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    Em nova fase, Masp terá exposição de moda até o fim de 2015
    Em nova fase, Masp terá exposição de moda até o fim de 2015
    POR Redação
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    Peças que fazem parte do acervo de moda do Masp (veja detalhes de cada item na galeria) ©Divulgação

    Após 20 anos sob o comando de um mesmo grupo de pessoas, o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand, o Masp, está agora em um período de renovação. Pelo menos é isso que se espera da nova diretoria, que assumiu em setembro passado. O novo presidente, o empresário Heitor Martins, tem como missão reverter um quadro de estagnação do maior museu na América Latina e sanar dívidas na ordem de R$ 12 milhões. Para isso, é fundamental o trabalho de curadoria que será desempenhado por Adriano Pedrosa, novo diretor artístico.

    Se por um lado o Masp se volta neste momento ao passado, com uma retomada do projeto original de Lina Bo Bardi para o vão central — em especial com a volta dos cavaletes de vidro para expor obras —, por outro é necessário estar conectado com o presente e pensar no futuro, o que passa por encontrar formas de atrair mais público. Ao FFW, Pedrosa disse que uma das metas é tornar mais conhecido o acervo de moda. Por isso, já para este ano, está prevista uma exposição com parte da coleção do Masp, ainda sem data e local definidos. As peças que serão expostas fazem parte de um conjunto de 80 itens de um projeto desenvolvido pela Rhodia entre o fim dos anos 1960 e 70 com artistas plásticos e estilistas, mas o acervo de moda tem 159 peças. A mostra também deixa clara a intenção do museu em investir no acervo de moda — inclusive com aquisições. Depois dessa primeira exibição, devem acontecer outras mais contemporâneas e, para 2016, está prevista uma mostra focando no trabalho de estilistas.

    Confira abaixo a entrevista com Patricia Carta, publisher da “Harper’s Bazaar” e que em janeiro assumiu como curadora do acervo de moda do Masp — Pedrosa escalou uma equipe de curadores-adjuntos para algumas áreas.

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    Patricia Carta ©Divulgação

    Há quanto tempo começou esse trabalho com o Masp?

    Esse trabalho começou em janeiro. Já estava negociado um pouco antes, mas eu pedi para começar em janeiro. É uma iniciativa do Adriano, que foi chamado como curador do Masp e criou essas subdivisões e esses curadores-adjuntos para tratar de assuntos determinados — moda é um deles.

    Essa experiência é muito nova para você?

    Como curadoria é nova. Curadoria de um museu é uma função totalmente nova, e eu acho muito bacana. Acho interessante para a cidade de São Paulo, que tem um museu importante como o Masp, que ele tenha a abrangência de todo o histórico que sempre trabalhou e já nos anos 1950 teve um envolvimento com moda. Depois nos anos 70 também. A Dior desfilou no Masp nos anos 50. E nos anos 70 teve esse trabalho com os artistas plásticos e com designers de moda que criaram essas peças únicas, que foram consideradas como peças de arte junto com a Rhodia. Então é um resgate de coisas que o museu já fazia e que parou de fazer. Então, para este primeiro ano, na moda vai ter justamente essa exposição das peças que já existem. E é uma coisa muito demorada porque, até deixa-las em ordem — faz 45 anos, eu acho, a última vez que foi exposto esse trabalho, essas roupas, essas peças — tem todo um processo de restauração para ser feito, tudo isso é demorado. E depois obviamente a gente vai partir para exibições mais contemporâneas, tentando resgatar e achando cortes diferentes para contar um pouco da moda no Brasil. É diferente o fato de você estar fazendo isso para um museu, mas é muito parecido com o que eu faço a minha carreira inteira, porque é um trabalho muito de edição, de olhar, de resgate do que de fato interessa dentro da moda, que é um assunto que eu conheço. Então, o trabalho em si é parecido para mim.

    Quais as maiores diferenças em relação ao seu trabalho?

    Acho que tem uma diferença muito grande porque eu tenho uma responsabilidade ali de contar um histórico de alguma maneira, mesmo que eu não precise fazer uma coisa cronológica. Então não é assim tão simples de resgatar uma coisa cronológica que comece nos anos 1950. Não é que antes não tivesse moda no país, mas mesmo não optando por um histórico cronológico, você tem uma responsabilidade de realmente passar uma essência, o que de fato interessou e marcou uma época, conseguir ter ali um olhar que inspire as pessoas, que leve informação para elas. O que também não é muito diferente da responsabilidade enquanto publisher de uma revista ou um site, você também tem esse compromisso com a informação, a relevância daquilo, o quão importante e tudo mais. Mas evidentemente com um peso muito diferente, porque a notícia passa rápido e na revista e no online você precisa preencher com muito mais dados, então você tem uma curadoria menos apurada do que você tem para colocar dentro do museu. E tem regras ali muito severas, que eu estou começando a me familiarizar com elas, de como o museu pensa, do que realmente vale a pena para o acervo deles, uma série de coisas que pra mim são todas novidades.

    Você já teve tempo de se inteirar, de ver o que tem no acervo?

    Não vi todas as peças ao vivo ainda, mas já fiz algumas visitas lá. De fato, elas vão ter que passar por restauros e é por isso que a exposição está programada para tão tarde. As peças já existem, mas é um processo demorado, pensar na montagem, e também na conservação de cada roupa, não são todas que estão em ótimo estado. Agora de fato começa um trabalho de restauração.

    Como é esse trabalho? Tem mão de obra no Brasil para fazer esse restauro?

    Pelo visto lá tem. Primeiro eles conservam dentro de caixas, sem dobradura nenhuma nas roupas, papeis de seda, as pessoas mexem com luva, enfim, é um cuidado superespecial, e elas estão muito bem guardadas. Agora, tem pessoas específicas, superpoucas, mas que o museu conhece e tem contato com elas para fazer esse tipo de serviço. Realmente é uma mão de obra bem escassa aqui no país, mas tem.

    Quais os destaques desse acervo de moda do Masp?

    São os vestidos que foram feitos alguns por artistas, outros por designers, com a Rhodia, em que eles desenvolveram tecidos, estampas. Era uma maneira que a Rhodia encontrou para mostrar novidades, nova tecnologia e possibilidades de estampas e de coisas do gênero. E teve essa ideia bem bonita de pegar alguns nomes importantes, como designers e artistas plásticos, e obviamente eles criaram ali estampas que têm a ver com o universo deles. Então você reconhece o trabalho do [Hércules] Barsoti, do [Alfredo] Volpi, para citar dois nomes, e você reconhece o Alceu Penna e tal, que não é um artista, mas que como designer fez uma coisa ali que tem a cara dele. Então, tinha um propósito por trás que era realmente da tecelagem em si.

    Foi uma ação pontual da Rhodia ou isso durou vários anos?

    Não, isso foi uma ação pontual.

    Essa exposição deste ano vai ser um recorte?

    Vai ser inteira. Na verdade, vai depender um pouco do estado, se vai dar para expor todos os vestidos, todas as peças. Mas a ideia é mostrar todos, agora acho que a gente vai trabalhar em cima disso para ter certeza de que é possível ou se elas estão muito precárias, ou se as que estão precárias a gente mostra de uma outra maneira, se dá para colocar dentro de caixas, ou coloca só os desenhos.

    Na exposição da Zuzu Angel [exposição “Ocupação Zuzu Angel”, que aconteceu no ano passado no Itaú Cultural, em São Paulo] havia muitos documentos, recortes de jornal, peças interligadas com a história. Como vocês imaginam trabalhar essa parte histórica?

    Eu acho que aqui é bem diferente. Acho que isso aí vai dar para fazer na segunda exposição, para 2016, quando a gente começa a falar dos estilistas brasileiros. O foco a gente ainda não definiu, mas vai ser um pouco mais contemporâneo, e aí sim você tem vídeos, vários registros daquilo, croquis, jornais, os desfiles todos em vídeo. Aqui não tem essa informação, a peça é a informação, então é outro tipo de exposição.

    A ideia de vocês a partir de 2016 então é focar em estilistas, em uma pessoa?

    Não de uma só, mas de grupos. Mas acho que é se concentrar em décadas.

    Sobre essa de 2016, tem alguma coisa que a gente possa falar, o período que vai ser?

    Não está ainda definido porque ainda não está superclaro qual a década que vai ser explorada. De qualquer maneira é um corte, ninguém vai começar lá de 1950 e trazer tudo e não vai ser uma timeline, vai ser um recorte mesmo especial de alguma coisa.

    Vocês já estão fazendo aquisições pensando nessa exposição?

    Não ainda porque, como estamos querendo ter a certeza de que década a gente vai trabalhar, não começamos as aquisições. Tendo isso claro e de uma maneira precisa, a gente começa a ir atrás das aquisições. Por enquanto a gente está um passo atrás, olhando um panorama geral, vendo que caminhos a gente pode seguir e qual seria o mais interessante depois desse.

    As aquisições vão estar sempre atreladas a uma exposição ou vocês vão sair a campo atrás do que tiver de interessante para o acervo?

    Acho que elas vão estar ligadas às exposições. Porque não é que você tenha um lugar tão gigantesco para ficar guardando essas peças tão grandes. Então eu acho que as aquisições vão ser feitas a partir do trabalho daquelas exposições que a gente vai realizar. Então sei lá, foram ao todo 50 peças do ano X, aí aquilo já tá lá, já pertence ao museu e assim por diante, porque se não você acaba ficando com uma mistureba de um monte de coisa que vai de uma década para outra que não tá fazendo sentido ali de como contar aquela história. Então é melhor ter uma história contada e aquela história está lá, tem o acervo daquela história.

    Vocês vão focar sempre em moda brasileira ou pensam em fazer exposições sobre moda internacional também?

    Pelo que eu entendi dos desejos do Adriano — e porque não adianta ficar pensando tão a longo prazo porque cada exposição é tão lento o processo, demora tanto tempo, e é tudo tão moroso, é uma coisa tão pensada — daqui a dez anos vai ver ele vai querer fazer internacional, mas agora a gente só tá pensando na de 2015 e na de 2016. Eu acho que o museu tem espaço sim, o museu não precisa pegar como acervo internacional, mas pode ser uma troca, uma coisa que venha para cá. Eu acho que faz todo o sentido, mas não acho que o Adriano esteja focado nisso agora.

    Temos visto muitas exposições de moda fora do Brasil que atraem muita gente e que transcendem o mundo da moda. Vocês têm essa preocupação de fazer mostras que atraiam um grande público?

    Sim, acho que a ideia dele é essa mesma. Inclusive acho que o nome que seria mais correto como curadora-adjunta seria curadora-adjunta do vestuário, e ele quis chamar de curadora-adjunta de moda pra quebrar esse estigma e ficar um pouco mais próximo do público, um nome mais sonoro, que as pessoas estão mais acostumadas, para não criar nenhum tipo de rejeição. As pessoas que vão ao museu acabam sendo as pessoas que têm interesse por aquele assunto que está lá. Quanto maior e mais diversificado o público, melhor. Se a gente conseguir atingir um número maior de pessoas, e não só os estudantes ou os especialistas em moda, acho que é exatamente isso que se quer. Acho que também ajuda a maneira de comunicar a exposição para as pessoas não se assustarem, não criarem um receio daquilo, acharem que não é para elas. A maneira de comunicar é superimportante para conseguir um público maior. Não só a maneira de comunicar, mas também a de expor, que seja algo que fascine as pessoas, que elas se sintam inseridas, e não excluídas daquilo, que aquilo faz parte da nossa história, não só de gente que entende de moda. São todos brasileiros que estão lá, que fizeram aquela roupa e é bacana, uma coisa que é nossa, do Brasil, e não só de gente que gosta de moda, então sem dúvida nenhuma o intuito é esse.

    Vocês têm preocupação com bilheteria?

    Não tenho a menor ideia. (Risos)

    Eu pergunto porque essas exposições de moda fora do Brasil têm ajudado a levar público novo para o museu. Esse fato de querer investir em exposição de moda talvez tenha alguma relação com isso.

    Se tem eu não tenho ideia. Mas eu acho que o principal interesse é resgatar o papel do museu, que ele teve e que ficou um pouco adormecido e que moda faz parte e que é um assunto que você vê em tantos museus. Hoje em dia, a quantidade de exposições em todo lugar que a gente vai, Nova York, Londres, a Europa inteira tem museu de moda, e isso realmente está atraindo. Porque as pessoas estão mais simpatizantes com a moda, que ganhou um número maior de pessoas interessadas no assunto. Eu acho que é muito mais esse resgate e mostrar que a gente também tem essa história e essa possibilidade do que qualquer outra coisa.

    + Clique na galeria para ver fotos de peças do acervo do Masp e como é feito o acondicionamento.

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