A Kenzo, uma das marcas que sabiamente valoriza a simbiose entre moda, música e cinema, está lançando o projeto Folio, publicação trimestral cujo intuito é dar vida às coleções de Carol Lim e Humberto Leon, diretores criativos da grife, através das lentes de fotógrafos e cineastas que estão emergindo na cena. A publicação estará disponível em determinadas lojas da marca – nas flagships de Paris e Londres, por exemplo –, onde as fotos e vídeos de cada edição estarão em exibição.
A Folio #1, edição estreante do projeto, celebra os jovens da Nigéria, especialmente os que residem em Nsukka, cidade cuja população majoritária descende de um dos maiores grupos étnicos africanos, os Igbos, um dos povos mais atingidos pelo comércio transatlântico de escravos. O sangue desse povo também corre pelas veias da fotógrafa Ruth Ossai (nascida em Nsukka e hoje baseada em Londres), a quem a grife incumbiu de fotografar seus conterrâneos. Ela mesma escolheu a dedo jovens nativos que frequentam seu bairro na cidade onde cresceu para registrá-los celebrando os rituais da cultura nigeriana enquanto vestem, com o styling de Ibrahim Kamara, as peças do Verão 17 da Kenzo, “mostrando que a beleza está sempre presente quando há um compromisso com a celebração da cultura”, ela explica.
As fotos são acompanhadas pelo vídeo de seis minutos intitulado Gidi Gidi Bu Ugwu Eze (unidade é força, na língua Igbo), que tem direção de Ossai ao lado de Akinola Davies Jr. A ideia da dupla foi fazer um concurso de beleza inclusivo, criado por uma comunidade dedicada ao seu próprio crescimento, sempre respeitando a estética da cultura local – por isso as faixas de Miss e Mr. Nsukka usadas pelos modelos, numa alusão aos tradicionais concursos de beleza. “É sobre as nuances da beleza em relação à própria comunidade”, entrega Davies, complementando que trabalhar com Ossai foi essencial para tanto. “O trabalho de Ruth me deixa orgulhoso de ser africano e é importante ver mulheres negras liderarem o registro de nossas culturas e comunidades”.
O fato de ambos serem africanos foi primordial na execução do projeto, uma vez que, segundo Davies, o compromisso de mostrar e comemorar sua cultura foi um exercício importante. Esta é uma comunidade que celebra a si mesma e que, consequentemente, vira uma espécie de família, cuja força vem da confiança mútua de ter um ao outro.