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    POR Redação

    Rose Andrade, Felipe Morozini, Jair Kievel, Chiara Gadaleta e Marcelo Rosenbaum ©Ricardo Toscani/FFW

    A terceira e última noite da 6ª edição do Pense Moda começou com a mesa redonda “Sustentabilidade na Moda: As diversas maneiras de ser sustentável e como a moda pode participar”. A discussão, mediada por Rose Andrade, reuniu quatro profissionais de áreas distintas, mas com um propósito em comum: reciclar matérias-primas, ideias e o próprio olhar.

    Marcelo Rosenbaum iniciou o debate apresentando vídeos produzidos na cidade de Várzea Queimada, no sertão do Piauí, para seu projeto “A Gente Transforma”, que, como o próprio nome já dá pistas, visa utilizar o “design como catalisador da mudança” em comunidades assoladas pela miséria econômica, mas ricas culturalmente. De acordo com Rosenbaum, o mercado de design movimenta mais de R$ 60 bilhões por ano, no entanto, a maioria do que é exposto no país vem do exterior ou, se a peça não vem de fora, a concepção dela vem. A proposta do “A Gente Transforma” é perpetuar técnicas artesanais e elevar produtos criados a partir delas à condição de objetos desejáveis.

    Marcelo Rosenbaum ©Ricardo Toscani/FFW

    A inclusão social dos membros das comunidades visitadas pelo projeto é, como afirmou Rosenbaum categoricamente, tão importante quanto a perpetuação das já referidas técnicas artesanais. A propagação de valores de brasilidade, o fortalecimento da memória ou ainda o estímulo ao apreço pelo que é nacional também fazem parte do que é e do que pretende o “A Gente Transforma”. Para a visita a Várzea Queimada, a iniciativa levou 47 pessoas, incluindo jornalistas, estudantes e professores universitários. “A gente não foi ensinar nada. Quem ‘saiu’ transformado fomos nós e a comunidade recebeu um novo olhar, uma nova oportunidade”, comentou ainda Rosenbaum.

    Já Chiara Gadaleta compartilhou com os presentes as ações que realiza há sete anos por meio do projeto “Ser Sustentável com Estilo (SSE)”, que usa a moda como plataforma de reinserção de comunidades carentes, em especial de sua parcela feminina. Com o SSE, a ex-modelo conta que visita polos artesanais espalhados pelo Brasil, onde realiza workshops: “Não adianta elas [as artesãs] mostrarem mais uma bolsa de palha ou mais um colar de capim dourado. A moda precisa de inovação e de códigos”, afirmou Chiara sobre seu trabalho, que consiste também em mostrar o que e como um produto confeccionado manualmente e com matérias-primas simples pode converter-se em objeto de desejo e, por conseguinte, em lucro.

    A preocupação com o tratamento do lixo é, para Chiara, essencial, já que, nas palavras da própria, “a gente não vai parar de consumir”. Pensar maneiras de reutilizar esses materiais descartados é um exercício de criatividade, do qual podem surgir peças incríveis, como ela comprovou ao mostrar sua bolsa confeccionada com jornais velhos. O SP.ECOERA, seminário criado por Chiara em setembro deste ano, foi também abordado como um encontro para discutir moda, beleza, sustentabilidade e, claro, moda sustentável (o sucesso do evento foi tamanho que já foram confirmadas as edições de 2013 e 1014).

    Jair Kievel, gerente de Responsabilidade Social da Renner ©Ricardo Toscani/FFW

    Logo em seguida, Jair Kievel, gerente de Responsabilidade Social da Renner, contou um pouco sobre as atividades implantadas há cinco anos pela rede varejista no sentido de produzir sustentavelmente. A certeza de que o lucro não pode vir a qualquer preço permeia tais ações, baseadas em pilares sociais, econômicos e de governança. “Implementamos uma gestão de resíduos sólidos, papelão, plástico e todos os materiais que usamos na área de visual merchandising e nas vitrines, e fazemos a logística reversa, damos a destinação correta”, comentou Jair, que ainda trouxe detalhes sobre os produtos da linha Alquimia, que são 92% biodegradáveis.

    Felipe Morozini ©Ricardo Toscani/FFW

    Felipe Morozini, fotógrafo, cenógrafo e formado em Direito, foi o último a se manifestar sobre como a sustentabilidade se adequa a seus projetos, entre eles a decoração do MuBE (Museu Brasileiro de Escultura) durante a 6ª edição do Pense Moda e da temporada de Outono/Inverno 2013 do SPFW, que aconteceu recentemente no Parque Villa-Lobos. “Sempre tentei olhar os objetos e tentar ver outro potencial deles, o que eles podem se tornar. Se todas as pessoas falavam: “Por que você pensou isso?”, eu sempre respondi: “E por que não?””, comentou, ao que logo adicionou: “Não importa o que você faz, mas como você faz”.

    Todo o tempo, ele falou de uma forma tão apaixonada que emocionou os presentes. “Mais do que moda, eu trabalho com o pensamento. […] Sustentabilidade também é reciclar a nossa cabeça”, arrematou Morozini, que apresentou na tela do Pense Moda alguns de seus projetos como cenógrafo e comprovou por meio deles que sustentabilidade pode ser um jeito novo de enxergar o que está ao nosso redor.

    Alexander Fury ©Ricardo Toscani/FFW

    Após uma pequena pausa, Alexander Fury iniciou sua apresentação no Pense Moda, na qual dividiu sua experiência como diretor do “SHOWstudio” e editor da revista “LOVE”. O britânico, que tem apenas 30 anos, contou sobre a convivência com Nick Knight e sobre a proposta do fotógrafo de compartilhar os bastidores de seu estúdio com o público (o nome “SHOWstudio”, inclusive, vem daí, explicou ele). A importância de encorajar os filmes de moda e a necessidade de quebrar as barreiras da tecnologia foram elementos apontados por Fury como primordiais ao jornalismo de moda, seja ele impresso ou digital. “Online ou off-line, o que importa é a perspectiva”, finalizou, antes de responder a perguntas de Augusto Mariotti, Thiago Ferraz e Cássia Tabatini.

    + Vanessa Beecroft: “Quero que o público se sinta envergonhado” e mais do 2º dia de Pense Moda

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