Neste mês, a Vogue Italia criou sua própria maneira de fazer um statement sobre sustentabilidade. Pela primeira vez na história de uma Vogue (isto é, desde que existe a fotografia), uma edição não tem nenhum editorial de moda. Em vez de fotos, ilustrações, desenhos e pinturas feitos por artistas convidados.
Em sua carta ao leitor, o editor Emanuele Farneti descreveu o que envolve preencher as páginas de uma revista de moda com fotos originais criadas e realizadas por sua equipe: “Cento e cinquenta pessoas envolvidas. Cerca de vinte vôos e uma dúzia de viagens de trem. Quarenta carros em espera. Sessenta entregas internacionais. As luzes acendem por pelo menos dez horas sem parar, parcialmente alimentadas por geradores a gasolina. Resíduos alimentares provenientes dos serviços de catering. Plástico para embrulhar as roupas. Eletricidade para recarregar telefones, câmeras…”.
Realmente, é hora de todos repensarem ações e hábitos. Se começarmos a fazer essa conta, veremos que de fato um ajuste é necessário. Nesta edição, Emanuele fez um primeiro teste, certamente um dos mais difíceis para uma publicação de moda: não fotografar – os ensaios ilustrados também mostram roupas (com seus devidos créditos) e modelos.
A revista chega às bancas nesta terça (07.01) e traz uma seleção de capas diferentes, cada uma com uma modelo diferente vestindo Gucci.
Vanessa Beecroft (em seu primeiro projeto de ilustração), Cassi Namoda, pintora afro-americana, o artista de comics eróticos Milo Manara, a pintora francesa Delphine Desane, o artista David Salle, o italiano Paolo Ventura e o japonês Yoshitaka Amano que pintou Lindsey Wixson em uma das capas mais bonitas entre todas.
A Vogue italiana também está entre as primeiras publicações internacionais da Condé Nast a usar embalagens plásticas100% compostáveis.
Inventar novas maneiras de criar é um baita exercício e, ao contrário do que se imagina, pode significar ainda mais liberdade. Basta pesquisar a revista Vogue no início de sua história, pré-fotografia, e admirar suas capas ilustradas e como o logo brincava com cada desenho, nunca estático, nunca o mesmo.