Após 17 anos na Burberry, Christopher Bailey irá deixar a casa em março de 2018. A notícia saiu nesta manhã (31.10) no Business of Fashion.
“A Burberry passou por uma transformação incrível desde 2001 e Christopher tem sido instrumental para o sucesso da empresa durante esse período. Ao mesmo tempo que estou triste por não trabalhar com ele por muito tempo, o legado que ele deixa e o grande talento que temos aqui dentro da Burberry, me dá uma confiança enorme no futuro”, diz o CEO Marco Gobbetti. “Temos uma visão clara do próximo capítulo para acelerar o crescimento e o sucesso da marca e estou animado com a oportunidade que vem pela frente para nossa equipe, parceiros e acionistas”.
Novo CEO da empresa, Gobbetti já executou a mesma função na Céline, Givenchy e Moschino. Ele entrou na Burberry em janeiro deste ano com foco no Oriente Médio e Ásia, mas assumiu o cargo de CEO em julho. Anteriormente, a posição era do próprio Bailey, além de diretor criativo. Segundo informações do mercado, foi um pedido direto dos investidores para que as duas funções fossem dirigidas separadamente. No mesmo período, a marca também contratou Julie Brown, que vem da indústria de suprimentos médicos, para atuar como chefe de operações e finanças. As mudanças indicam um movimento forte em relação ao business.
Em um momento em que nomes como Alessandro Michele, Demna Gvasalia e Virgil Abloh estão dominando o espaço e construindo um novo momento na moda, muitas marcas devem estar repensando seus negócios.
O desfile mais recente, de Verão 18, já mostra uma mudança forte de atmosfera criativa. Há um foco ainda maior em produto e a imagem, de uma maneira geral, está bem mais jovem, vibrante e colorido.
A marca fez uma linha em colaboração com o russo Gosha Rubchinskiy, outro nome da geracão nova que tem ganhado bastante atenção. Gosha olhou justamente para um período em que a Burberry era negativamente associada aos hooligans e ao nouveau riche, no início dos anos 2000, quando jogadores de futebol e fãs passaram a usar a marca. mistura a tradição britânica. O movimento ganhou o nome de chav culture (chav é um termo usado no Reino Unido para descrever jovens da periferia com postura agressiva e anti-social). “Os britânicos sabem mais sobre os chavs, mas eu tenho amigos mais velhos que são fãs de futebol e ainda amam a Burberry, disse o estilista à i-D. Assim, a coleção equilibra a assinatura de Rubchinskiy, que remete à estética russa, esporte e tradição.
Gosha também assina alguns retratos feitos para a exposição #hereweare que podem ser vistos no Instagram da Burberry, ou seja, seu olhar, seja em roupas ou imagens, está impregnado na Burberry. Será ele apontado novo diretor criativo quando Bailey terminar seu reinado de quase 20 anos?
Em um programa da CNBC em julho deste ano, Luca Solca, diretor geral de bens de luxo na Exane BNP Paribar holding que controla a marca, diz: “o problema da Burberry é que ela se apoia muito em seus ícones e clássicos em um mercado que demanda novidade”. Ele foi perguntado pela repórter se então era o caso de uma mudança na direção criativa ao que Solca responde que essa é uma decisão que será tomada pelo novo CEO. “O que vemos em uma série de casos é que, quando você precisa de novas ideias, você tem que substituir o diretor criativo. Vimos, por exemplo, na Gucci, que até dois anos e meio atrás estava realmente lutando até que tudo mudou quando Alessandro Michele entrou em cena”. Ou seja, morte anunciada. Mas é natural que a entrada de um novo CEO signifique grandes mudanças à vista.
“Após 17 anos e uma contribuição gigante para a Burberry, nós apoiamos a decisão do novo CEO Marco Gobbetti para virar a página e procurar um novo talento criativo para a marca”, diz Luca Solca, diretora da área de luxo na Exane BNP Paribas.
Vale lembrar que Christopher Bailey causou uma transformação na Burberry e na indústria. Sempre à frente das outras marcas no que diz respeito a tecnologia, foi sob seu comando que a marca passou a operar em see now buy now antes de todo mundo. Foi também uma das primeiras a transmitir um desfile ao vivo por uma rede social, além de ter apoiado diversos jovens atores e músicos britânicos. “Foi um privilégio que minha vida profissional se passou dentro da Burberry, trabalhando com um grupo extraordinário pelos últimos 17 anos. Acredito, porém, que o melhor ainda está por vir. Estou animado em buscar novos projetos criativos, mas me mantenho totalmente comprometido ao sucesso dessa marca maravilhosa e em em garantir uma transição suave”.
Novidades devem surgir em breve.