Começa neste sábado a terceira edição do Brasil Eco Fashion Week (BEFW). O evento acontece nos dias 16, 17 e 18 na Unibes Cultural e é gratuito e aberto ao público.
O BEFW surgiu em 2017 como resultado de um encontro de amigos que desejavam estimular novos caminhos para a moda, criar um espaço de visibilidade para marcas comprometidas com as práticas de sustentabilidade, e fortalecer essa cultura. Em apenas três anos, ele conseguiu reunir debaixo do mesmo teto empreendedores, produtores, criativos, estudantes, pensadores e jornalistas, todos conectados ao propósito de usar a moda como uma rede positiva e ferramenta de transformação.
Há muito para ver durante os três dias de eventos. Há os desfiles de marcas convidadas, como Comas e Ahlma, e também o de grifes que se inscreveram para participar e passaram pelo crivo de uma equipe de curadores que avaliaram critérios como os benefícios ambientais, sociais e culturais inseridos na proposta da marca, o uso de novas tecnologias para sustentabilidade e a cadeia produtiva.
Há também palestras e conversas em torno de temas importantes como práticas de transparência, diversidade, ativismo, inclusão e comércio justo; cultivos orgânicos, certificações de materiais, técnicas de upcycling, reciclagem, modelos de negócio para o compartilhamento e a circularidade. Todas as atividades estão organizadas por espaços específicos com uma programação própria.
Entre os destaques desta edição está a conversa Moda, Identidade e Floresta em Pé, com Marina Silva e Christiane Torloni, que além de atriz também é ambientalista, com mediação de Yamê Reis, do Moda Verde. Há também bate-papos muito interessantes que abordam questionamentos atuais como “Pode a moda ser um mercado e um movimento ativista?” e “Como a moda pode auxiliar pessoas em situação de vulnerabilidade social?”. É importante não apenas que essas perguntas sejam feitas, mas que também gerem reflexões para que possam ser respondidas e então trabalhadas.
Para marcas que se encontram em momentos de transformação, há palestras sobre Modelos de produção e negócios para a Moda Circular, Cálculo de Emissões de Carbono, Aplicações de Nanotecnologia em Materiais Têxteis, Aplicações do Biodesign na moda e Rastreabilidade na moda com blockchain.
+ Confira a programação completa do BEFW aqui
Conversamos com Rafael Morais, Diretor executivo e cofundador do Brasil Eco Fashion Week, que fala sobre os desafios de fazer o evento, mas também da recompensa de reunir players de diversas áreas com um mesmo propósito. Leia abaixo:
Quais os principais desafios em realizar um evento que gira em torno da sustentabilidade? Imagino que todos os envolvidos, inclusive os parceiros, devam estar alinhados com isso, certo?
Exatamente, é uma premissa e um desafio ter parceiros alinhados com a pauta de forma coerente e verdadeira. Inclusive já passamos pela infeliz situação de ter de dispensar possíveis patrocinadores por entendermos que não estavam alinhados com nossos valores. Nesse sentido, o principal desafio também está em realizar o evento em si, pois além de dependermos de verba externa, já que o evento é gratuito para o público em geral, também temos a realidade que o nosso time se uniu em 2017, essencialmente pelo interesse na pauta moda e sustentabilidade, e pelo desejo de fomentar este cenário – não éramos uma empresa constituída para esse fim e nem produtores de evento. Estamos aprendendo a produzir, produzindo, e uns com os outros!
O que vocês notam de mudanças nesta edição comparando com 2017? O evento cresceu em público ou participantes, presença?
O evento cresceu e os desafios também, são muitas atividades simultâneas e muitas pessoas envolvidas nos espaços de fala e compartilhamento. Nessa edição apresentaremos 60 painéis e talks, 18 desfiles, 15 oficinas práticas, uma Mostra de looks, exibiremos dois documentários e teremos dois espaços de venda com mais de 50 marcas conscientes, focadas em slow fashion e beleza natural, orgânica, vegana e cruelty free. Estruturamos dois times de curadoria para a escolha desses marcas participantes, com sete profissionais talentosos, que atuam de forma multidisciplinar nas áreas de moda e sustentabilidade.
Atualmente somos o maior evento desse segmento, não apenas na América Latina, mas nas Américas. O público interessado tem ampliado cada vez mais e o mais gratificante é perceber como pessoas de diversos estados e até de outros países se encontram, trocam e ampliam suas redes e atuação a partir do Brasil Eco Fashion Week. Nos tornamos um ponto de encontro para empresários, jovens empreendedores, ambientalistas, acadêmicos, fashionistas e interessados na pauta em geral. Mas nesta terceira edição em 2019, a principal mudança percebida é interna! Tudo tem sido muito intenso nestes três anos, as demandas crescem, exigindo uma equipe cada vez mais organizada, engajada, articulada e estamos nos aprimorando continuamente em todos os sentidos.
Muitas marcas participantes são ainda muito pequenas e sem estrutura. De que forma desfilar no evento pode ajudá-las? Há algum tipo de consultoria que é oferecida a elas?
Entendemos que os desfiles são uma plataforma de divulgação e fomento de negócios para marcas de moda e dar visibilidade a novos nomes que atuam segundo práticas mais responsáveis é fundamental para o setor. Para o Espaço Desfiles temos o apoio de uma equipe produtora super profissional, atuante em outras semanas de moda do país e que oferece um suporte acolhedor às marcas, trazendo a qualidade nos detalhes para que elas se sintam cada vez mais seguras com suas produções e imagens. O evento também conta com o apoio do Sebrae, com conteúdos e mentorias com gestores focados no desenvolvimento empresarial de “nano marcas” que vêm renovando o mercado nacional; e também estimula o crescimento de vendas no varejo multicanal, por meio de rodadas de negócios promovidas no evento, que atraem revendedores visitantes com pontos de venda em todo o território nacional, ajudando também a descentralizar o consumo de moda.
Também trazemos consultores internacionais para ampliar as possibilidades de negócios, para que marcas exponham e vendam em outros eventos com mercados mais consolidados. Nesta edição, por exemplo, traremos a consultora Giuliana Bortolato, que realizará uma curadoria de marcas para apresentarem os seus trabalhos na Semana de Moda de Milão, em setembro de 2020. O evento também promove a troca de ideias com empresários mais maduros que já avançaram em caminhos desafiadores, como é o caso da exportação, repassando boas práticas e compartilhando trajetórias.
Como vocês enxergam o momento atual na moda brasileira relacionado a sustentabilidade? Estamos atrasados, adiantados, no meio do caminho, num beco sem saída…
Um de nossos slogans deste ano fala sobre repensarmos em rede. Entendemos que a união é necessária e faz a força! E que a educação é sempre transformadora para todos… o BEFW nos mostra isso a cada ano. Estamos na nossa caminhada, onde não existem atrasos nem corridas, compartilhamos informação e inspiração com todos, mas na prática, cada ser caminha com o passo que pode dar, em seu devido momento. Hoje a pauta da sustentabilidade está muito difundida no setor, e atrai todo tipo de abordagem – nem sempre tratada de forma devidamente profunda e estrutural. Seguimos acreditando na educação e sensibilização social, ambiental e cultural, na importância do pilar econômico, e acima de tudo no aprendizado ético, para alcançarmos uma vida melhor hoje e sempre.
Brasil Eco Fashion Week
Data: 16, 17 e 18 de novembro
Local: Unibes Cultural (Rua Oscar Freire, 2500 – Sumaré)
Horário: a partir das 10h30
Entrada gratuita
O FFW é media partner desta edição do Brasil Eco Fashion Week.