Look do desfile da Balmain Primavera/Verão 2013 ©ImaxTree
Há algumas estações, as regras incontestáveis de estilo saíram de moda. Azul marinho com preto pode, xadrez com listrado pode e bege com branco também. Combinações que eram “proibidas” nos últimos 20 anos hoje são as novas não-regras. Quando você tem estilo próprio e sabe quem é, tudo pode. Acho que foi até por isso que essas regras foram quebradas – mais do que todo mundo ficar igual, a moda é mais valorizada hoje como forma de expressão pessoal.
Nos desfiles masculinos de Primavera/Verão 2013, o preto se concretiza como cor-aposta do verão, contrariando mais uma vez um velho costume da indústria de moda de que preto é cor invernal. Existe um lado super dark nessa estação. Morando em São Paulo, essa tendência faz sentido. Morando no Rio, não faz o menor sentido. Sempre que chego ao Rio de Janeiro com meu armário paulista – preto e cinza – me sinto deslocado com vontade de usar cores, mas tudo indica que verão que vem será diferente. Vampiros e zumbis em Copacabana.
Louis Vuitton e Mugler Primavera Verão 2013 ©ImaxTree
Balenciaga e Dsquared2 Primavera/Verão 2013 ©ImaxTree
Balmain e Raf Simons Primavera/Verão 2013 ©ImaxTree
O desfile da Louis Vuitton foi navy, mas o uso dos materiais foi dark. Balenciaga apresentou estampa floral com fundo negro, usada também por Calvin Klein, que mostrou jaquetas de couro estilo motoqueiro (assim como Balmain) – igualmente incomuns no verão. Fugindo da regra, a DSquared2 apresentou um desfile quase inteiro em preto e branco, com uso de couro, correntes e coturnos.
Balenciaga e Calvin Klein Primavera/Verão 2013 ©ImaxTree
Um dos destaques da semana de moda de Milão foi a Versace e sua proposta de verão/violento/sexy. “Força, mas não somente força física. Força para violência, força para luta. Um homem que está pronto para lutar para alcançar o que acredita”, disse Donatella em entrevista à imprensa internacional. Um estilo gladiador, com cinturão de boxe e cueca de tela (?), mas com aquela personalidade Versace incontestável.
Versace Primavera/Verão 2013 ©ImaxTree
Outro ponto forte dos desfiles foi a relevância do unisex. No momento em que a moda masculina está em evidência – com uma nova semana de moda em Londres complementando Paris e Milão – Givenchy, Prada, Raf Simons e Rick Owens apresentaram desfiles um tanto enigmáticos com personalidades mutantes e abertos a muitas interpretações. Aqui não foram trabalhados “temas”.
A ideia é mais comportamental, envolve o estilo real que vem se desenvolvendo nas capitais mundo afora com os consumidores de moda. Peças atemporais, peças “transgender”, geometrismo frio, alfaiataria que nunca sai de moda. Não é tão confuso. Na verdade é simples e cria desejo imediato. ‘Men are the new women’, disse o editor-chefe do Business of Fashion, Imran Amed, no título de sua reportagem sobre as semanas de moda.
Prada Primavera/Verão 2013 ©ImaxTree
Na Givenchy e na Prada os desfiles não fizeram diferença entre homens e mulheres. Já vimos anteriormente homens e mulheres dividindo as passarelas, mas aqui, ambos os sexos vestem a mesma roupa, com o mesmo caimento, sem distinção. A moda é igual para todos. No verão gótico da Givenchy, além da alfaiataria inovadora com as calças/saias, a moda aparece viável com regatões, camisetas, jaquetas e aquelas estampas desconfiguradas com viés cristão.
Givenchy Primavera/Verão 2013 ©ImaxTree
O maior feito dos desfiles de Miuccia Prada e Ricardo Tisci é que ambos – mesmo diferentes – apresentaram uma moda possível, um estilo viável e próximo para meninos e meninas.
Ter essa conexão com a moda não é um desejo? Os desfiles transmitidos em tempo real para os consumidores e fãs via internet também fazem essa aproximação. Essa deveria ser a nova regra.