Uma das convidadas do forum do Rio Ethical Fashion é Brittany Burns, diretora de desenvolvimento de negócios do Fashion for Good, uma das plataformas mais interessantes na união de moda, inovação e sustentabilidade.
Entre diversas atividades, eles criaram um museu interativo que mostra ao público informações, dados e as inovações na moda e na indústria têxtil. O Fashion for Good Experience abriu no final do ano passado no centro de Amsterdam e tem entrada gratuita.
As exposições são projetadas para tentar mudar os hábitos de compra das pessoas, demonstrando as práticas de desperdício da indústria da moda, além de mostrar como nós mesmos podemos ter um impacto nessa conta.
No Innovation Lounge, os visitantes são apresentados aos trabalhos de 50 inovadores que buscam quebrar barreiras na moda, criando as novidades que um dia serão usadas por todo mundo. Entre eles estão o Colorfix, que tingiu um vestido para uma coleção de Stella McCartney usando microorganismos modificados, e Mycotex, que fez uma roupa de micélio, um material encontrado nas raízes dos cogumelos.
Na mesma área há um painel com frases de cada inovador citando um problema específico do setor de moda e o que eles podem fazer em relação a ele. Por exemplo: o poliéster, um dos tecidos mais usados, pode levar mais de 200 anos para se decompor. A Mango Materials criou uma alternativa de poliéster totalmente biodegradável. Também é possível ver roupas feitas de couro de maçãs e como o blockchain pode tornar a indústria mais transparente.
Ao entrar no museu, os visitantes recebem um bracelete de identificação por rádio frequência feito de plástico reciclado. A pulseira coleta informações que representam ações práticas que o usuário pode fazer e que são apresentadas a eles como um plano de ação digital personalizado de dicas para mudar seu comportamento de compra.
A pulseira também pode ser usada para comprar itens na loja, que só vende marcas sustentáveis certificadas. As coleções à venda mudam a cada três meses e são selecionadas em torno de um tema, como o papel da água na indústria da moda ou a necessidade por transparência, que é o tema atual.
Há uma estimativa de que uma peça de roupa viaja 14 mil km para chegar até a gente. E que 100 pares de mãos tocam nossas roupas antes das nossas. De fato, saber se essa jornada foi responsável é difícil. “Nós acreditamos que ser ‘naked’ e radicalmente transparente é a chave. Precisamos saber a história por trás de nossas roupas: quem fez, onde e como”, diz um porta-voz do museu. Atualmente, o museu está vendendo as marcas A.BCH, Allbirds, ASKET, la fille d’O, Reformation e Swedish Stockings, todas abertas e transparentes.
Ao final do seu passeio você pode customizar o design de uma camiseta produzida no sistema cradle to cradle e impressa na hora.
Naturalmente, o prédio que abriga o museu também foi projetado da maneira mais limpa possível pelo escritório americano Local Projects. O museu procurou materiais que causassem menos impacto do que as alternativas convencionais e projetados para mais de um uso. As exposições são iluminadas com luz solar natural, sempre que possível.
Os painéis de madeira utilizados em todo o museu provêm de florestas geridas de forma sustentável, e os cabides foram feitos sob medida a partir de 100% de fibras de papel reciclado e prensado e são completamente recicláveis. Os espaços de co-working contêm uma mistura de móveis descartados, de segunda mão e alugados para mostrar diferentes modelos de compras que contribuem para uma economia circular.
O Experience é um exemplo de como é possível fazer da forma correta – certamente ainda não é a maneira mais fácil nem mais barata em alguns aspectos, mas é um benchmark para um mundo que estamos tentando construir. Não à toa, ele tem o patrocínio de marcas e fundações sérias nessa transformação, como C&A Foundation e Adidas.
Fashion for Good Experience
Rokin 102, 1012 KZ Amsterdam