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    Luxo e seu significado
    Luxo e seu significado
    POR Augusto Mariotti

    Por Carlos Ferreirinha*, especial para o FFW

    Liz Taylor foi dona das joias mais raras e esplêndidas, ainda hoje consideradas sinônimo de total exclusividade ©Reprodução

    O LUXO. Como identificá-lo? Essa palavra tão curta, restrita, intensa e que se origina do latim LUX, significa LUZ! Seu significado vai muito além, uma vez que define de estilo de vida, comportamento e status até alguns setores econômicos. A palavra lux ou luz está intimamente ligada ao brilho, à intensidade e ao magnífico, por isso só a palavra luz consegue nos levar ao entendimento de que o luxo traduz algo adorado, esplêndido, perfeito e belo.

    Mas o luxo, que existe desde a Era Paleozóica, veio se transformando e adequando até chegar aos nossos tempos modernos. A evolução do luxo fez com que o mesmo deixasse de ser apenas um estilo de vida concedido a poucos e fosse democratizado, tendo como combustível a essência do capitalismo: o lucro. Esta transformação facilitou aparentemente o acesso ao luxo quando se trata de bens facilmente  adquiridos; por outro lado, o mesmo sistema permitiu a democratização e intensificou ainda mais sua inacessibilidade quando os artigos independem de qualquer correção inflacionária ou econômica, ou seja, o que hierarquiza o bem de luxo não é apenas o seu preço, mesmo que este seja um importante balizador para os sonhos, mas também os desejos e a essência em si, fundamentais para o processo de vendas. Neste contexto podemos identificar três hierarquias do luxo:

    * Inacessível

    * Intermediária

    * Acessível

    Manter-se consumidor de bens de luxo inacessível é cada dia mais difícil; por outro lado, aqueles que se mantêm nesta posição têm um poder de compra cada vez maior, da mesma forma que, cada vez mais, os consumidores de bens de luxo acessível e intermediário raramente conseguem ultrapassar a barreira do inacessível, ou seja, o acessível está cada vez mais acessível e o inacessível, cada vez mais inacessível, alimentando ainda mais o motor  do luxo, que é o desejo! Quanto mais inacessível estiver uma hospedagem no Ritz ou um colar cravejado de diamantes, mais pessoas os desejarão.

    Um produto de luxo acessível funciona como um dispositivo para aumentar a velocidade de compra do potencial novo cliente.

    Independentemente de estarmos na era em que tudo é mutável, afirmo que o luxo só deveria ser reconhecido como tal quando algumas regras coexistirem, sendo uma delas o conceito da inacessibilidade, do preço, da gestão do desejo, da distribuição precisa e seletiva, da atemporalidade, do alto grau de excelência, da qualidade acima do esperado… da sedução, do que é belo…

    O luxo, entretanto, ainda tem os valores de tradição, história, artesania e excelência de detalhes, como seus maiores ativos.

    Massificar o luxo talvez seja a consequência de toda essa transição pela qual o mundo está passando. Refiro-me à Era do Nunca e aos Tempos Hipermodernos. O luxo nunca foi tão valorizado, mas precisou também se renovar, se inventar… Massificar talvez fosse uma ideia abominada há algumas décadas pelos proprietários das maisons; por outro lado, isso se fez necessário… O luxo historicamente foi sempre para poucos e sempre esteve associado diretamente à aristocracia. O mundo mudou, o dinheiro mudou de mãos, novos comportamentos de consumo surgiram, o mundo está rápido, o consumo está focado em sensações e emoções, não mais em produtos! Estamos em um novo tempo, em uma nova era! O luxo precisava acompanhar este momento. O luxo virou segmento expressivo de negócios e, para isso, sua base de consumo e acesso teve de ser aumentada, fomentada e potencializada. E isto vem se aplicar fortemente e muito bem aos países latino-americanos como o Brasil e o Chile.

    Atualmente, o que temos são operações de negócios importantes para a economia. Negócios com grandes investimentos em marketing, comunicação, desenvolvimento de produtos, logística e distribuição. É fascinante um determinado produto ser desejado fortemente por indivíduos em diversos pontos do mundo. Estratégia! Toda expansão do luxo contemporâneo nos obriga a reconsiderar valores e crenças. O luxo, atualmente, é uma bem-sucedida experiência profissional, ainda que bem temperada por aquilo que todos os segmentos almejam: o poder do desejo… do sonho… do lúdico… do subjetivo… do prazer!

    Entender as práticas do setor do luxo e aplicá-las no dia-a-dia profissional é possuir uma poderosa vantagem competitiva neste mundo marcado pela instabilidade e pela mudança. Conhecer o sucesso de certas corporações é estar com o que há de mais moderno em gestão empresarial. Entender os insucessos é a forma mais eficaz de preveni-los.

    O reconhecimento do luxo com todos os seus códigos, com toda a sua história e, mais que isso, interpretá-lo sem miopia nos tempos de hoje, carregados de hierarquizações e massificações, é fundamental para que o luxo seja visto como um novo e forte segmento de negócios do mundo contemporâneo.

     

    *Carlos Ferreirinha é fundador e Presidente da MCF Consultoria, especializada no negócio do luxo e premium, líder no Brasil e na América Latina.

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