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    Reflexão: por que Paris não lança novos talentos da moda?
    Reflexão: por que Paris não lança novos talentos da moda?
    POR Camila Yahn

    Desfile da Louis Vuitton, uma das maiores maisons de moda  ©Reprodução

    Terminou mais uma temporada de moda. Entre polêmicas, surpresas, desilusões e correrias, na ponte aérea entre três das cidades mais representativas desta temporada – Nova York, Londres e Paris –, o site Business of Fashion deixa a pergunta: por que Paris, capital de moda por excelência, não produz mais novos talentos? Londres e Nova York são berços de novos talentos no mundo da moda. Alexander Wang e Proenza Schouler, em Nova York, e Mary Katrantzou, Jonathan Saunders e Christopher Kane, em Londres, são só alguns dos nomes que hoje têm reconhecimento e presença no mercado mundial. Mas de Paris, ao contrário, são poucos os nomes que conseguem sair do anonimato das grandes maisons para se lançarem no cenário da moda.

    Alguns talentos acabam por sair da capital francesa, mas com alguma dificuldade. O designer Alexandre Vauthier, pupilo de Thierry Mugler, esperou mais de 20 anos trabalhando para o designer até conseguir lançar a sua própria marca em 2009. Ainda com o atelier na casa de um amigo devido aos preços altos dos alugueis, outra barreira de Paris, o designer culpa a falta de institutos e apoios para o seu tardio começo. Nesta temporada, o descolado Cédric Charlier, ex-Cacharel que já trabalhou ao lado de Alber Elbaz, estreou na semana de moda francesa com o apoio do Aeffe Group, grupo italiano de manufatura e distribuição e já tem encomendadas peças da sua coleção.

    Alguns dos looks de Cédric Charlier durante a semana de moda de Paris Inverno 2012 ©Reprodução

    Talento não falta. Então o que falta para que saiam grandes apostas da moda de Paris?

    Tem quem pense que é educação. Em novembro do ano passado, um dos maiores grupos franceses, o LVMH (Louis Vuitton Moët Hennessy), anunciou uma colaboração de longo prazo com a escola de artes e moda inglesa referência no mundo inteiro, Central Saint Martins. A parceria conta com um anfiteatro oferecido pela LVMH, um programa de estágios para alunos da Saint Martins e ainda um programa de bolsas de estudo. Embora a LVMH também apoie escolas francesas, como a Ecole de la Chambre Syndicale de la Couture Parisienne, a sua participação aqui não é tão significativa quanto na escola londrina. Além do mais, a própria educação londrina tem outro direcionamento, mais focado na criatividade e no talento individual de cada designer, o que permite resultados como por exemplo as estampas ilusórias de Mary Katrantzou. Outro evento que não existe na França é o desfile de formatura que faz parte do calendário oficial da semana de moda londrina. Alexander McQueen e Jonathan Saunders, ambos alunos da Central Saint Martins, foram “descobertos” em um destes desfiles e em menos de 48 horas após o mesmo, já tinham pedidos para as suas coleções.

    Looks de Yulia Kondranina, aluna de último ano da Central Saint Martins, na semana de moda de Londres Inverno 2012 ©Reprodução

    Já em Nova York, os cursos de moda da Parsons School of Design são complementados com cursos focados em marketing e negócios para que os seus alunos saibam comunicar e vender a sua marca. O que se passa em Paris é que os alunos se sentem capacitados para trabalhar para as grandes casas mas não para si mesmos. Os designers de escolas de moda francesas preferem a segurança de trabalhar para uma das maisons existentes em vez de lançarem a sua própria marca. Claro que aprender com os melhores é fundamental, mas todo designer tem a sua veia criativa que deve ser fomentada e alimentada para que a moda se renove e inove nas suas criações.

    E Londres e Nova York são os investidores em criatividade e individualidade por excelência, descobrindo e apoiando constantemente novos talentos. Iniciativas de organizações como o British Fashion Council ou o CFDA (Conselho dos Designers da América), juntamente com marcas como a Topshop, em Londres, e a Gap em Nova York, e com o apoio de publicações como a “Vogue” e a “GQ”, alimentam constantemente um desenvolvimento e uma projeção de jovens designers com prêmios e apoios que permitem aos vencedores investir e trabalhar na sua própria marca. Na França, os apoios dados aos novos designers são muito menores e, em janeiro de 2010, a editora da “Vogue” americana, preocupada com o fato, se reuniu com Carine Roitfeld, na época na “Vogue”  francesa, e o então ministro da indústria Christian Estrosi para mudar esse fato.

    Cartaz da parceria da Topshop com a semana de moda de Londres que este ano completa 10 anos ©Reprodução

    A verdade é que os dois eventos mais importantes da França no mundo da moda estão mudando os seus rumos. O festival de Hyères, que dá apoio financeiro e conselhos de especialistas aos jovens designers, recentemente fechou uma parceria com a Chloé, oferecendo ao vencedor, como parte do prêmio, um estágio na marca. A ANDAM (Associação Nacional para o Desenvolvimento das Artes e da Moda), que também garante apoio financeiro e um lugar na semana de moda oficial de Paris, aumentou o valor do seu prêmio em 15% e lançou um prêmio especial para designers no seu primeiro ano de vida profissional, assim como uma parceira com o site TheCorner.com, que dá aos seis finalistas espaço para vender as suas coleções no seu site. O último vencedor da ANDAM, Anthony Vaccarello, abriu na última semana o seu desfile com Karlie Kloss na passarela com nomes como Carine Roitfeld e Kanye West na primeira fila. Ele é hoje tido como uma das grandes revelações do momento.

    Resultado visível  das políticas que estão sendo renovadas na França ou não, a verdade é que a capital da moda precisa investir mais em novas ideias e principalmente nos seus criadores. Afinal de contas, “nós sempre teremos Paris”.

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