Backstage do desfile de Alta-Costura da marca Valentino ©Imaxtree
A semana de Alta-Costura Verão 2014 termina nesta quinta (23.01) em Paris e deixa duas imagens fortes e opostas: os vestidos de sonho ou pirações criativas e as peças que mais parecem ter saído de uma passarela de prêt-à-porter. Muitas marcas foram da simplicidade à exuberância em cerca de 40 looks, mostrando peças exclusivas e caríssimas para os diversos momentos na vida de uma mulher absurdamente rica.
Entre as obrigações de uma marca que integra o sindicato da Alta-Costura, está a apresentação de roupas para o dia e para a noite no desfile. O que ocorre é que as roupas do dia têm se mostrado cada vez mais simples (em sua estética) e também buscam o eterno rejuvenescimento. Tanto que, nesta estação, a Chanel usou tênis em todos os momentos do desfile enquanto a Dior também apostou em uma série de sneakers em alguns looks. Nada do nosso Nike ou All Star do dia-a-dia, mas ainda assim, tênis. “A Alta-Costura pode ser jovem, versátil, viva e, ainda assim, totalmente couture”, explicou Karl Lagerfeld ao “WWD”.
O que define a Alta-Costura é a moda feita à mão, com materiais de altíssima qualidade e exclusivos. Algumas peças podem chegar a até 700 horas de trabalhos com um mínimo de 20 pessoas das mais talentosas do artesanato de luxo. E o preço, claro, reflete tudo isso. As peças para o dia, que normalmente levam menos tecidos e ornamentos, começam a partir de R$ 30 mil, de acordo com uma matéria publicada no jornal britânico “The Telegraph”. Para os modelos de noite, o céu é o limite e, para ser honesta, preço não é uma preocupação das cerca de duas mil consumidoras globais de alta-costura, segundo dados atuais.
Essas mulheres vêm da Rússia, da China e do Oriente Médio. Em uma entrevista, Lagerfeld contou que a indústria da couture impactou o mercado de aviões particulares: “A maior parte das clientes nem olha a coleção no desfile. Elas veem em um vídeo, fazem algumas escolhas e as coleções voam para os países delas. É outro mundo.”
E bota outro mundo nisso. A Chambre Syndicale de la Haute Couture, fundada em 1968 em Paris, é quem define as marcas que podem participar da semana de Alta-Costura e, assim, usar o termo em suas apresentações ou publicidades. Entre os critérios da Chambre, a marca deve ter um ateliê em Paris com ao menos 15 pessoas trabalhando e criar sob medida para a cliente, com uma ou mais provas.
Devido aos preços estratosféricos da couture, as marcas não chegam a lucrar com ela, ao contrário: muitas vezes perdem dinheiro. Isso explica por que o número de maisons caiu nos últimos 60 anos de 106, em 1946, para 18 em 2000. Mas um desfile de Alta-Costura é um investimento e um bom marketing, que aumenta consideravelmente o status da marca na área do prêt-à-porter, além de enfeitiçar a indústria do red carpet.
Mas ela também serve para fazer sonhar e desejar mulheres de todas as idades que vivem há anos luz desse universo, mas não deixam de se encantar pelas criações exaustivamente construídas pelas “petite mains” das fieis artesãs que dedicam a vida a apenas uma marca e à Alta-Costura.
Veja abaixo 20 exemplos da relação entre contemporâneo e encanto vista nos desfiles das principais grifes na temporada Verão 2014. As fotos mostram que essas peças especiais também podem ter um visual moderno e oferecer, mais do que o sonho, uma roupa usável.
(Inspiração: sportswear, nightclub futurista, com música ao vivo de Sebastian Tellier)
(Inspiração: intimidade, realidade, a conexão entre as mulheres que fazem as roupas e as que compram)
(Inspiração: ópera italiana)
(Inspiração: a pintura floral “The Roses of Heliogabalus”, de Sir Lawrence Alma-Tadema)
(Inspiração: “meninas rebeldes com cabelos do dia seguinte”, um olhar mais moderno para a couture)
(Inspiração: motivos criados pelo arquiteto Frank Lloyd Wright na década de 1950, e obras como “Les Violons”, de Raoul Dufy, e “La Femme du Roi”, de Paul Gauguin)
(Inspiração: balé, a relação entre a roupa e a pele, com a participação do corpo do Dutch National Ballet)
(Inspiração: um olhar conceitual sobre o legado de Madeleine Vionnet)
(Inspiração: cabaret e borboletas, com a participação da pin-up Dita Von Teese)
(Inspiração: femme fatale; uma viagem de trem imaginária para o Cazaquistão e Uzbequistão)