O mundo vem mudando, se abrindo para novas práticas e ideias, mas o mais importante é que uma nova mentalidade está sendo injetada no coletivo, como um filtro que envolve nossos olhos e muda nossa perspectiva em relação ao mundo e a forma como o enxergamos.
Duas palavras irão reger essa década: propósito e valor. Repensar estratégias, agir com transparência, criar ações significativas e conteúdo que chama atenção por sua relevância são chave para qualquer planejamento de marketing. As empresas precisam se concentrar em ação com mudança positiva. Sempre deveria ter sido assim! E apenas agora, quando estamos no meio da transformação, que enxergamos com clareza como estávamos anestesiados consumindo passivamente sem nunca questionar: de onde vem? quem fez? do que é feito?
Consumidores, ativistas e funcionários estão pressionando as empresas de moda a serem cada vez mais diversas, inclusivas e transparentes. Vemos designers trabalhando ao lado de engenheiros, biólogos e cientistas para, juntos, criarem as tramas que poderão substituir o couro e a seda, por exemplo. Marcas e start-ups estão explorando alternativas aos materiais padrão, criando novas fibras, têxteis e acabamentos que em breve poderão ser escalonados.
Na paralela, negócios que nasceram nessa virada mostram que suas iniciativas não apenas são mais consistentes com o momento atual, mas também altamente lucrativas. Ou seja, existe uma indústria pulsante crescendo em torno do propósito e cada vez mais pessoas desejam comprar de marcas que refletem seus interesses.
Com o crescente apelo da conscientização ambiental e social do consumidor, um número crescente de grifes está começando a entender a enorme oportunidade de mercado que se abriu, tendo a sustentabilidade como principal valor.
Mas ainda existe uma realidade dura na indústria da moda que é difícil de ser impactada. Estima-se que 50 milhões de toneladas de roupas são descartadas todos os anos e a maior parte não será biodegradável em aterros sanitários (materiais sintéticos como poliéster ou nylon também podem jogar produtos químicos na terra e, se forem incinerados, podem se tornar cancerígenos).
Portanto, o maior desafio hoje (para nós, consumidores, e marcas) é repensar como podemos transformar nossas roupas sem que ela perca o valor. Quando doamos uma peça ou jogamos uma roupa manchada ou rasgada fora, nosso problema parece ter sido resolvido ali, mas precisamos nos acostumar a olhar para as coisas e entender que nada simplesmente “desaparece”.
Para as empresas é um desafio e tanto: elas precisam fornecer produtos de acordo com a demanda dos consumidores e a pressão dos investidores, impulsionar a inovação e novas maneiras de trabalhar, além de mudar coletivamente os hábitos dos consumidores e abraçar, de uma vez por todas, a construção de um futuro mais limpo e justo. Se queremos uma indústria da moda mais sustentável, isso depende de fazer uso do que já existe.