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    “Não encaramos isso como o fim”, diz Dudu Bertholini sobre nova fase da Neon
    “Não encaramos isso como o fim”, diz Dudu Bertholini sobre nova fase da Neon
    POR Redação

    Rita Comparato e Dudu Bertholini no desfile da Neon, SPFW Verão 2014 ©Rafael Chacon/Agência Fotosite

    O mundo da moda foi pego de surpresa com a notícia do fechamento do ateliê da Neon no mesmo mês em que a marca completa dez anos de vida. A decisão, no entanto, representa não o fim, mas uma reformulação do modelo de negócios para a dupla Dudu Bertholini e Rita Comparato, que passa a investir em branding, licenciamentos e parcerias. “Queremos encarar isso como uma mudança que, por mais que exija alguns sacrifícios, é positiva e pra frente”, diz Dudu ao FFW. Confira abaixo mais da entrevista concedida pelo estilista sobre a nova fase da Neon:

    Sobre os motivos para a reestruturação da Neon: “Estamos adaptando o nosso negócio aos novos tempos. Este é um momento muito pulverizado e competitivo do mercado, e marcas pequenas e de identidade têm tido dificuldade em sobreviver com poucos incentivos, muitos impostos e um produto feito 100% no Brasil — o que deveria ser uma vantagem, mas na verdade dificulta bastante, porque ficamos com preços muito altos. E de um tempo pra cá, temos percebido como a nossa propriedade intelectual é lucrativa e como podemos aplica-la aos mais diferentes produtos. A Neon sempre foi uma marca de parceria, desde o primeiro desfile; o que estamos fazendo é mudar o foco do negócio. Vestir mulheres é o nosso ofício e pretendemos continuar fazendo roupas, mas em novos formatos – não mais com uma confecção própria”.

    Sobre a propriedade intelectual da Neon: “Hoje em dia, identidade é o que mais protege as marcas contemporâneas: é o que faz uma pessoa querer comprar uma roupa sua, e não de outra grife. E temos um produto altamente identificável: você bate o olho numa estampa e sabe que é da Neon, com esse estilo exuberante, tropical, brasileiro. O que percebemos é que isso não estava atrelado ao nosso espaço físico, e que essa propriedade não depende da nossa confecção. A experiência de produzir mais de 50 mil peças pra Macy’s, por exemplo [em 2012, como parte da campanha “Brasil: A Magical Journey”], mostrou como mesmo sem uma estrutura física montada a gente consegue criar uma coleção porque temos essa propriedade intelectual de estampas, de modelagem, de estilo, de marketing”.

    Desfile da Neon, SPFW Verão 2014 ©Marcelo Soubhia/Agência Fotosite

    Sobre a mudança da Neon e do mercado: “Pra mim teve uma super simbologia, este é o ano treze, o ano da serpente, da mudança, de trocar de pele. E a gente não tem medo de se reinventar. O mundo vive mudando, e temos sempre que estar abertos pra adaptar a nossa história, negócio, vida. Há 10 anos existia um cenário mais próspero, por exemplo, de multimarcas; e existia um consumo maior de moda brasileira autoral. De 10 anos pra cá, o mercado ficou mais competitivo – tirando a pequena esfera do alto luxo, no geral a moda precisa de preços mais acessíveis, maior produtividade e um aproveitamento melhor dela própria devido às questões sustentáveis. Isso mudou muito, mas seria taxativo dizer que marca de moda não dá certo – pelo contrário. Você tem que entender o seu nicho, seu mercado, seu momento, seu tamanho, seu público-alvo… O que estamos fazendo é adaptar a nossa visão empresarial. Acho isso super bonito e contemporâneo, na verdade. Não somos a única marca a perceber novos modelos de negócio. Hoje em dia, cada um tem que descobrir qual é o melhor formato e modelo”.

    Sobre a participação ou não da Neon em desfiles de moda: “Não descarto de forma alguma a gente fazer desfile, porque estamos fazendo vários produtos, e a confecção não está descartada na possibilidade de novas parcerias. A passarela sempre foi uma grande plataforma de comunicação, a Neon tem uma linguagem de passarela super característica que se firmou ao longo dessa década no SPFW, então ela continua sendo uma opção super possível pra que a gente divulgue nossos produtos e as novas parcerias”.

    Sobre onde encontrar a marca: “Na Francal já vamos lançar uma parceria com a Fuseco, uma marca de Taiwan radicada no Brasil com ampla distribuição nacional, com modelos de bolsas, mala de viagem, guarda-chuvas, e está sendo super legal poder aplicar o nosso produto a isso. Já temos duas de movelaria, que são com a Oppa e o Alex Cerello; estão em andamento parcerias de porcelanas, utensílios domésticos e calçados; e estamos em conversa com um grande magazine pra fazer uma pequena coleção de roupas. E continuamos com pontos de venda especiais; quem quiser comprar Neon hoje pode ir pra lugares como a Galeria Nacional, que inaugurou nesta semana na Barão de Capanema, e a Choix [ambos em São Paulo]”.

    Sobre a expectativa para a nova fase da Neon: “O ateliê fecha no fim de junho. Muitos clientes que fidelizamos ao longo desses 10 anos gostam de comprar diretamente da gente, por isso estamos com uma linda demanda no ateliê, que não parou nesse último mês — este foi um dos mais agitados em toda a sua existência. Escutamos pessoas falando que estão chocadas, mas o que queremos é encarar isso como uma mudança que, por mais que exija alguns sacrifícios, é positiva, pra frente. De maneira nenhuma a marca está morrendo e, sim, se transformando. Convidamos todo mundo que gosta da Neon e do nosso trabalho a trilhar esse caminho com a gente, e mais uma vez estar conosco nessa etapa tão importante”.

    + “Moda é amor e garra” e mais do nosso entrevistão com os estilistas da Neon

    + Relembre aqui os desfiles da Neon no SPFW

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