Como era de se esperar, a atmosfera do desfile da Dior foi muito diferente do clima de uma apresentação normal da marca. Até antes do desfile começar ainda não sabia-se se haveria algum tipo de protesto, contra ou a favor de Galliano. Não houve. Também nada de grandes celebridades e de convidados se batendo para entrar. O clima era triste e, segundo relatou Cathy Horyn, do “NYT”, estava mais para enterro do que para um desfile. Anna Wintour e Emmanuelle Alt, da “Vogue” francesa, estavam presentes.
A marca viveu momentos de forte stress, com a demissão de Galliano e as especulações de quem irá ocupar o seu lugar. Antes de a apresentação começar, o CEO da Dior, Sidney Toledano, entrou e fez um breve discurso em francês: “Desde a sua inauguração, a Maison Christian Dior tem vivido uma história extraordinária e teve a honra de personificar a imagem da França e seus valores, no mundo todo. O que aconteceu semana passada foi terrível e tem sido profundamente doloroso ver o nome da Dior associado aos comentários atribuídos ao seu designer, por mais brilhante que ele seja. É particularmente doloroso que essas palavras vieram de uma pessoa tão admirada por seu talento criativo.” Toledano encerrou dizendo que “a Maison é feita de times e estúdios, de costureiras e artesãos, que trabalham dia após dia, sem nunca contar as horas, carregando os valores e a visão do senhor Dior”.
A modelo Karlie Kloss, que abriu o desfile
O desfile, que aconteceu nos jardins do Museu Rodin, não foi o mais brilhante que já se viu sob a direção de Galliano, mas mesmo distante, o estilista se fez presente no drama habitual, na sequência de quase 70 looks, com um megamix de inspirações. Peças joviais, curtinhas e femininas para a consumidora jovem da marca, uma beleza que remeteu às divas do cinema, muitas transparências, em especial nos looks inspirados na lingerie, mistura de cores e materiais. Teve de tudo e um equilíbrio entre o drama e o comercial. É uma coleção com potencial de atrair as jovens clientes da marca ou os fashionistas em busca de uma peça cult, que marca não só o fim de Galliano na Dior, mas também o início do fim de uma era.
Ao final, o público, já emocionado, foi arrebatado por um acontecimento inédito na história de uma grande maison. Cerca de 30 pessoas da equipe Dior entraram, de uniforme branco, e agradeceram. São as pessoas fundamentais, que como Toledano disse, não contam as horas e os esforços para manter a visão de Dior. Foram ovacionados. Talvez essa seja uma hora oportuna de a moda reavaliar alguns de seus valores.
Em tempo: o desfile de John Galliano, marcado para domingo, não vai acontecer. Uma apresentação simples da coleção será feita a alguns convidados.
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