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    A história da modelo do interior da Bahia que vendeu pirulitos para realizar um sonho

    Guardem o nome de Juliana Lírio. A menina do interior da Bahia que sonha em ser modelo está em uma maré de sorte. E para quando a sorte não pintar, ela pode contar com sua própria determinação, que vai derrubando as barreiras que aparecem em seu caminho. E, aos 20 anos, Juliana já destruiu muitas delas.

    Para começar, ainda criança perdeu a convivência com o pai e a mãe – o pai, lutando com problemas de alcoolismo, se afastou da família; a mãe teve um avc sério e também não pôde cuidar de Juliana e de sua irmã mais nova.  Assim, elas foram criadas pela avó, na cidade de Brumado, interior da Bahia, a cerca de 550 km de Salvador.

    Na escola, sofria bullying por ser muito magra. Foi quando viu um desfile na televisão que teve um insight do que poderia fazer. “Quando via mulheres com as pernas do tamanho das minhas desfilando e o povo ainda aplaudindo, pensei: é isso o que tenho que fazer”, conta em um papo por telefone. Até então, Juliana não comentava com ninguém seu desejo em ser modelo. “O pessoal ia achar que era algo muito distante pra uma menina do interior”, diz.

    Até que um dia, uma agência de modelos chegou em sua cidade para fazer um workshop e selecionar algumas meninas para se apresentar em uma convenção em Salvador, onde elas seriam apresentadas para outras agências brasileiras. Porém, esse workshop era pago e Juliana não tinha dinheiro. Pegou um pouquinho com a avó, outro pouco com uma amiga e o que faltou fez uma rifa valendo uma caixa de cerveja. Pagou o workshop.

    A próxima fase, a convenção em Salvador, também era paga e custava ainda mais caro por conta de passagem e hospedagem. Conseguiu uma ajuda com um conhecido e começou a fazer pirulitos pra vender no intervalo do colégio, que ficaram conhecidos como os “Pirus da Ju”.  As pessoas também encomendavam e, assim, ela dividia sua rotina entre a produção dos pirus, a escola e o sonho (como modelo é desfilar no SPFW e seu “sonho de vida” é ter sua própria casa).

    Agora, nesse momento, a sorte entra na história. Ju fez um video no Instagram pra ajudar na venda dos pirulitos e muitas amigas compartilharam. O video foi parar nas mãos de Paulo Borges, fundador do SPFW, que também compartilhou. “Quando minha amiga me contou, achei que tava tirando com minha cara. Mas na hora pensei: agora vai dar certo!”, lembra.


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    Tudo isso aconteceu há menos de dois meses. Juliana foi contratada pela agência Mega e está morando em São Paulo, em um apartamento que divide com outras modelos. “Essa cidade é muito grande, ainda estou meio perdida aqui”.

    Juliana surge em um momento em que a moda tem valorizado a beleza negra cada vez mais e a urgência por mais diversidade e representatividade faz com que marcas, não apenas no Brasil, mas no mundo, aumentem sua presença na passarela e campanhas. “É importante que as pessoas nos vejam e enxerguem nosso potencial”, diz.

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