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    “Expor-se é um exercício muito difícil”, diz criadora do “Le Blog de Betty”
    “Expor-se é um exercício muito difícil”, diz criadora do “Le Blog de Betty”
    POR Redação

    Betty Autier após o desfile da Colcci, que aconteceu durante a 35ª edição do SPFW ©Ricardo Toscani/FFW

    Betty Autier já realizou parcerias com a Dior e a Lancaster, foi embaixadora virtual da Chanel e é presença frequente nos desfiles da Louis Vuitton e da Gucci. Seu blog, chamado despretensiosamente “Le Blog de Betty”, foi criado em 2007 apenas para abrigar as fotografias do portfólio de atriz, ou melhor, comediante, segundo ela nos contou em entrevista nos bastidores da 35ª edição do SPFW, onde esteve por dois dias com o noivo, Mathieu Lebreton, para assistir aos desfiles da Neon,  Triton, Juliana Jabour e Osklen.

    Muito bonita e educada, Betty exala aquele típico “je ne sais quoi” parisiense e, apesar da inegável simpatia, é também bastante tímida. Surpreendente foi descobrir que, mesmo seu blog estando disponível em quatro idiomas, ela pouco fala além do francês: “É minha mãe que traduz os meus textos para o inglês”, revelou.

    Em mais de 20 minutos de conversa quase que esquizofrênica, já que a entrevista abaixo correu ora em inglês, ora em francês, Betty contou detalhes sobre sua vida pré e pós-blog e sobre como lida com a exposição na internet, com os anunciantes e com os leitores, além compartilhar um pouco sobre a experiência de vir pela segunda vez ao Brasil.

    Como você começou o blog?

    Comecei em 2007. Antes disto, eu passava bastante tempo na internet e compartilhava minhas fotos no Flickr. Eu era comediante, aliás, eu tentava ser comediante. Estava em uma agência de comediantes, fazia muitos castings e por isso compartilhava minhas fotografias e um dia tive vontade de criar um espaço pessoal e aí, por acaso, criei o meu blog.

    Betty Autier após o desfile de Outono/Inverno 2013/14 da Dior, em Paris ©Reprodução

    Então você era atriz?

    Não, eu sou uma péssima atriz! Não sou conhecida pelo meu talento extraordinário como atriz, mas fiz o Cours Florent, em Paris, e também muitos castings para propaganda e cinema. Era muito difícil e, no começo, o blog era um lugar para me expressar e onde eu podia colocar imagens de moda e beleza que fazia justamente para meu portfólio de comediante. Mas o blog acabou indo bem muito rápido e eu deixei a comédia.

    À parte o curso de comédia, o que mais você fazia?

    Antes do curso eu estava cursando História e Geografia na universidade, mas deixei porque não era o meu mundo.

    Quando você percebeu que poderia viver do blog?

    Depois de alguns meses uma empresa me propôs colocar um anúncio no meu blog. Como eu tinha bastante audiência, comecei a ganhar dinheiro bem rápido com banners e propagandas na barra lateral; isso foi antes do início de 2008.

    No começo, só escrevia em francês e eram apenas anúncios franceses, mas tinha já uma audiência internacional porque sempre dividia o conteúdo em sites estrangeiros, como o Flickr. Então passei a traduzir o blog em inglês porque muitos leitores comentavam dizendo que sentiam muito por não compreender o que eu escrevia. Da mesma forma foi com a tradução para o português, eu tinha muitos leitores brasileiros que não entendiam, mas que diziam adorar o blog, que também é traduzido em espanhol e italiano.

    Betty Autier em setembro de 2009, quando foi anunciada “embaixadora virtual” da bolsa Coco Cocoon, da Chanel ©Reprodução

    O que você descobriu em você mesma através do blog?

    Expor-se para o mundo inteiro é um exercício muito difícil. É muito estranho receber elogios e críticas e é realmente preciso aprender a manter o autocontrole e a tranquilidade, e aceitar o retorno das pessoas; é uma boa noção da atitude zen, [chamada em francês de “zenitude”].

    As pessoas falam muito fácil na internet, se soltam bastante, às vezes nos deparamos com gente ruim e é preciso aprender a ser forte, e aprendi.

    Recebe muitos comentários negativos?

    Não, mas um comentário negativo chama mais atenção que mil mensagens positivas. E depois, elas fazem mal; felizmente, no entanto, não recebo muitos. Quando recebo, faz mal, mas é preciso não prestar atenção.

    Você já pensou em fechar os comentários?

    Não, eu preciso dos comentários e acho que minhas leitoras também, mesmo que seja para dizer uma palavrinha, é uma maneira de dizer “eu estou aqui”.

    Betty Autier  e Mathieu Lebreton após o desfile da Neon, durante a 35ª edição do SPFW ©Felipe Abe/FFW

    Por que você acha que o seu blog fez tanto sucesso?

    Há muitos fatores. Claro que existe o fato de eu ter iniciado o blog bem no começo, mas também acredito que evolui bastante com ele e sempre tive a vontade de fazer melhor, de viajar bastante e tirar fotografias bonitas. Com Mathieu [Lebreton], meu noivo, nós somos realmente motivados em fazer sempre o melhor; é muito difícil manter um blog a longo prazo porque é preciso se renovar, então acho que seja preciso propor coisas diferentes.

    Existe alguma preparação especial antes de fotografar para um post?

    Cada shooting é diferente. Quando estou no exterior viajando, as fotografias são menos preparadas porque é mais difícil mesmo fotografar. Quando estou em Paris, elas exigem mais tempo e são mais pensadas: eu escolho o lugar, me maquio bem, faço o cabelo e tiro as fotografias. Mas é isso, depende de onde estou.

    Betty Autier com a bolsa que criou em parceria com a Lancaster ©Reprodução

    Qual a maior preocupação que você tem com o blog e qual a sua relação com as marcas anunciantes?

    Acho que fazer fotografias bonitas e encontrar locações boas. Quando não posso fotografar fico um pouco estressada porque me deixa nervosa não postar todos os dias.

    Eu recebo muitas propostas, mas recuso várias porque há muita coisa ruim e pouco interessante. Escolho as marcas que me agradam, podem ser marcas de luxo, como a Chanel ou Dior, ou outras mais acessíveis, mas que uso, como a H&M e ASOS.

    Você ganha muitos presentes?

    Sim, recebo muitos. Se eu gosto, eu uso, mas se eu não gosto, nem comento. E eu adoro comprar as minhas próprias roupas, não peço às marcas que me enviem; eu adoro presentes, mas não quero nunca pedir. O mais importante é vestir coisas que me agradam e manter a minha integridade, que é a base de um blog.

    Betty Autier em ação promovida em parceria com a marca espanhola Loewe ©Reprodução

    Você sente que passou a consumir mais depois que criou o blog?

    Sim! O blog me faz comprar muitas roupas e sapatos, mas, ao mesmo tempo, isso está ligado à progressão dele: quando mais roupas boas e quanto mais eu viajo, mais interessante o meu blog é. Mas eu tenho consciência que não posso usar apenas marcas de luxo, então mesmo que eu compre mais que a maioria das pessoas, eu coloco muitas marcas acessíveis no meu blog e espero que as leitoras compreendam que elas não precisam consumir como eu para ter um bom estilo ou estar na moda.

    Fora as tradutoras, você tem alguém que te ajude no blog?

    Tenho o Mathieu, ele pode falar no que me ajuda. [Risos]

    Mathieu [Lebreton]: Eu tento ajudar a Betty a ser mais organizada porque ela realmente recebe muitas propostas de parcerias de marcas, e ela não tem muito tempo de ler e responder tudo. E acho que é melhor quando alguém cuida desse lado mais comercial, então, como sou noivo dela e a conheço muito bem, sei o que ela aceita e o que ela não aceita fazer.

    Betty Autier no Jardim Botânico, no Rio de Janeiro ©Reprodução

    É a sua segunda vez no Brasil, não? O que você já conhece?

    Eu vim com o Mathieu no mesmo período do ano passado. Nós ficamos cinco dias e conhecemos São Paulo, que é muito surpreendente e viva, mas tinha um pouco de medo, porque me mandaram prestar atenção à segurança nas ruas, e fiquei surpresa com a ótima atmosfera. Queríamos ir ao Rio, o que fizemos agora. O Rio de Janeiro é lindo e caloroso e os brasileiros são ótimos.

    Quais marcas brasileiras você conhece e gosta?

    Gosto da Melissa, claro, e da Farm, Osklen e Maria Filó.

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