias masculinas e outros acessórios.

    FS – Confio plenamente no trabalho do Alexandre, tenho me metido bastante, mas respeitando o espaço dele.

    Alexandre, o que as pessoas podem esperar em termos de semelhança do que você fazia na sua própria marca e na À La Garçonne?

    AH – Existem algumas características em meu pensamento organizacional que aplico independentemente de que marca estou trabalhando. A maneira de pensar a construção da roupa, o desafio aos materiais, estudo de proporções, corte, costura, acabamento compõe este pensamento organizacional.

    FS – O Ale é multifacetado, tem suas características pessoais claro, porém consegue como poucos se adaptar ao estilo de diferentes marcas.

    Fábio, para você, qual é o desafio de fazer um desfile? E para você, Alexandre, o desafio é diferente, à frente de uma linha que não é mais a sua marca, com o seu nome, para a qual criou por 23 anos?

    FS – Desafio enorme, o desfile é um caminho difícil quando se fala de roupas, pois é um palco para se mostrar o novo, mas com a colaboração do Alexandre me sinto seguro.

    AH – Não sou um novo profissional a cada marca que trabalho. O acúmulo de experiências não pode ser esquecido. O desafio é diferente pois é uma marca diferente, só isso.

    Depois do desfile, como essa nova marca de roupas funcionará? Terá uma coleção nova a cada temporada, pretende desfilar a cada SPFW? Trata-se de uma marca, com ideia de longevidade, ou só uma colaboração especial do Alexandre para a À La Garçonne?

    AH – Lembrando que a marca À La Garçonne existe há mais de oito anos, portanto não é completamente nova. À La Garçonne terá coleções que não obedecerão obrigatoriamente o calendário de lançamentos, será mais livre para colocar à venda produtos quando for necessário.

    FS – Quando a marca nasceu, o intuito era atingir todo o lifestyle, englobando várias áreas de atuação como roupas, acessórios, móveis e objetos. Nesta primeira coleção de roupas, o feminino será vendido com exclusividade para NK Store de SP e RJ além da loja própria, que também terá roupas masculinas e infantis. A longevidade esta nos planos.

    Como a À La Garçonne por Alexandre Herchcovitch (é assim que vai se chamar a marca de roupa?) se relacionará com as peças vintage já vendidas na loja?

    AH – Não existe marca À La Garçonne por Alexandre Herchcovitch, a marca, assinatura e etiqueta são sempre À La Garçonne somente. As coleções terão relações com a identidade da marca que já foi um brechó. Falará de reúso, sustentabilidade, aspectos usados, vintage, conforto.

    FS – Sei que as vezes isso parece confuso, mas o Alexandre não responde pela empresa, ele será o estilista das roupas da marca. Eu continuo a frente da direção criativa como um todo.

    Queria que vocês explicassem melhor esse conceito de reciclagem ou de reutilização de tecidos antigos e roupas que já existem para criar essas novas roupas da coleção. São todas peças do acervo da À La Garçonne? Elas serão descosturadas e totalmente refeitas, ou customizadas?

    AH – É uma marca livre inclusive no tipo de fabricação, aqui algumas modalidades já praticadas:

    – roupas novas utilizando tecidos vintage, estoques antigos de tecelagens e malharias.

    – roupas novas utilizando tecidos novos 100% reciclados.

    – roupas novas utilizando tecidos não reciclados.

    – roupas novas utilizando partes de roupas antigas, combinadas ou não com tecidos novos.

    – roupas novas utilizando tecidos descosturados de peças vintage.

    – roupas vintage reformadas.

    FS – Gosto dessa liberdade, o mundo precisa deste assunto, não existe mais volta, é necessário falar sobre o reúso dos materiais, mas pretendo falar disso sem radicalismos, de maneira mais livre.

    Alexandre, você voltou a costurar e a trabalhar dentro de casa, como no início da sua carreira. Como você organizou o seu ateliê ? E o que está achando dessa experiência (e você Fabio, o que está achando?)?

    AH – Montei em um quarto de nossa casa um mini atelier, com três máquinas de costura, uma mesa de corte, ferro e tábua de passar. Assim que aceitei a proposta do Fábio, comecei a modelar, cortar e costurar. Chamei minha mãe para me ajudar. Passados 20 dias, contratei uma costureira e uma modelista free lance.

    FS – Confesso que tem sido intenso, já que não tínhamos uma equipe de estilo formada e nem sequer um local apropriado para trabalhar, mas apesar destas dificuldades iniciais, acredito que o resultado final será satisfatório. Logo após o desfile, o atelier deve se mudar de casa, confesso que não vejo a hora! rs…

    Fabio, com a entrada do Alexandre na À La Garçonne, você pensa em outras mudanças na loja? Pretendem fazer outros trabalhos juntos?

    FS – Amo o que faço, faço com paixão, convidei o Alexandre para contribuir com as roupas pois acredito muito no trabalho dele e sabia que faria um trabalho excelente e muito melhor do que eu nesta área, porém ainda não pensei em usar toda essa criatividade dele em outro lugar. Vamos sentindo…

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