Cenário do desfile de Pre-Fall 2013 da Chanel, em um castelo escocês © Chanel/Divulgação
Os desfiles da Chanel são também conhecidos por sua grandiosidade. Locações e cenografias são escolhidos a dedo e executados com rigor.
Essa mesma operação acontece nos desfiles fora do circuito prêt-à-porter. Na terça (04.12), a marca apresentou sua mais recente coleção Metiers d’Art, Paris-Edimbourg, no cinematográfico Linlithgow Palace, castelo escocês que foi casa da família Stuart, onde Mary (também conhecida como Queen of Scots) nasceu em 1542. A Escócia tem uma história de aliança com a França (onde Mary foi educada), diferentemente da Inglaterra, o que custou à rainha um final trágico.
A Escócia também tem um papel na história da Chanel. Desde o início de sua carreira, Coco passou a usar tweed e lãs escocesas. Ela também se envolveu pessoalmente com dois britânicos, o jogador de pólo e capitão Arthur Boy Capel, e o Duque de Westminster, segundo conta o livro “Chanel: An Intimate Life”, de Lisa Chaney. “Ela pegou suas roupas, em especial os tweeds e os tricôs, e as reinterpretou”, diz Lisa.
Arthur Boy Capel e Gabrielle Chanel ©Reprodução
Capel foi quem financiou as primeiras lojas da Chanel e seus paletós influenciaram a moda da estilista (o filme “Coco Before Chanel” mostra bem essa fase). Apesar do grande amor que havia entre eles, Capel se casou com outra mulher, mas continuou se relacionando com Coco até sua morte precoce em um acidente de carro, em 1919.
Já Hugh Richard Arthur Grosvenor (1879 – 1953), o Duque, era um dos homens mais ricos do mundo na época. Conta a história que os dois se conheceram em uma festa em Monte Carlo e ele passou a seduzi-la com casas em bairros chiques em Londres e terras na Riviera Francesa. O relacionamento durou 10 anos, segundo o livro “Sleeping With the Enemy: Coco Chanel’s Secret War”. “Acho que o legado dela teria sido muito diferente não fosse o encontro com esses dois homens e as conexões escocesas que eles trouxeram para a sua vida”, diz Lisa em uma entrevista.
O Duque de Westminster e Coco Chanel em 1924 ©Reprodução
O que Lagerfeld fez foi trabalhar em cima de mais capítulos da vida de Chanel e atualizar elementos e referências importantes na história não só da marca, mas da própria estilista.
A apresentação Metiers d’Art serve como uma homenagem às casas adquiridas pela Chanel para que mostrem todo o seu expertise em suas respectivas áreas: a joalheria Desrues, a chapelaria Maison Michel, o expert em botas Massaro, a casa de rendas e bordados Maison Lesage, a casa de bordados Montex, o produtor de luvas finas Causse e a empresa de cashmere escocês Barrie Knitwear.
Após o desfile, os convidados caminharam pelo terreno, iluminado por tochas de fogo, até chegar no jantar em homenagem a Lagerfeld, que contou com a apresentação do cantor britânico Jake Bugg. Nas fotos abaixo, enviadas pela Chanel, vocês podem sentir o clima e embarcar em mais um conto de fadas, desta vez, cercado pelos mistérios que ainda habitam o palácio.
