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    Pense Moda 2010: The Hilton Brothers falam sobre colaboração e identidade
    Pense Moda 2010: The Hilton Brothers falam sobre colaboração e identidade
    POR Redação

    Colaborou Stephanie Noelle

    Paul Solberg e Christopher Makos (3)Paul Solberg e Christopher Makos © Luciana Prezia

    O evento mal tinha começado e um celular já começava a tocar na plateia. Sem parecer irritado, o palestrante interrompeu sua apresentação e pediu: “Por favor, desliguem seus telefones, nada de twittar ou checar seus e-mails por enquanto”. Foi assim, na descontração, que começou a 4ª edição do Pense Moda, em São Paulo, numa palestra nada convencional com o duo de artistas The Hilton Brothers _o FFW já falou um pouco deles aqui.

    O debate _com direito a duas trocas de figurino_ girou em torno das séries de fotografias dos artistas Christopher Makos e Paul Solberg. Falando sobre seu processo criativo e de trabalho, eles desenrolaram alguns fios condutores para a palestra, como a questão da colaboração e da identidade. Falaram também do constante sentimento de sufoco e ansiedade das sociedades atuais e  sobre como isso é essencial para o trabalho quase que poético e escapista da dupla. A importância de manter um olhar fresco e buscar sempre encontrar a beleza nos pequenos detalhes do cotidiano também foi outro ponto importante abordado na conversa.

    andy-dandy-hilton-brothers

    >> O que o FFW pensa:

    Sobre a colaboração: The Hilton Brothers é um duo composto por duas mentes criativas, que não medem esforços e não veem barreiras para concretizar as ideias mais mirabolantes. O mais interessante é notar o incrível trabalho de edição em conjunto, capaz de filtrar entre milhões de informações os elementos aparentemente discrepantes e sem sentido, mas que ali, nos vários dípticos apresentados, cultivam íntima relação e diálogo.

    Sobre a identidade: O exemplo estava ali, na nossa cara. Os três ternos desenhados por eles mesmos e confeccionados em tecidos garimpados em suas várias viagens pelo mundo evidenciavam o gosto pela exploração da imagem. Uma de suas séries de dípticos mais famosas, “Andy Dandy”, na qual antigos retratos em preto e branco de Andy Warhol vestido de mulher são combinados com fotos de flores coloridas, expressa bem essa questão. “Não é drag, é alteração de imagem, e é aí que entra a moda em nosso trabalho”, explica Christopher sobre o assunto que tem tudo a ver com um texto que publicamos na semana passada no FFW Blog.

    The Hilton Brothers e Jackson Araujo  (12)

    >> O que os convidados pensam:

    Sobre a questão da moda nos “soterrar” com informações o tempo todo e não haver um “alívio”:

    Sylvain Justum (editor do site da “Vogue Brasil”): Na moda, quando você cansa e quer respirar, já vem uma nova carga de informação pra absorver, especialmente para quem cria. Portanto, a moda é muito mais uma fuga (da realidade) para quem consome, do que para os criadores, que estão o tempo todo ligados às informações.

    Eduardo Viveiros (editor-sênior do site Chic): Na moda, quando você quer se desligar da overdose de informação, tem algo de errado. Você tem que entrar de cabeça, tem que absorver de todos os lados possíveis.

    Sobre a moda buscar o belo no cotidiano, no banal, ao invés de olhar para o inatingível:

    Sylvain Justum: A moda vem mudando, e vem procurando seguir mais essa vertente (de buscar o natural). Começou com a Corinne Day, que mostrava o belo no simples, na mulher sem maquiagem, sem retoques. Tem espaço pras duas coisas, na verdade. Essa estética da mulher mais voluptuosa, com curvas, de agora, é uma busca dessa vida mais real, dessa beleza natural.

    Eduardo Viveiros: Você tem que pegar a “belezinha” escondida e botar pra fora, de um jeito bonito. Ou você se desliga de tudo (da realidade), absolutamente, ou você faz uma releitura do cotidiano.

    Sobre a luta de egos e a colaboração na moda:

    Sylvain Justum: Nas artes, assim como na moda, existe uma “luta de egos”. No caso dos Hilton Brothers, eles aprenderam a conviver com isso em prol do projeto deles. Mas ninguém garante que não há rixa de egos entre os dois e outros artistas, por exemplo. E na moda também existem exemplos de sucesso, como o Dudu (Bertholini) e a Rita (Comparato). Mas a luta de egos existe tanto nas artes quanto na moda, é igual.

    Eduardo Viveiros: Não acredito que não haja conflito, mesmo que amigável. É isso que move, é o que nos faz ir pra frente. É o que dá gás, mesmo que seja essa luta de egos maldosa e cheia de veneno da moda. Não acredito nessa “paz mundial”, se não ficaríamos no mesmo lugar.

    + Veja a cobertura completa das palestras no blog do evento

    + Veja a transmissão ao vivo das palestras pelo site da Renner

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