“Avatar” (2009) foi a grande obra do cinema que revitalizou o uso da tecnologia 3D ©Reprodução
Em 2009, o mundo conheceu o filme “Avatar”, projeto ambicioso de James Cameron, que demorou quase 14 anos tirá-lo do papel. Apesar de que falar sobre a ambição e grandiosidade de filmes deste diretor é quase uma redundância, “Avatar” está no topo das bilheterias de todos os tempos principalmente por outro fator: a popularização do cinema 3D. Desde então praticamente não há um filme hollywoodiano de ação ou aventura que não tenha sido produzido usando tecnologia 3D, seja nas filmagens ou na pós-produção.
O WGSN fez uma matéria sobre o assunto, intitulada “O futuro do 3D na publicidade”, onde ressalta a importância de Hollywood para a popularização do 3D, que se tornou uma espécie de artimanha infalível para conseguir uma alta bilheteria. Assim, as pessoas começaram a pagar mais caro para assistir a filmes 3D que não acrescentavam em nada. Mas há esperanças. Jeffrey Katzenberg, CEO da DreamWorks Animation, diz acreditar no futuro do 3D: “Se você coloca ferramentas nas mãos de visionários, talentos verdadeiros, elas conseguem ser incríveis”.
Mas e quando isso irá sair de Hollywood? Já saiu e aos poucos está incorporando outros setores, principalmente o da moda. Não existe marca melhor para começar a falar de inovação do que a Burberry: já conhecida como a marca mais eficiente nas redes sociais, ela também foi pioneira no uso da tecnologia quando passou o vídeo do desfile de sua coleção Inverno 2010 ao vivo em 3D para fashionistas em Tóquio, Nova York, Paris e outras capitais. Pouco depois, a Armani Exchange soltou a sua campanha em 3D para a mesma temporada. Já em setembro de 2011, Nicola Formichetti realizou um vídeo para a Mugler em sua loja pop-up em Nova York, além de permitir que as pessoas interagissem com seus iPads.
Campanha 3D da Armani Exchange Inverno 2010:
Interação e realidade. É nestes fatores que Robin Harvey da Atelier, parte da agência de publicidade Leo Burnett, acredita que reside o verdadeiro futuro na moda. “A indústria de moda tem usado muito bem o 3D em projeções por mapping e hologramas”. A Ralph Lauren demonstrou isto em 2010, com projeções nas fachadas de suas lojas em Nova York e Londres. Já em abril de 2011, a Burberry realizou um evento para celebrar a abertura de sua nova loja em Pequim com mistura de projeção 3D com hologramas e modelos reais:
Para além do espetáculo
Para Norma Kamali, a tecnologia 3D pode e deve ir além do espetáculo. No final de 2011, Ermenegildo Zegna lançou sua loja online 3D, onde a atriz Milla Jovovich aparece como hostess de um ambiente onde o usuário pode navegar pelas prateleiras e vestir modelos com suas roupas. Até um novo nome está sendo promovido pelo criador do conceito, James Lima, que também trabalhou em “Avatar”. Em vez do website, temos o webplace.
As marcas Brooks Brothers e a Selfridges também pensam da mesma maneira e criaram um sistema onde um leitor faz uma leitura do corpo do cliente para que este possa “experimentar” roupas em suas lojas virtuais. Apesar de ser uma ideia genial, a tecnologia ainda é cara demais para ser encontrada em qualquer lugar.
Loja virtual 3D da Ermenegildo Zegna para o iPad:
O que o futuro nos reserva?
Apesar de parecer perfeitamente engatilhado, Robin Harvey da Atelier diz que tudo irá depender do sucesso da tecnologia, ou seja, se as televisões 3D começarem a ser vendidas, o mercado irá atrás, mas não é o que está acontecendo agora. O cinema parece estar bem consolidado quanto a isso, mas não se vê ou ouve falar de muitas pessoas que compraram um aparelho 3D para suas casas.
É claro que o otimismo prevalece. No mundo da moda, o 3D ainda está em fase de experimentos, mas o que todos ressaltam é a importância de se ter em mente que o seu uso deve ter um sentido, uma utilidade, e não somente ser usado para encantar o público. Nas palavras de Chris Spencer, diretor da Brand Transparency: “Atualmente me parece que o 3D é um brinquedo. Com o tempo nós vamos ver um firmamento entre o entretenimento, info-entretenimento, brand utility e brand experience”, com os dois últimos termos se referindo a elementos em produtos que deem sentido e agreguem um valor às vidas de quem os consome.
+ No Blog: ainda não viu “Pina”? Filme é bela experiência visual