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    O progresso sustentável da moda
    O progresso sustentável da moda
    POR Redação
    Stella McCartney, uma das estilistas na vanguarda de novas fibras e materiais / Reprodução

    Stella McCartney, uma das estilistas na vanguarda de novas fibras e materiais / Reprodução

    Por Larissa Roviezzo, em colaboração para o FFW

    O ano de 2018 foi de grandes contestações, novos projetos e um aumento da preocupação com diversas causas ao meio ambiente, inclusive no mundo da moda. Para isso, foram feitos notórios avanços na agenda sustentável mundial, que inspiram a traçar planos promissores para este ano de 2019.

    No ano passado, veículos de comunicação, organizações e marcas consagradas se pronunciaram e fortaleceram a importância do assunto. Evidentemente, parte dessa grande relevância, especialmente no caso de marcas já estabelecidas, vêm da demanda criada pela mudança de pensamento e valor do consumidor. Como já falamos aqui, os consumidores de hoje esperam cada vez mais das empresas e não responder a essas expectativas pode ter um impacto direto na marca.

    Em tempos nos quais as mídias sociais têm uma grande influência no consumo e oferecem um canal direto de comunicação entre consumidores e marcas (como vimos a desaprovação dos seguidores da Burberry frente ao escândalo que revelou a incineração de US$ 37 milhões em produto em 2018) , grandes atores entenderam a importância de alinhar suas ações para atender a essas expectativas. Tal consciência chegou também às marcas mais clássicas, que concluíram que o consumidor do mercado de luxo hoje também aprecia novos conceitos.

    Empresas têm se pronunciado sobre profundos impactos, visando se alinhar a uma agenda de responsabilidade social mais atual e dinâmica. Algumas, inclusive, já resolveram abandonar aquilo que um dia representou o status de poder na indústria da moda: o uso de pele de animais em suas coleções. Outros, como no caso da Chanel, anunciaram que deixarão de fabricar produtos feitos a partir do couro exótico, revelando a dificuldade de garantir práticas éticas e transparentes mediante esta fonte de matéria-prima.

    Ao mesmo tempo, uma revolução no qual particularmente me identifico e merece um texto inteiro, se aproxima. A matéria prima está se desenvolvendo e estamos vendo o crescente uso de novas fibras como a de abacaxi, o estudo do uso de bactérias no processo de tingimento e o investimento em pesquisas e tecnologia para materiais desenvolvidos em laboratório visando substituir o couro de animal. Inovações que facilitam uma matéria prima com baixa emissão de gases do efeito estufa e um novo olhar aos recursos naturais no início da cadeia têxtil (texto sobre isso em breve!).

    Seguindo a tendência de ação responsável, outros membros do setor privado deram início a importantes parcerias. Lançado em Katowice, na Polônia, em dezembro de 2018, na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2018 (COP24), marcas como Puma e Stella McCartney se comprometeram com o “Plano de ação contra a mudança global do clima”, em parceria com a ONU.

    Diferentes membros da indústria têxtil, como marcas, associações do setor têxtil mundial e organizações sem fim lucrativos, integram um grupo de trabalho comprometido a acessar a cadeia têxtil para identificar e ampliar as práticas em correspondência com as metas climáticas estabelecidos em Paris, em 2015. Os grupos que serão formados no primeiro semestre de 2019 têm como objetivo definir os próximos passos entre os pontos acordados na carta, assim como a eficácia e ação para a descarbonização e redução de emissões de gases do efeito estufa.

    No segundo relatório anual desenvolvido pelo portal de notícias Business of Fashion com a empresa de consultoria empresarial McKinsey & Company, a sustentabilidade ocupa parte importante e fundamental no sistema atual no mundo da moda. O The State of Fashion 2018 afirmou mais uma vez que o tópico deixou de ser compromisso do departamento de responsabilidade social corporativa e assume gradativamente o papel central para o planejamento e princípios da cadeia têxtil.

    Parcerias e inovações serão conduzidas pela sustentabilidade, promovendo assim desenvolvimentos tecnológicos que viabilizam soluções, como a reciclagem de fibras. Outro relevante relatório desenvolvido pela a Global Fashion Agenda (GFA) em parceria com o Boston Consulting Group (BCG) permite que empresas comparem seus esforços e ações com outros autores do setor, estabelecendo assim referências para o desenvolvimento da agenda. Além de servir como um guia inspirador de ações concretas, o relatório descreve as dificuldades e as oportunidades a serem trabalhadas. 

    Vale lembrar também que até 2018, mais de 94 empresas se comprometeram com o plano de moda circular lançado pela GFA em 2017, visando acelerar a transição de marcas e varejistas para este sistema. Está na hora do tópico ser abertamente discutido e abordado de uma maneira ativa e crítica por universidades e empresas.

    Para mostrar que esse ano promete, o relatório “Fixando moda: consumo de roupas e sustentabilidade” lançado no mês passado pelo Parlamento do Reino Unido, apresenta números que registram o impacto do consumo da moda descartável no país. Cerca de 300.000 toneladas de resíduos têxteis acabam em lixeiras domésticas todos os anos, enviadas para aterrar ou incineradas, e menos de 1% do material usado para produzir roupas é reciclado em roupas novas no final de sua vida útil.

    O relatório que demanda ações responsáveis entre o setor privado e o governo, sugere iniciativas como atribuir aos varejistas a criação de programas que ensinem o comprador a consumir moda de maneira sustentável e o estímulo, mediante uma redução de impostos, a empresas que oferecerem serviços que prolongue a vida dos produtos.

    Sem dúvida, 2019 será um ano de grandes avanços e seguimos acompanhando o próximos passos da indústria. E você, sabe por onde começar?

    Larissa Roviezzo é mestre em sustentabilidade na moda pela ESMOD e mora em Berlin. Com experiência em marketing e desenvolvimento de produto, é especialista em estratégia de moda sustentável.

    *Os artigos assinados são de exclusiva responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião deste site.

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