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    Empreendedorismo
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    POR Camila Yahn

    Natalie Klein e Pierre Moreau em palestra da Casa do Saber, em São Paulo ©Ricardo Toscani/FFW

    Na terça-feira (21.08), o advogado e sócio da Casa do Saber, Pierre Moreau, recebeu no auditório do shopping Cidade Jardim, em São Paulo, a proprietária da multimarcas de luxo NK Store, Natalie Klein, para “um bate papo informal sobre mercado de luxo”, nas palavras de Pierre.

    Formada em arquitetura pela FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado), Natalie sempre foi apaixonada por moda. “Eu me emociono vendo um desfile ou um editorial”, diz enquanto fala sobre o seu percurso profissional. Encantada com o dinamismo da moda, coisa que não acontecia com a arquitetura, Natalie abriu a sua loja em 1997, quando tinha 21 anos, em uma casa no bairro de Pinheiros em São Paulo, onde trabalhavam apenas 14 pessoas. Hoje com 260 funcionários, lojas em São Paulo e no Rio de Janeiro, uma fábrica própria e a Marc Jacobs no shopping Iguatemi, a empresária não tem dúvidas sobre a fórmula do seu sucesso. “Abri a NK porque queria uma coisa que fosse o meu projeto de vida e não um negócio para dar dinheiro, tanto que coloquei no nome da loja as minhas iniciais. E sempre me mantive fiel a esse projeto, à minha filosofia, a NK nasceu para ser discreta e reservada, que são características minhas também. E claro, a curadoria das peças que estão na loja também é muito importante, porque elas têm que ter essa mesma linguagem mais show-in, low profile, revela a uma plateia interessada. “Eu nunca trago a bolsa da moda ou algo em que eu não acredito. Um dos erros mais comuns do mercado é abrir demais o escopo e deixar o cliente decidir o seu negócio, porque aí você perde a sua identidade”, acrescenta.

    Natalie Klein ©Ricardo Toscani/FFW

    Além da curadoria meticulosa, Natalie ressalta a importância de ter uma marca nacional, o que no seu caso acontece em dobro, com a NK e a TalieNK. “É obrigatório ter uma marca nacional, principalmente porque temos temporadas diferentes do resto da Europa. O desafio no meu caso era fazer com que as minhas marcas tivessem a mesma qualidade que as grifes internacionais, porque em uma arara está a TalieNK e a NK e em outra está a Balmain e a Lanvin!”, diz.

    Oriunda de uma família ligada ao varejo – o seu pai, Michael Klein, é o presidente das Casas Bahia, empresa fundada por seu avô -, Natalie confessa que aprendeu a gostar das várias áreas do negócio e não só da parte mais artística. “Criar uma coleção e ficar distante da realidade já não existe. Já passou a fase da estilista artista, agora estamos na fase da estilista empresária. O papel aceita tudo, então criar é a parte gostosa, mas depois tem que saber resolver todos os outros problemas como o tecido que não chega ou que não serve para aquela peça”, confessa.

    Antes de revelar alguns dos seus aprendizados mais importantes – a maioria deles vindos de seu pai -, e de deixar alguns conselhos para quem queira seguir carreira em moda, Natalie falou sobre o mercado brasileiro e sobre o boom da internet no mercado de luxo. “O Brasil é um mercado promissor, mas não sei se tem público para tantas lojas. As grandes grifes internacionais que abrem loja aqui não estão visando o lucro, mas sim construir uma grande vitrine, porque a maior parte das vendas continuam acontecendo lá fora. O Brasil é um mercado muito específico e precisa de uma curadoria específica. Não dá para trazer para aqui o que está nas araras de Londres!”, acrescenta, falando principalmente de São Paulo, onde ocorrem mais de 70% das vendas do mercado de luxo. E comparou ainda com o mercado carioca, onde abriu uma filial da NK: “O Rio foi uma agradável surpresa, por ser um mercado novo, onde ainda temos pouca concorrência.”

    A NK Store em São Paulo ©Reprodução

    Sobre a crescente importância do e-commerce, Natalie reconhece que da internet “não dá para escapar”, em suas próprias palavras, mas que o mercado de luxo foi o mais cauteloso nesse aspecto: “Quando falamos em mercado de luxo, não falamos só de produtos, falamos também de todas as coisas que os envolvem e que os valorizam: o atendimento personalizado em que a atendente sabe o seu nome, os serviços de conserto, que a loja leva a peça em sua casa, enfim, um conjunto de coisas que na internet não existem. Os dados que temos é que o e-commerce funciona melhor onde existe loja física que as pessoas possam ir e ainda ter essa experiência de compra diferenciada”, acrescenta.

    Natalie termina o papo elogiando o seu pai, a quem ela chama de seu mestre, a sua equipe, e ainda deixa conselhos valiosos sobre abrir o seu próprio negócio: “Você tem que ser o filtro do seu negócio. Todo mundo um dia vai chegar com uma ideia, mas você é quem decide. Você é o único que sempre vai estar na sua empresa. A minha equipe está há 15 anos comigo, mas daqui a cinco anos pode não estar mais. Mas eu sei que eu vou estar, e quero que a empresa tenha a minha filosofia”.

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