Por Guilherme Meneghetti
Na quinta-feira (16.03), “Moda, design, inovação: Impactos Exponenciais” foi um dos debates do Projeto Estufa, plataforma que promove diálogos, encontros e apresentações de moda cujo intuito é pautar o futuro dos negócios criativos com o desenvolvimento de iniciativas transformadoras que dizem respeito a temas como sustentabilidade, consumo e responsabilidade social.
Mathew Napoli, vice-presidente da Made in Space, empresa americana que explora a vida sob gravidade zero desde 2010; Claudia Cappra, diretora comercial de químicos renováveis da Braskem na Ásia e América Latina; e Alexandre Herchcovitch debateram sobre impressão 3D, sustentabilidade e moda.
Napoli foi membro da equipe que desenvolveu a primeira impressora 3D apta a produzir no espaço, o que permitiu aos astronautas da NASA imprimirem qualquer objeto que precisassem lá, em vez de levar da Terra. Detalhe: as impressões em 3D que dispensa a gravidade podem ser feitas com o Plástico Verde, material sustentável desenvolvido pela Braskem e que foi levado ano passado à Estação Espacial Internacional.
“Decidimos fazer algo que ninguém fez”, disse Napoli no talk. “Queremos deixar o Espaço Sideral mais acessível a todos e também criar coisas lá”. Ele ainda contou que a ida ao espaço demandou tempo e dinheiro e não faltaram imprevistos, como meteoros no caminho.
Cappra explicou detalhes sobre o Plástico Verde, que tem a sua produção à base do etanol da cana-de-açúcar e chega ao mercado como ótima alternativa ao plástico convencional uma vez que possui as mesmas características e flexibilidade desse último, além de captar o CO2 e outros gases que intensificam o efeito estufa. “O Plástico Verde não surge com a ideia de mudar o mundo. É apenas um primeiro passo, isso sim, para essa mudança tão necessária de que necessitamos”, explica.
Já Herchcovitch apresentou os benefícios da impressão 3D na moda. Por exemplo, em vez de produzir um acessório em larga escala, é possível imprimir um protótipo antes, para experimentações e análises, e, então, produzir em grande quantidade ou, preferencialmente, o que for necessário. Outro exemplo: os botões e algumas pulseiras impressas com o Plástico Verde para a coleção da À La Garçonne, apresentada ontem no SPFW, que foram produzidos em quantia necessária, sem excedentes, o que não aconteceria caso o estilista tivesse que encomendá-los. “Se eu precisasse de um ou dois botões, por exemplo, precisaria encomendar 1.000, 2.000 – totalmente desnecessário”. As impressões também saciam a ansiedade que os estilistas têm de ver suas criações prontas o mais rápido possível, já que a impressão leva menos tempo que a produção convencional.