O mercado da moda está em profunda transformação e, o que por vezes pode deixar as empresas inseguras em relação a que direção seguir, é também um momento em que é possível experimentar antes de fazer suas escolhas, porque há muitos caminhos e o sucesso de um pode não significar o sucesso do outro. Mas algumas experiências estão se comprovando muito eficientes – quando bem executadas – para engajar, gerar receita e criar experiências cada vez mais direta com os consumidores.
Aqui vão alguns exemplos do que já está dando certo e do que ainda vai dar.
Customização
Ter algo que ninguém mais tem é um desejo de muita gente na hora de comprar uma roupa. Cada vez mais lojas/marcas grandes estão oferecendo opções para que você customize a sua compra, de acordo com seu gosto ou necessidade. Por exemplo, a Levi’s oferece customização em camisetas, moletons, calças e jaquetas jeans. No moletom, você pode mudar a cor, posição da imagem e a imagem em si. E dá para fazer isso tanto em algumas lojas físicas e também pelo site. Nos EUA, apenas cinco peças estavam disponíveis para essa ação online, mas espera-se que este número aumente cada vez mais.
O Nike by You (antes chamado de NIKEiD) garante que o cliente customize seu sneaker completamente. Na operação, você ajusta seu peso e ainda pode escolher entre 31 partes personalizáveis diferentes, incluindo a base, sobreposição, forro, costura, sola, cor…
Na beleza, a Clinique acaba de lançar o iD™ Custom-Blend Hydrator, uma mistura personalizada que dá ao consumidor o poder de hidratar ao seu modo. Você diz qual é sua principal preocupação com a pele (irritação, poros e textura irregular, tom de pele irregular, fadiga, ou linhas e rugas) e pode escolher entre 15 fórmulas, além de escolher também a textura que melhor funciona para você (loção, gel ou creme).
lojas Pop-up
As lojas pop-up não são nenhuma novidade, mas vivendo um momento de pico, com marcas tradicionais como Louis Vuitton experimentando com o formato. Segundo a Storefront, empresa líder mundial em aluguel de espaço de varejo de curto prazo, o esquema pop-up gera cerca de US$ 80 bilhões por ano. O site da Storefront é tipo um Air BnB para o varejo temporário.
Essas experiências de compra normalmente chegam a ser mais especiais que as das lojas tradicionais, têm uma curadoria especial e é uma ótima maneira de, não apenas criar buzz e awareness, mas de interagir com os clientes pessoalmente e gerar novas receitas. O fato dela existir por tempo limitado também faz com que o consumidor fique mais empolgado em aparecer por lá, afinal, a moda vive de novidades.
Entregas no mesmo dia
As compras online estão sendo entregues com cada vez mais agilidade. Hoje, marcas aqui no Brasil, como a Amaro, consegue entregar no mesmo dia, enquanto outros e-commerces também estão diminuindo seus prazos e entregando em até um dia (nos EUA, 51% dos varejistas de comércio eletrônico já oferecem entrega no mesmo dia). Um estudo da PwC relata que 88% dos consumidores estão dispostos a pagar mais pela entrega no mesmo dia. Com um número alto desse, não é à toa que as empresas estão investindo nesse serviço. É uma resposta ao desejo das pessoas de terem gratificações instantâneas.
A Amazon está começando a entregar com drones. O Prime Air foi testado pela primeira vez em 2016 e tinha previsão de começar a ser usado no fim deste ano nos Estados Unidos. “Ele foi projetado para levar com segurança pacotes aos clientes em 30 minutos ou menos, usando veículos aéreos não tripulados”, explica a varejista. O drone também consegue desviar de objetos, algo essencial, diríamos, para esse tipo de serviço. Por enquanto ele pode levar um pacote de até 2.2 quilos.
E ainda tem os robôs que fazem entregas. Há muitos deles por aí : ) A empresa suíça TeleRetail tem um robô de entrega de três rodas, que usa visão computacional, GPS e sensores de alta tecnologia para navegar autonomamente. O site TechCrunch o descreveu como uma espécie do veículo espacial Mars que entrega roupa ou mantimentos.
A Marble, uma startup de São Francisco, tem trabalhado no desenvolvimento de robôs de entrega totalmente autônomos que podem andar no caos de uma calçada onde pedestres, animais de estimação e ciclistas se se misturam. As máquinas usam câmeras e mapas da cidade em 3D de alta resolução para navegar.
Social shopping
Como já contamos aqui, e-commerce e redes sociais estão se entrelaçando cada vez mais – a próxima mídia a aderir a anúncios e ferramenta de compras é o WhatsApp. Hoje, os consumidores são fortemente influenciados pelo que veem nas mídias sociais e poder comprar diretamente da plataforma social de escolha é o próximo passo lógico no comércio omnichannel.
O Google Shopping também tem evoluído suas funções de compra para tornar a experiência cada vez mais simples, fazendo tudo o que precisa, tendo acesso a milhares de marcas e produtos sem sair do Google.
E não podemos deixar de incluir aí o TikTok, o próximo gigante das redes sociais – ele é o que mais cresce atualmente. Nos EUA, foi o segundo aplicativo mais baixado no Google Play e na Apple Store em novembro e Brasil e India também são grandes fãs do app. Sua plataforma de negócios já funciona em mais de 20 mercados em todo o mundo. Entre os anunciantes que já investem no TikTok estão Guess, NBA e Washington Post.
Marcas de luxo já estão olhando para o TikTok e seus influenciadores. Recentemente, a Celine anunciou o novo rosto de sua mais recente campanha: Noen Eubanks, de 18 anos, estrela do aplicativo e conhecido por seus vídeos de sincronização labial. Com mais de sete milhões de seguidores na plataforma, ele se tornou um ídolo teen.
As empresas de análise de dados Business of Apps e Sensor Tower relatam que o TikTok foi baixado mais de um bilhão de vezes desde o seu lançamento há três anos e tem 500 milhões de usuários globais – 66% dos quais têm menos de 30 anos. Ou seja, independente de muitos videos famosos usarem um humor óbvio, o mercado é guiado por números. Portanto, aguarde para uma avalanche de novos influenciadores que vão surgir em 3, 2, 1…
E atenção ao Kwai, aplicativo rival da TikTok, que está abrindo um escritório em São Paulo. Ele possui uma base de sete milhões de usuários ativos diários no país e 200 milhões no mundo. “Queremos tornar o Brasil nosso principal mercado fora da China. É um país com uma população grande, interessada em redes sociais, em um mercado com muitas oportunidades ”, disse Yumi Wu, diretor de operações globais da Kwai ao Estado de S.Paulo.