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    Fashion Revolution: saiba qual é o nível de transparência de 30 grandes marcas brasileiras
    Fashion Revolution: saiba qual é o nível de transparência de 30 grandes marcas brasileiras
    POR Camila Yahn
    https://issuu.com/fashionrevolution/docs/fr_indicedetranparenciadamodabrasil_2019

    O Fashion Revolution apresentou ontem a segunda edição do Índice de Transparência da Moda voltado para o mercado brasileiro. Devido a sua importância como um dos principais polos têxteis do mundo, o Brasil é o primeiro país a ter um índice nacional e está servindo de exemplo para outros países – ano que vem o México lança sua própria versão.

    O evento aconteceu no teatro da Unibes Cultural e teve a presença de Sarah Ditty, diretora de política global do Fashion Revolution. Aqui no Brasil, o Índice está abrindo o diálogo do Fashion Revolution com o mercado do varejo e pudemos conhecer o nível de transparência de 30 grandes marcas.

    O índice é uma ferramenta de comparação que ajuda consumidores e outros interessados a entender melhor a quantidade de informações que as grandes marcas e varejistas estão divulgando em relação a lista de fornecedores, cadeia de produção, práticas sustentáveis, políticas de equalidade e diversidade d gênero, entre outros. E obviamente, ser transparente não se trata apenas de compartilhar as boas histórias, “mas abordar, sobretudo, o cenário completo de maneira que permita uma verificação mais minuciosa que ajude a impulsionar melhorias mais rápidas ao longo das cadeias de valor”, diz o dossiê elaborado por Eloisa Artuso, diretora educacional do Fashion Revolution Brasil.

    E por que ser transparente? Porque a falta de transparência pode custar vidas, como já vimos em alguns casos. Eloisa lembra que “logo após o desastre do Rana Plaza, ficou muito claro que a indústria da moda precisava de mudanças urgentes e transformadoras. Em alguns casos, levou semanas para que algumas marcas e varejistas pudessem explicar como suas etiquetas haviam sido encontradas entre as ruínas e que tipo de contrato de compra elas tinham com aqueles fornecedores. Muitas marcas que estavam sendo fornecidas pelas confecções dentro do Rana Plaza não sabiam que suas peças estavam sendo produzidas lá”.

    Foto: Reprodução

    Foto: Reprodução

    O fato da maioria das empresas não possuir fábrica própria dificulta esse monitoramento, já que muitas vezes elas trabalham com diversos fornecedores e oficinas espalhados pelo Brasil. Porém não saber quem está produzindo suas roupas e em quais condições é, no mínimo, uma falta de responsabilidade e uma maneira injusta de lucrar, através da exploração do trabalho do outro.

    Sabemos que uma mudança interna na estrutura e operação não é nada fácil para as empresas dentro do nosso sistema econômico. Como disse Aron Belinky, especialista em sustentabilidade e responsabilidade social e um dos parceiros do projeto, “é um desafio para as empresas expor sua cadeia e é doloroso colocar o dedo em pontos sensíveis”. Porém, um desafio necessário e urgente que, mais cedo ou mais tarde, vai chegar a todos.

    Mas a transparência não está só conectada ao trabalho escravo contemporâneo ou a questões ambientais. O Fashion Revolution desenvolveu uma metodologia que classifica as empresas de acordo com a divulgação pública de suas informações onde cinco temas são analisados minuciosamente: políticas e compromissos; governança; rastreabilidade da cadeia de fornecimento; avaliação e remediação de assuntos ligados à cadeia de fornecimento; e tópicos em destaque, que cobrem assuntos urgentes como igualdade de gênero, trabalho decente, produção e consumo sustentáveis e ações contra a crise climática.

    Assim, o instituto no Brasil selecionou e convidou 30 marcas para responderem um questionário com mais de 200 perguntas. Das 30, 50% respondeu o questionário; 20% declinou participar dos encontros e 30% nem respondeu. Apesar de esta ser apenas a segunda edição do índice no país – e a tendência é que cada vez mais marcas passem a  aderir, seguindo o movimento do global, que conta com 200 varejistas participantes –  30% é um número alto e que, convenhamos, funciona com um péssimo marketing para uma empresa.

    Foto: Reprodução

    Foto: Reprodução

    As 30 grifes convidadas são: Animale, Arezzo, Brooksfield, Carmen Steffens, C&A, Cia. Marítima, Colcci, Colombo, Decathlon, Dumond, Ellus, Farm, Havaianas, Hering, John John, Le Lis Blanc Deux, Leader, Lojas Avenida, Malwee, Marisa, Melissa, Moleca, Olympikus, Osklen, Pernambucanas, Renner, Riachuelo, TNG, Torra e Zara.

    Apenas uma marca conseguiu pontuação acima de 60% e é a C&A. Em seguida, as cinco melhores pontuações pertencem a Malwee (55%), Renner (52%), Osklen (49%), Havaianas (47%) e Zara (44%). A maioria pontuou entre 0 e 10%.

    O Índice pode ser baixado direto do site do Fashion Revolution e lido na íntegra. Lá há um explicação completa sobre o funcionamento da metodologia junto a informações valiosas e uma análise profunda que mostram um retrato de onde estamos, quais os gaps existentes entre o que está sendo falado e o que está sendo feito na prática e onde o mercado precisa melhorar. Muitas vezes, a marca publica suas políticas para sua rede de fornecedores, mas não comunica aos funcionários, como podemos ver no quadro abaixo.

    Foto: Reprodução

    Foto: Reprodução

    Vale ressaltar a extrema importância desta ferramenta e também salientar que este não é um trabalho que joga contra a indústria da moda ao revelar as empresas que, aparentemente, não estão exercendo transparência em suas operações. Ao contrário, o Índice deve ser visto como “o primeiro passo de uma jornada que leva a mudanças na prática”.

    Prova disso é a participação das maiores varejistas do Brasil e de marcas que, por mais que tenham pontuado pouco, ao menos mostram que estão dispostas a encarar sua realidade e a transforma-la. outro gesto que acena para um trabalho em conjunto foi a presença de Edmundo Lima, diretor da ABVTEX (Associação Brasileira do Varejo Têxtil), que fez a abertura ao lado de Fernanda Simon, diretora executiva do FR Brasil, ressaltando a importância da transparência e convidando as varejistas a se engajarem no movimento. “Cada um no seu tempo e com as suas possibilidades, é possível iniciar uma transformação”, disse.

    “Os resultados, apesar de relatar pouco engajamento das marcas que participam pela primeira vez, mostram um avanço das marcas que já estiveram na edição anterior. Esperamos que este projeto contribua com a transformação sistêmica do setor, impactando diretamente as pessoas que fazem nossas roupas e fomentando processos e relações mais éticas. Nós acreditamos fielmente na união de todos os atores para a construção deste cenário”, diz Fernanda.

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