Mary Katrantzou verão 2001 © firstVIEW
Diz que a estilista Mary Katrantzou queria fazer uma coleção inspirada nas mulheres incríveis das fotografias de Guy Bourdin e de Helmut Newton nos anos 70. Mas no fim, seu verão 2011 acabou sendo trabalhado através dos cenários em que essas mulheres eram retratadas.
Quartos de hotéis incríveis, salões luxuosos, sacadas suntuosas, não raramente com uma certa decadência clássica, ganharam vida em estampas hiperrealistas aplicadas sobre cada look apresentado na tarde do domingo (19/09) numa estação de trem em Londres.
São imagens, ou fragmentos de imagens, retiradas de antigas revistas de decoração como a “AD” e “The World of Interiors” e então ampliadas digitalmente e aplicadas com imensa precisão sobre os tecidos ora estruturados, ora fluídos.
É justamente esse jogo entre forma e estampa que torna tudo ainda mais impressionante. Um em função do outro, em perfeita harmonia. Com partes de cima quase sempre rígidas, as saias ganhavam drapeados delicados. Um trompe l’oeil tridimensional em alusão à reflexos de luz, espelhos d’água ou simplesmente a perspectiva das escadas.
Cortinas vinham em franjas coloridas, castiçais e lustres se transformavam em maxi acessórios de acrílico, quando não em saias _essas bem menos interessantes que as estampas decorativas. Tudo bem, não é nenhuma grande inovação, mas ainda é um bom respiro de cor e explosão criativa em tempos de moda minimalista. Principalmente quando se leva em conta a grande evolução que esta coleção é para Katrantzou, estilista há tempos tentando se livrar do estigma dos vestidos girlie pelo qual ficou conhecida.
Basso & Brooke verão 2011 © firstVIEW
Falando em estampas, a dupla Basso & Brooke há tempos se tornou mestre neste quesito. Para o verão 2011 optaram por um caminho mais calmo, em cores suaves, tonalidades pastéis e um clima levemente vintage. A estamparia dessa estação traz então desenhos de animais, paisagens aquareladas, flores e alguns textos manuscritos de Balzac e Tolstoi.
As roupas trazem também vêm mais contidas do que em coleções passadas. Na verdade, há um certo rigor clássico e quase geométrico permeando toda a apresentação Quase como um limite que interrompe estampas e gera recortes onde a pele se mostra presente. Interessante também o trabalho de tingimento empregado nas boas calças pregueadas.
Michael Van Der Ham verão 2011 © firstVIEW
E tudo bem que não é bem pela estamparia que Michael Van Der Ham é conhecido. O que lhe deu fama quando começou a desfilar pelo projeto Fashion East, foi seu apurado olho para combinações de cores e misturas de texturas.
Em seu primeiro desfile solo, Van Der Ham pode não ter trazido grandes novidades em termos de imagem _continua aquela impressionante colagem de tecidos nobres com outros mais simples, resultando numa imagem distinta e sofisticada ao mesmo tempo. Porém na parte técnica mostrou grande apuro artesanal. Texturas das mais intricadas, conversavam com outras mais rústicas, ou então tecidos extremamente finos e delicados vinham dividindo espaço com outros brutos.
De fato não reinventou a roda e deve der deixado muita gente com gostinho de “quero mais”. Porém, fez valer seu know-how e habilidade para uma plateia bem mais exigente do que antes. Resta agora só elaborar um pouco mais seu repertório imagético.