Um estilista paulista, uma artista do Pará e um especialista em ambientes virtuais de games baseado na Califórnia. Qual a probabilidade das visões de mundo e do futuro deles serem parecidas? A ideia é justamente o contrário. Sob o slogan “Your future is not Mine”, frase que norteia todas as ações da Adidas Originals em 2016, a marca quer provocar reflexões variadas sobre o que jovens talentosos e conectados com o que há de mais novo e criativo em suas áreas pensam de como as pessoas se comportarão e o que desejarão daqui para frente. Assim, a grife montou, até o próximo sábado (14), a Future Gallery, uma galeria temporária na Praça Roosevelt (SP), onde três jovens talentos criativos brasileiros criaram instalações que abordam a temática do futuro, tendo em comum a relação com a tecnologia e o espaço urbano.
“O futuro é algo que todos nós almejamos e para o qual fazemos muitos projetos, mas no fundo é algo que não existe. A gente nunca chega ao futuro, porque estamos fadados ao presente. E não conseguimos mudar o passado. Então o futuro é algo com o que você só consegue sonhar, projetar”, diz Roberta Carvalho. Natural de Belém do Pará, a artista se especializou em mapping, projeções de imagens que se “acomodam” e acabam interagindo com diferentes ambientes, da parede de um prédio a um monumento histórico, passando por árvores e florestas. Todas essas plataformas são usadas por Roberta, que é idealizadora do Amazônia Mapping, festival que faz, em suas próprias palavras, uma simbiose entre a tecnologia e a natureza em sua cidade natal, que abrange uma parte da floresta amazônica. Entre os trabalhos mais impressionantes da artista estão as projeções de imagens em dimensões gigantes de corpos que representam a comunidade ribeirinha local sobre as águas barrentas da Ilha do Combu, cuja opacidade dá mais nitidez às imagens projetadas.
Projeção de Roberta Carvalho na Future Gallery ©Reprodução
No projeto da Adidas Originals, Roberta incluiu referências de São Paulo em seu repertório. “Minha ideia de futuro é um espaço, um lugar, um tempo do qual a natureza toma conta e faz uma espécie de simbiose conosco, de uma maneira mais harmônica. Para a Adidas fiz uma instalação com projeção mapeada com imagens de prédios do Minhocão, que é muito simbólico de São Paulo, em fusão com figuras humanas. Essa fusão tem essa função simbólica de falar sobre essa simbiose das pessoas com a arquitetura, com a cidade, com a natureza. E com as imagens, a cidade vai ganhando outras texturas.”
Especialista em criação e desenvolvimento de ambientes virtuais para games, baseado na Califórina, Thiago Klafke assina um ambiente urbano interativo de realidade virtual. Ele conta que o cenário começou como um projeto virtual, mas acabou crescendo, se expandindo e se encaixou perfeitamente na ideia de exploração urbana da Adidas. “É realmente uma experiência da pessoa andar pela cidade. Fiz um cenário que você pode dar uma explorada, tem becos, partes do lado de fora. E tem a ver com esse lance do futuro distópico, que casa com a proposta da marca”, conta Thiago.
Criador da marca de moda TrendT, o estilista Renan Serrano completa o time, e traz seu olhar sobre o futuro na moda. Sua marca trabalha com um esquema de lançamento de uma peça de roupa por mês, vendida no site da grife e depois distribuída para multimarcas. Ele também é o criador do Biosoftness, um amaciante inovador que mantém as roupas limpas por três dias.
A exposição é uma continuação de um projeto que começou em Londres, em meados de março, com a Futurehouse, evento com apresentação de DJs e talks para lançar os novos sneakers NMD, Tubular e ZX Flux. No evento de São Paulo, os três modelos integram as ambientações, que também têm uma faceta musical, já em que cada um dos espaços dos três artistas há uma pista de dança com uma sonorização diferente. A galeria conta ainda com trabalhos Felipe Morozini. A curadoria é de Roberto Martini.
Future Gallery – Adidas Originals
Praça Franklin Roosevelt, 134
Sexta (13) e sábado (14): visitação aberta das 16h às 20h30