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    Exclusivo: Patricia Carta fala sobre a chegada da “Harper’s Bazaar”
    Exclusivo: Patricia Carta fala sobre a chegada da “Harper’s Bazaar”
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    patricia-carta©Divulgação/Carta Editorial

    Apesar de as notícias que vêm de fora trazerem as piores previsões para os jornais e as revistas, o Brasil passa por um boom editorial. Fomos conversar com Patricia Carta, que recebeu o FFW em seu escritório (um clássico do mercado editorial) na avenida Brasil. Após o anúncio de que a “Vogue” nacional passaria a ser publicada pela Editora Globo, Patrícia logo se mexeu e fechou com outra bíblia da moda, a “Harper’s Bazaar”, que tem lançamento de sua primeira edição brasileira marcado para o segundo semestre. Sobre isso e muitas outras coisitas mais, ela conversa com a gente na entrevista que você pode ler a seguir.

    Você vai passar a publicar a “Harper´s Bazaar” no Brasil. Como está sendo esse processo de programar uma nova revista?

    Bom, esse é um título muito forte, uma revista centenária que está espalhada no mundo todo e que ainda não tinha aqui. A brasileira vai se beneficiar muito. O Brasil é o 27º país a ter uma “Bazaar”.

    Por que demorou tanto pra chegar?

    Pois é… Acho que eles estavam me esperando (risos). Eles tentaram duas vezes, uma no início dos 90 e outra no início dos 2000. Da segunda vez houve um grande movimento, com equipe quase fechada e aí houve algum problema e a coisa não andou. Essa é a terceira tentativa e agora vai! Nós também vamos lançar a “House Beautiful”.

    Quanto tempo vocês ficaram negociando?

    Foi rápido, na verdade. Assim que a Condé Nast saiu, a gente começou a negociar, então não foi demorado para uma negociação desse porte. Foi uma coincidência da nossa disponibilidade e do desejo deles de entrar no Brasil. Por isso que fluiu. Eles têm uma revista de luxo e nós a expertise de fazer produtos de luxo. Tudo casou rapidamente.

    Quando sai a primeira edição?

    Está programada para o final do segundo semestre.

    Você já tem uma equipe em mente?

    Tenho… Mas só em mente (risos)! É muito difícil montar uma equipe. Tenho ideias, tenho um pessoal mais ou menos engatilhado para logo poder colocar tudo em prática. Estou também montando um time para a “House Beautiful”. É uma época boa, de muitas descobertas, a gente acaba conhecendo pessoas novas, ficamos sabendo de um monte de coisas bacanas. É um momento também de lapidações, para a gente afinar e de fato colocar as pessoas certas no lugar certo. Não é nada fácil, mas é um desafio interessante.

    Quem vai ser a diretora de redação?

    Ainda não posso te falar.

    Depois de tantos anos com a mesma equipe fixa, como está sua pesquisa de profissionais para integrar os novos títulos da Carta Editorial?

    Acho que esse mercado cresceu muito e há muita gente de bom nível. Acho as pessoas bastante preparadas. É que uma revista com essa é tão segmentada, com pré-requisitos tão estabelecidos, que dificulta essa busca. Mas tenho encontrado bastante gente capacitada para esses cargos.

    O que você procura em uma pessoa que vai atuar em um cargo de responsabilidade?

    Sensibilidade, experiência, liderança, organização, rapidez, agilidade. E um bom olhar. Você tem que saber olhar com certo distanciamento. É importante você enxergar o que o trabalho tem de bom, o que pode valer a pena, mesmo que aquilo não seja do seu gosto. E às vezes nem tanto conhecimento na área, mas uma pré-disposição para aprender.

    Você vai agregar mais stylists na parte de moda da revista ou vai concentrar tudo em uma pessoa só?

    Eu tenho que trabalhar com algumas pessoas fixas e tinha pensado em deixar uma matéria por edição que possa não ter dono, sabe? Mas as outras acho que precisam ser assinadas para justamente criar essa identidade, senão aparecem muitas propostas diferentes. De modo geral eu acho que você tem que ter uma equipe única para criar essa identidade, senão fica uma coisa laboratorial onde tudo pode. O olhar das pessoas é muito particular. Agora, será que todos os olhares cabem? Fica muito complicado, então é importante concentrar a maior parte em uma pessoa.

    Quando você fala na profissionalização do mercado, você também enxerga da mesma forma o trabalho dos estilistas brasileiros?

    Eu sinto falta de novos estilistas que de fato tenham um peso, mas é um processo mais lento mesmo. Não sinto essa mudança tão radical no estilismo, mas essa temporada do Fashion Rio foi uma grata surpresa. Vi nomes novos, que para mim ao menos são novos, mas com qualidade muito maior.

    Quem, por exemplo?

    Andrea Marques, que não é de fato nova, mas está se aprimorando cada vez mais, tem um trabalho consistente, bem elaborado, com identidade. Têca também achei boa. E tem também a Maria Bonita Extra, que já está no mercado, mas que tem identidade própria. Você vai ao backstage deles no evento e sabe em que backstage você está só de olhar as roupas. No geral, senti uma melhora bastante grande, todos mais nivelados por alto, com um acabamento melhor e uma ideia mais construída.

    A “Bazaar” vai abrir espaço para essas marcas não muito famosas nos ensaios?

    Acho que sim. É um dos papeis de uma revista de moda: ajudar a alavancar o produto nacional, apontando o que vale a pena e o que é novo, em primeira mão. E é a maneira como aborda a questão que faz a diferença.

    Ao final da gestão da Carta Editorial, muitos fotógrafos que colaboravam com a “Vogue” diziam que a Condé Nast estava pegando pesado no controle das matérias, que até tinham que preencher questionários descrevendo o editorial.  Haverá esse controle na “Bazaar” também?

    Não, nós teremos liberdade. Eles confiam muito na equipe local e uma vez escolhidos o diretor de redação e o de arte, eles ficam tranquilos e passam a acompanhar a revista de longe, não tão rigorosamente. O que vai haver é uma integração e um alinhamento entre as equipes.

    Eles mandam uma planilha com coisas que devem ser implementadas?

    Sim, tem isso. A ideia não é que você reproduza a “Bazaar” original, mas que você tenha a liberdade em criar a revista com identidade, mas é claro que ao mesmo tempo você precisa reconhecê-la como uma “Bazaar”. É até mais difícil do que criar uma revista do nada. Essa precisa ter o frescor de uma publicação nova, uma identidade nacional e ao mesmo tempo ser reconhecida e seguir uma tradição. São caminhos contraditórios, é uma tarefa difícil, mas muito interessante. A graça e o desafio são esses. Mas com certeza os fotógrafos terão uma participação maior.

    Você lê alguma revista de moda nacional?

    Eu acompanho as revistas de moda daqui sim. Acho que as revistas de modo geral… Os profissionais estão com um nível melhor, mais avançado, progrediram. Enfim, existe revista de moda nesse país há muito tempo. A própria “Vogue” tem 36 anos de Brasil. Então evidentemente isso forma profissionais e tem um reflexo no resultado final das revistas. Acho que o nível é bom e que há bons profissionais de modo geral. Mas acho que muitas vezes falta no acabamento. É diferente você ver uma revista de hard news, em que pode ter opiniões, mas os fatos tem que ser muito claros. Numa revista de moda a interpretação e o olhar do profissional são determinantes. Então é difícil você ter uma afinidade total com o que vê. Tem coisas que me impressionam, que são bem feitas, mas eu também tenho uma opinião sobre aquilo, que me leva a uma reflexão e entra o “gosto ou não gosto”, enquanto que com outro tipo de revista isso não vem ao caso. O gosto pessoal é determinante. Então, assim, digamos que eu agora estou sem revista (risos) porque eu também tenho a minha opinião sobre as coisas e ela não está refletida em nenhum lugar no momento, embora eu respeite o olhar dos outros.

    O Brasil está vivendo um boom editorial com tantos títulos novos aparecendo?

    Com certeza. Existe um movimento muito grande e aqui ainda há uma conquista a ser feita de leitores bastante significativa. Não acho que as revistas acabarão em lugar nenhum, pois as pessoas precisam ter uma coisa física, que você segura, guarda, empilha, olha. O segmento de revistas está crescendo muito no país. A quantidade de customizadas é absurda. O que deve acontecer é uma limpada no mercado porque ele não é tão grande para estar presente em tantas revistas. Mas isso também força a qualidade a ser maior. Agora é um momento de expansão, mas isso vai acontecer inevitavelmente. Aqui no Brasil, especialmente, as editoras de fora enxergam como um grande campo. Elas estão de olho no Brasil e estão chegando. Vamos ver muito mais títulos ainda do que já temos. É um boom editorial inegável.

    Como você sentiu a mudança da “Vogue”, que passou 35 anos sob a gestão da Carta?

    Uma transição dessas é difícil. Seria leviano eu dizer que não, pois 35 anos é muito tempo, mas não tenho saudosismo, simplesmente é algo que faz parte da minha história. Eu estou muito satisfeita com o que esse trabalho me possibilitou, com tudo o que eu aprendi e as portas que me abriram. Eu fiz uma continuação de um trabalho familiar, passado de pai para filho. A revista tinha um savoir faire, um olhar nosso particular, dos Carta, uma maneira natural da gente, que era o nosso jeito de trabalhar. E acho que a revista agora está num Brasil muito mais globalizado, que tem outras demandas e tem que se ajustar a esse mundo. Estou feliz em poder ter o reconhecimento de ter feito um bom trabalho, ter novas oportunidades e a chance de agora reinventar a editora.

    Você começou com quantos anos?

    Eu entrei com 20 como assistente de produção de moda. Depois fui representante em Belo Horizonte e trabalhei com vendas. Também passei um tempo na “Casa Vogue”, voltei pra moda como editora, fui pra “Folha de S.Paulo” e fiquei lá como colaboradora por muitos anos. Aí voltei para cá como diretora de moda e então assumi a editora como um todo após a morte do meu irmão, em 2003.

    Você ficou chateada que sua equipe de confiança saiu junto com a “Vogue”?

    Eu fiquei com a equipe da “RG”, isso não sofreu nenhuma alteração, assim como a minha equipe de customizadas. Então são novos tempos e uma vida nova com um final muito feliz, que na verdade é um reinício. Estou muito satisfeita com essas novidades, com as revistas que estão chegando. E mesmo em relação à “RG”, de ter dado a ela uma atenção maior.

    Você parece muito reservada. As pessoas que trabalham com moda são sempre reconhecidas como festeiras e nós pouco te vemos

    Eu sou muito antagônica. Até preciso de um momento de ferveção, de me jogar, de badalar, desde que esteja garantido o meu canto bem fechado onde eu possa me recolher depois. Então eu tenho esses dois lados. Eu acho que até saio bastante (risos).

    Onde você vai?

    Gosto mais de ir à casa das pessoas do que ir a lugares públicos, não tenho mais tanta paciência. Talvez você tenha razão, sou mais reservada. Gosto de sair e me divertir, mas com pouca gente. Tenho esse lado discreto mesmo.

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