Você já ouviu falar de Goblincore? A nova subcultura tem ganhado força através do TikTok, ao lado de tendências como o Fairycore, Earthcore e Pixiecore. A corrente estética gira em torno da valorização das conexões com a natureza, do caótico e do não-ordinário: seres mitológicos e fantásticos como fadas, goblins, elfos e duendes são centrais, além de elementos como rochas, pântanos, cogumelos e musgos.
Se você pensou em Shrek ou em produções como O Senhor dos Anéis você não está completamente errado. O Goblincore surge como uma evolução natural e fantástica do Cottagecore – tendência que foi febre no início da pandemia, em 2020 e dizia muito da valorização da vida no campo. O Goblincore leva isso a um outro patamar, adorando a natureza, suas energias e seus seres (reais ou não), por sua vez, essa estética também questiona o belo e traz elementos que não são necessariamente vistos como agradáveis ou estéticos pelos padrões da sociedade.
Essa subcultura vem como uma resposta à cultura capitalista e à crise climática, e busca um olhar mais centrado na natureza e na preservação, com uma forte veia escapista. Não é nenhuma coincidência que os jovens da Geração Z buscam refúgio no Goblincore e se expressam visualmente com cogumelos por um lado, enquanto Stella McCartney aponta os mesmos fungos como o futuro sustentável para a indústria da moda.
Apesar de ser uma subcultura que não furou a bolha para o mainstream, no TikTok, a #Goblincore tem mais de 799,3 milhões de visualizações e #Fairycore (tendência relacionada) conta com mais de 1,5 bilhões de visualizações, com especial força nos países do Leste Europeu. Algumas das representações mais conhecidas da estética são as longas orelhas pontudas, que hoje, podem ser facilmente encontradas em marketplaces não especializados como próteses e asas transparentes, similares às de fadas.
A tendência também foi muito fomentada pelos filtros digitais, de Instagram e Tiktok, que modificam os rostos e inserem longas orelhas e asas místicas na palma da mão e pelos jogos, que, com frequência apresentem seres de espécies humanóides. As comunidades de Goblincore em fóruns e redes sociais também têm se tornado um surpreendente refúgio para jovens LGBTQIA+, em especial não-binários, e autistas, afinal, gênero parece um conceito mundano demais para um ser místico.
MAS COMO ISSO SE TRADUZ NA MODA?
Enquanto as manifestações da estética são bastante extremas nas redes sociais, com os membros dessa comunidade agindo quase como em um jogo de RPG, a estética vem sendo diluída e aparece de forma mais natural e palatável aos poucos no mainstream. Basicamente, tudo que se assemelha a seres fantásticos e místicos como fadas e elfos pode ser uma derivação do Goblincore.
As principais cores são tons de verde, marrom e rosa, representando, respectivamente as plantas, a terra e o misticismo. Referências literais e lúdicas sobre cogumelos também são representações bastante vistas na moda, bem como a valorização de outros elementos da natureza, em um aspecto quase-hippie.
As últimas coleções da Acne, de Primavera-Verão 22 e Inverno 23 são ótimos exemplos de como a tendência tem sido traduzida pela moda nas passarelas. Ambas, buscavam inspiração na natureza, na terra (e na Terra) e no nomadismo contemporâneo, trazendo peças em sua maioria em tons terrosos, com ares vintage e carinha de brechó.