Por Guilherme Meneghetti
Numa época em que tanto se questiona noções de fronteiras no mundo todo, a representação oficial de territórios e suas características ganha nova perspectiva, trazendo outros olhares para a cartografia, o que proporciona novas possibilidades para registrar e ocupar a cidade ao mapeá-la. Neste contexto, a Melissa encontrou o ponto de partida para a criação do Verão 18, intitulado Mapping.
De fato, estamos num momento em que muito se fala sobre noções de fronteiras e territórios. Na arte, por exemplo, o tema serviu como fio condutor para Ai Weiwei e o cineasta Alejandro Iñárritu, cada um à sua maneira. Por outro lado, a cartografia se faz presente incessantemente no dia a dia, dando vez a vertentes colaborativas e registros de localização cada vez mais abrangentes.
A exemplo do Instagram, em que a localização ajuda a ambientar os usuários conforme o cenário da foto, além de servir como recurso de mapeamento ao compilar os registros de todos que passam por determinada região. Apps como Waze e Google Maps, então, são uma mão na roda para explorar e ocupar a cidade. E assim a rede vai se retroalimentando o tempo todo, quando todos colaboram ao compartilhar informações em tempo real. Nesse sentido, a representação de mapeamento vai além das coordenadas, até porque tudo pode ser mapeado: hábitos de consumo, a rotina dos bairros, poder aquisitivo, a dinâmica de conflitos sociais e por aí vai…
Assim como a coleção Mapping, que também não se prende a noções de localização. A ideia foi pensar no mapeamento da cultura de moda de lugares e “não-lugares”, onde pessoas tornam-se agentes locais das regiões onde circulam. A partir daí, surgiram três elementos determinantes: a arquitetura, como contadora de histórias; os aspectos industriais, como reflexo de avanços transformadores; e o movimento orgânico, pensando no trabalho manual junto a comunidades.
O conceito que impulsionou o Verão 18 foi também uma forma que a marca aproveitou para olhar o seu próprio local: juntos, os solados de todos os modelos da coleção formam o mapa de Farroupilha, Rio Grande do Sul, cidade-sede da Melissa e onde as peças foram pensadas e produzidas. Além disso, dez itens principais foram escolhidos para receber nomes de lugares e “não-lugares”, todos representados por coordenadas que configuram a presença da marca em diferentes pontos do planeta.
Verena Smit assina a concepção visual da campanha, que foi clicada por três fotógrafos: Cassia Tabatini, Cecilia Duarte e Hick Duarte. A artista visual, que já colaborou com a Gucci, também assina o logo da coleção, criado a partir do desenvolvimento de mapas de lugares fictícios.