A pandemia do Covid-19 está abalando o setor da moda, levando marcas grandes e pequenas a reavaliar o sistema tradicional – concebido numa era pré-internet e pré-globalização – que há muito governa a abordagem da indústria para criar, mostrar, entregar e descontar coleções enquanto alguns negócios anunciam recuperação financeira ou mesmo fechamento de portas definitivo.
Reunimos nesse post, que será atualizado diariamente, todas as mudanças e discussões mais importantes que estão acontecendo na moda nacional e internacional no mês de maio.
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28/05/2020
Santaconstancia, tecelagem da família de Costanza Pascolato entra com pedido de recuperação judicial
Segundo a jornalista Monica Bergamo, da Folha de SP, a tecelagem fundada pelos pais de Costanza Pascolato, Gabriela e Michele, fundada em 1948 , entrou com pedido de recuperação judicial.
Esse tipo de recurso ocorre quando a empresa não consegue honrar o pagamento das dívidas no prazo. O pedido, segundo a tecelagem, foi uma ação preventiva tomada para resguardar a operação da empresa a partir de um plano de recuperação. A crise provocada pelo coronavírus foi o motivo alegado pela empresa para a entrada no pedido.
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25/05/2020
Gucci é a mais nova grande marca a anunciar que fará menos desfiles e abandonará a sazonalidade
No final de semana, a Gucci, através do Instagram de seu diretor criativo Alessandro Michele, anunciou que abandonará o modelo de estações (o SPFW fez essa mudança em 2016) para suas próximas coleções e deixará de fazer 5 desfiles para fazer apenas 2 por ano, juntando desfiles masculinos e femininos e deixando de mostrar as pré-coleções. O designer escreveu que após a quarentena está mais consciente e sente a necessidade de um tempo diferente, liberado de outros prazos impostos que arriscam humilhar a criatividade.
“Abandonarei o ritual desgastado das sazonalidades e desfiles para ganhar uma nova cadência” diz Michele no post entitulado “notes from the silence”.
A decisão de uma mega marca como a Gucci de deixar de lado as temporadas e reduzir o número de desfiles anuais dá outro peso as mudanças recentes anunciadas por outros designers como Giorgio Armani e dá impulso às mudanças que a moda já discutia antes da pandemia e que agora parecem se acelerar.
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Enquanto isso as marcas do grupo LVMH permanecem em silêncio
Enquanto Gucci e Saint Laurent, do portifolio de marcas do grupo Kering se manifestam, até o momento nenhuma marca do grupo LVMH anunciou qualquer mudança e permanecem em silêncio sobre qualquer mudança em termos de calendário, coleções e desfiles.
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15/05/2020
Propostas para reformular o sistema da moda
Coleções de inverno desembarcando nas lojas quando os termômetros marcam 30 graus; coleções de primavera sendo vendidas com descontos antes das primeiras flores da estação brotarem; excesso de promoções e liquidações antecipadas. Esses tem sido alguns dos problemas que a marcas e designers autorais de moda tem vivido nos últimos anos aqui no Brasil e lá fora.
Os estilistas brasileiros junto a um grupo de showrooms foram os primeiros a anunciar um pacto para a mudança do calendário no Brasil. Dias depois o estilista belga Dries Van Noten, junto a um grupo de outros estilistas e lojas multimarcas também divulgaram uma carta propondo mudanças parecidas e logo foram seguidos por um outro grupo que com o apoio do Business of Fashion lançou o manifesto Rewiring the Fashion System.
O que todos querem? Menos coleções por ano (idealmente duas), coleções sendo vendidas dentro das respectivas estações e menos promoções e liquidações.
O sucesso, no entanto, está longe de ser garantido. Primeiro, não se tratam de acordos legais, mas de sugestões. Segundo, não existem leis que regulamentem essas datas. Na França existe uma legislação que regulamenta as datas das liquidações, porém muitas marcas e lojas tem criado ações disfarçadas de vendas especiais para adiantar e ampliar as promoções.
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28/04/2020
Saint Laurent sai do calendário oficial da PFW
Enquanto marcas e organizações decidem os próximos passos das semanas de moda para este ano, a Saint Laurent saiu na frente anunciou que se retirará do calendário oficial de desfiles de Paris para apresentar suas novas coleções em seu próprio ritmo. Pelo menos em 2020.
“Consciente das circunstâncias atuais e de suas ondas de mudanças radicais, a Saint Laurent decidiu assumir o controle de seu ritmo e reformular sua programação”, diz um comunicado postado no Instagram da marca.
A Saint Laurent então vai deixar o calendário feminino e não desfilará junto com todas as outras marcas em setembro (se é que os desfiles acontecerão). “A SL não apresentará suas coleções em nenhum dos horários pré-estabelecidos de 2020 e se apropriará de seu calendário e lançará suas coleções seguindo um plano concebido com uma perspectiva atualizada, impulsionada pela criatividade”.
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22/04/2020
Semanas de moda de Londres, Milão e Paris anunciam desfiles digitais
Após a experiência 100% digital testada pela Shanghai Fashion Week em março, a London Fashion Week, a Camera Moda italiana e a Federação Francesa de Alta Costura anunciaram mudanças na mesma direção para as semana de moda de cada país.
Os desfiles da temporada masculina do verão 2021 que aconteceriam em junho ocorrerão de uma nova maneira, em uma plataforma digital e destinada tanto à buyers quanto ao consumidor. “É essencial olhar para o futuro e para a oportunidade de mudar, colaborar e inovar. A atual pandemia leva todos nós a refletir mais pungentemente sobre a sociedade em que vivemos e como queremos viver nossas vidas e criar nossos negócios”, comentou Caroline Rush, CEO do BFC.
As organizações prometem além dos desfiles e apresentações, entrevistas, podcasts, diários dos designers, seminários online e showrooms digitais, tudo aberto para todos, profissionais, consumidores e fãs.
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As principais marcas e lojas que pediram falência ou fecharam as portas em 2020
Lulu Guinness (Inglaterra)
J.C. Penney (Estados Unidos)
Neiman Marcus (Estados Unidos)
ALDO (Canadá e Estados Unidos)
Barneys New York (Estados Unidos)
J.Hilburn (Estados Unidos)
J. Crew (Estados Unidos)
True Religion (Estados Unidos)