O ano de 2019 está apenas no início, mas já dá indícios de que será um ano marcante para modelos transgêneros masculinos. Apenas em fevereiro, vimos Finn Buchanan desfilando para a Celine e Krow Kian fechando o desfile feminino da Louis Vuitton e estrelando a capa da L’Uomo Vogue.
Agora, é a vez de Nathan Westling anunciar que é trans e está em processo de transição – seu cabelo está curto, sua voz mais grossa e ele ganhou quase 10 quilos. Nós conhecemos Nathan como Natalie, a ruiva de cabelos cheios que vimos em campanhas da Louis Vuitton (com quem veio ao Brasil para o desfile de Resort no Rio), Marc Jacobs, Saint Laurent, Valentino, Prada e Dior e em muitas passarelas nos últimos anos.
A esta altura, Nathan já havia feito algumas fotos novas com Collier Schorr e o site Models.com também tinha atualizado seu perfil – como Natalie, estava entre as top 50 no ranking, posição que não foi mudada por conta de sua transição. “Cheguei a um ponto em que estava cansada de existir. Via como as pessoas viviam suas vidas, acordavam, se sentiam bem e podiam fazer as coisas. Eu não conseguia”, diz Westling em uma entrevista exclusiva para a CNN.
Nathan conta que tem essa sensação de não pertencimento desde criança, sentindo-se totalmente fora de lugar com as meninas no parquinho e conectando-se facilmente com os meninos. “Esse foi o momento inicial que despertou minhas dúvidas sobre gênero, mas com o passar do tempo e com a idade, ficou ainda mais aparente
quando a puberdade chegou”.
Aos 16 anos, sua mão o fez trabalhar como modelo, uma vez que tinha os atributos que a moda tradicionalmente busca. Skatista, a passarela era o último lugar que ele imaginava estar, mas sua experiência com a moda também foi importante para entender sua identidade.
O fato é que Nathan, que tem apenas 22 anos, passou a última década tomando remédio para tratar depressão e ansiedade, até que decidiu que precisava cuidar da questão que sabia ser a causa de tudo. Mudou-se de Nova York para Los Angeles e lá começou a transição de Natalie para Nathan. “Os primeiros meses foram muito difíceis e só senti que finalmente havia acordado para a vida quando as mudanças físicas começaram a se alinhar com meu estado mental e emocional”, diz o modelo. “Não posso nem imaginar voltar para onde estava antes de tudo isso porque era só escuridão”.
Ele pulou as últimas duas temporadas de moda (desfilando apenas para Marc Jacobs e Louis Vuitton em outubro 2018) e começou a tomar testosterona há seis meses. Seu último post no Instagram foi no início de novembro, uma foto para a Hugo Boss que é um close de seu rosto, como uma despedida à Natalie. Até ontem, quando postou o retrato tirado por Collier Schorr já como Nathan. A resposta tem sido de suporte total, com apoio e corações deixados por Riccardo Tisci e Rodarte.
View this post on Instagramclosed my first menswear show @berluti thanks so much @h.a @marieameliesauve @pg_dmcasting!!!!
Modelos trans masculinos ainda são raros e quando Nathan voltar a trabalhar, será um dos meninos mais famosos devido a sua experiência anterior. Seus agentes estão em contato com seus principais clientes e a resposta tem sido positiva e de apoio. Ainda assim, ele não sabe o que vai acontecer e onde sua carreira irá leva-lo. Por enquanto, está apenas curtindo o simples prazer de ser chamado por “ele” e apreciando o apoio de seus amigos e familiares.
Entre seus planos está uma cirurgia para reconstruir o peito, voltar a morar em Nova York, se conectar com a comunidade trans e voltar a trabalhar como modelo. “É como se eu tivesse usado uma máscara minha vida inteira. Agora não estou interpretando uma personagem nem tentando ser quem eu não sou. Não estou mais preso neste momento estranho de ter que estar no meio. Tem sido uma jornada e tanto e estou muito feliz de ter encontrado esse caminho e ainda numa idade tão jovem”.