Por Jal Vieira
Reestruturar o mercado hegemônico, não só o publicitário. É exatamente o que a MOOC (Movimento Observador Criativo) se propõe a fazer, dentre as inúmeras formas de se repensar a criação.
Com um time de diretores criativos plurais, a MOOC, uma agência de criação e cultura criada em meados de 2015, realiza um trabalho para além da consultoria e desenvolvimento de campanhas. O grupo que atualmente é representado coletiva e individualmente pela MAP Brasil, traz um olhar criativo que reconfigura a indústria da publicidade e da criação a partir da perspectiva e atravessamentos de oito jovens multifacetados que imprimem, em cada um de seus trabalhos, a criação a partir da história e percepção de suas vivências. São eles: Catarina Martins, Kevin David, Levis Novaes, Louis Rodrigues, Lídia Thays, Suyane Ynaya, Raphael Fidelis e Vinicius Valério Tex.
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“A MOOC vem reconfigurando o mercado agora projetando as mudanças que precisam acontecer. Quando falamos sobre impacto cultural, trazemos a transformação causada pelo efeito de novos olhares antes contados somente por uma perspectiva centralizada e limitada”, explica Levis Novaes.
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O trabalho realizado pela MOOC que agora é parte da FLAGCX – maior grupo independente de serviços de comunicação da América Latina – é pensar e idealizar propostas criativas a partir da perspectiva decolonial. Desenvolvendo campanhas de artigos de luxo, por exemplo, por meio do atravessamento de um corpo não hegemônico que constrói sua própria narrativa e perpetua sua própria voz: “Estar na FLAGCX, hoje, principalmente nesse momento em que a gente tem vivido de Brasil, é meio que utilizar da matrix mesmo. Rackear a matriz do lado de dentro para poder criar novos dados, novas formas de comunicação, exportar novas informações, dar liberdade de transcender informação e criar novas perspectivas. A FLAGCX, nesse lugar, tem sido um holofote para que as nossas criações se tornem cada vez mais potentes”, conta Vinni Tex.
Com isso, a MOOC tem sido fundamental para a decolonização de olhares e da indústria criativa como um todo. Causando um impacto decisivo a partir da promoção de debates e questionamentos estéticos que circundam o mercado da criação.
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“Esse momento significa só uma parcela do resultado de onde estamos chegando. Temos sede e agora estamos munidos. Por muito tempo a escassez de ferramentas foi o que puxou a gente pra trás e agora assumindo o corpo de uma agência e dentro da FLAGCX, nos sentimos ainda mais potentes para colaborar com a transformação da nossa comunidade e da indústria criativa” Kevin David.
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Observar, traduzir, criar e comunicar são os pilares trazidos pela agência e que, a partir disso, rompem com modelos tradicionais do mercado criativo ao executarem soluções que reestruturam a maneira de pensar essa indústria. Pensando exatamente no agora e no que estamos fazendo com ele para desenhar futuros possíveis.
A partir desse raciocínio, se pauta um dos debates propostos pelo grupo: o Afro Presentismo. Diferente do Afrofuturismo, o Afro Presentismo se pauta no aqui e no agora. Ou seja, o que temos realizado nesse momento como um movimento de reconfiguração de estruturas enraizadas em pensamentos engessados. Alinhando a isso elementos históricos da cultura negra a partir de um olhar pós-colonial, visando questionar essas estruturas que ainda alimentam os não-acessos de pessoas pretas a esse modelo social.
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“Eu vejo como um condutor de novas águas. O mercado e o mundo sabem que não tem mais como voltar atrás nem manter, e mãos como as nossas vem pra moldar e assinar toda construção plural e pertencente que o mundo precisa pra continuar existindo minimamente. Hora de curar feridas, porque a intenção de vida de quem vive pela justiça só envolve projetos de coragem” Lídia Thays.
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De maneira fundamental e decisiva, o que a MOOC vem fazendo significa uma mudança latente e permanente em uma estrutura ainda antiquada, mas que vem sendo deixada para traz com o trabalho desses oito jovens que, a partir do presente, estão mudando nossas possibilidades e colaborando para um futuro que passe a enxergar e respeitar nossas vivências. E que, ao olhar para uma campanha publicitária, por exemplo, possamos ver nossos corpos não estando ali representados apenas na condição de serventes ou de maneira vulnerável, mas, sim, em posição decisiva na reconstrução de uma nova narrativa com corpos pretes num lugar de poder e vitória.
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ficha técnica da segunda foto:
Direção Criativa: MOOC
Fotografia: Caroline Lima
Stylist: Jessica Kelly
Make e Hair: Artur Figueiredo
Assistentes de Moda: Jhon Nascimento e Larissa Oliveira e Fernando Ferreira
Assistentes de Make e Hair: Moisés Costa e Mayara Aleixo
Cenografia: Galpão 8
Set Design: Thiago Pereira, Fe Tadeu e Vinnitex
Produção Executiva: Enzo Amendola
Assistente de Fotografia: Adrian Ikematsu e Rodrigo Beraldo