Hiroshi Fujiwara é um dos nomes mais importantes da moda japonesa. Tem seu dedo, por exemplo, o sucesso de marcas como BAPE (A Bathing Ape), de seu pupilo Nigo, e até a Undercover, de Jun Takashi, com quem teve a extinta marca de streetwear AFFA (Anarchy Forever Forever Anarchy).
Não à toa, ele é conhecido como o “poderoso chefão” do streetwear japonês. A predileção pelo estilo de rua veio na década de 1980, quando foi para Nova York e descobriu o hip-hop, algo que se tornou uma de suas maiores paixões. Durante sua estadia na cidade, fez amigos como Keith Haring e Jean-Michel Basquiat.
Quando voltou para Tóquio, quis compartilhar sua descoberta americana com os conterrâneos, por isso levou na bagagem uma coleção de vinis de hip-hop. Começou a discotecar nos clubs da cidade e logo se tornou um dos mais famosos DJs da cena noturna japonesa.
Fujiwara se apaixonou pelo hip-hop não somente enquanto gênero musical, mas também por toda a linguagem de estilo oriunda desse movimento, que surgiu nas ruas de South Bronx na década de 1970, à época um dos bairros mais pobres de NY – essa mesma linguagem que, de certa forma, vem se consolidando cada vez mais no high fashion e tem sido resgatada em produções audiovisuais como os documentários Rubble Kings e Fresh Dressed, e as séries The Get Down e Hip-Hop Evolution (todos disponíveis no Netflix); essa última, aliás, inspirou o Inverno 18 de Marc Jacobs.
Então Hiroshi transportou todo esse universo das pick ups para a moda e compôs o background da Fragment Design, marca de streetwear que fundou na década de 1990 e que lhe trouxe a alcunha de “poderoso chefão” da cena local. Com a grife, já fez parcerias com marcas de peso do ocidente, como Levi’s, Converse, Kangol e Nike, a gigante esportiva de onde também se tornou um dos top designers e, desde 2002, assina a linha HTM junto com o CEO da marca, Mark Frost, e o VP de Inovação e Design, Tinker Hatfield.
Agora, a mais nova colaboração da Fragment Design é com a Louis Vuitton, feita a convite de Kim Jones, diretor artístico da linha masculina e também admirador confesso de Hiroshi: “Ele é um influenciador no real sentido da palavra, um verdadeiro ícone para mim”, confessa. Amigos de longa data, ambos já haviam feito uma parceira anteriormente com uma coleção de bolsas exclusiva ao mercado japonês, porém surgiu a vontade de dar um passo adiante. “Então começamos a conversar sobre trabalhar numa coleção completa, com roupas, sapatos e acessórios (que inclui mochilas, bolsas, carteiras, lenços, boinas, relógios, capas para iPhone e iPad e chaveiros)”, entrega Fujiwara.
A coleção foi inspirada no Ivy League, grupo formado por oito das universidades mais prestigiadas dos Estados Unidos, levando o foco ao clássico estilo preppy americano dos anos 1980, meio arrumadinho e esportivo, brincando com o estilo college com um twist japonês. O título da coleção, Louis V and the Fragments, surgiu a partir da brincadeira em que eles imaginaram uma banda de rock com esse mesmo nome, e a coleção serviria como os looks e merchandise da turnê. “Com essa colaboração, eu queria fazer algo bastante inesperado, talvez algo mais jovem do que fazemos”, diz Jones no release. “Hiroshi tem essa compreensão dos detalhes, que vem da cultura japonesa – ele simplesmente sabe tudo”.
Com preços que variam de US$ 300 a US$ 3.600, Louis V and the Fragments está disponível apenas em lojas pop-up em Nova York, Londres, Paris, Tóquio e Cingapura.
Veja a coleção completa: